O dia amanheceu com gosto de cerveja.
As mãos ainda estremecidas
Buscaram a mulher que não havia
Ocupado a minha cama.
A cabeça pesada pesa menos que a vida desarrumada
E a lembrança do seu perfume e da pele macia
Que marcam sua ausência
Recorrente desejo que em mim ainda arde
Abrindo buracos no meu peito.
Um homem que navega à deriva
Ao sabor do vento não pode escolher
O porto para atracar.
O navio que sou
Navega por precisão
(apesar da imprecisão dos rumos)
Com o sentido único de que
Depois do mar
Nada há
Senão os lenços brancos do adeus
E a terra negra que cobre o esqueleto
Da nau inútil,
Ou seja,
Não há bússola, ou roteiro,
Capaz de modificar este navegar solitário.
E me entrego à cama confortável
Ainda mais sozinho
Para buscar o sono passageiro
Antes do sono eterno.
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