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sábado, 31 de janeiro de 2015

Frank Sinatra - My Way

MY  WAY   ///    MEU JEITO




Meu Jeito

E agora o fim está próximo
E portanto encaro o desafio final
Meu amigo, direi claramente
Irei expor o meu caso do qual estou certo

Eu tenho vivido uma vida completa
Viajei por cada e todas as rodovias
E mais, muito mais que isso
Eu o fiz do meu jeito

Arrependimetos, eu tive alguns
Mas aí, novamente, pouquíssimos para mencionar
Eu fiz o que eu devia ter feito
E passei por tudo consciente, sem exceção

Eu planejei cada caminho do mapa
Cada passo, cuidadosamente, no correr do atalho
E mais, muito mais que isso
Eu o fiz do meu jeito

Sim, em certos momentos, tenho certeza que tu sabias
Que eu mordia mais do que eu podia mastigar
Todavia fora tudo apenas quando restavam dúvidas
Eu engolia e cuspia fora

Eu enfrentei a tudo e de pé firme continuei
E fiz tudo do meu jeito

Eu já amei, ri e chorei
Cometi minhas falhas, tive a minha parte nas derrotas
E agora conforme as lágrimas ficam para trás
Eu acho tudo tão divertido

E pensar que eu fiz tudo isto
E devo dizer, sem muita timidez
Ah, não, ah, não, não eu
Eu fiz tudo do meu jeito

E para que serve um homem, o que ele possui?
Senão ele mesmo, então ele não tem nada
Para dizer as coisas que ele sente de verdade
E não as palavras de alguém de joelhos

Os registros mostram, eu recebi as pancadas
E fiz tudo do meu jeito  







Pablo Neruda /// Nocturno...


Esta noite posso escrever os versos mais tristes.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros ao longe."
O vento nocturno rodopia no céu e canta.
Esta noite posso escrever os versos mais tristes.
Eu amei-a, e por vezes ela amou-me também.
Em noites como esta eu tive-a nos braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.
Ela amou-me, e por vezes eu a amei também.
Como podia não amar os seus grandes olhos fixos.
Esta noite posso escrever os versos mais tristes.
Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Que importa que o meu amor não a pudesse guardar.
Tantas estrelas no céu, e ela não está comigo.
É tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se conforma com tê-la perdido. 
Como para a aproximar o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, e ela não está comigo.
A mesma noite que embranquece as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é verdade, mas amei-a tanto.
A minha voz buscava o vento para tocar o seu ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A sua voz, o seu corpo claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é certo, mas talvez a ame
É tão breve o amor, e tão longo o olvido.
Porque em noites como esta a tive nos braços,
a minha alma não se conforma com tê-la perdido.
Ainda que seja esta a última dor que ela me causa,
e sejam estes os últimos versos que lhe escrevo.

Pablo Neruda 








quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Um poema de Antonio Gala ///// Y LA LUNA ERAS TU


 Y la luna eras tú.
Una luna creciente, blanca, fría.
Mirabas hacia el mar y hacia las cosas
que no eran yo.
Y con cuánto silencio te gritaba
-Creciente, blanco, frío yo también-:
"Mírame, mírame,
Ay, mírame mirarte..."


Antonio Gala


E a lua eras tu
E a lua eras tu
Uma lua crescente, branca, fria.
Olhavas até o mar, até as coisas
que não eram eu.
E com quanto silêncio te gritava
-crescente, branco, frio eu também-:
“Olha-me, olha-me,
aí, olha-me te olhar...”
 


Al Berto ///// Melancolia...


nenhum barco regressou antes ou depois do teu
a noite azedou o vinho adocicado dos deuses
sem que um suspiro estalasse
na penumbra azul dos dias que te evocam
é tarde
estou doente no milénio que finda
as grandes rotas da paixão aborrecem-me
outro corpo magoa o esquecimento do meu
tenho a saudade duma mão sobre o rosto
a melancolia dos olhos afogados
mas nunca pedi à morte um pano limpo
para vender ou polir o âmbar dos teus
resta-me este texto antigo deserto de asas
sobre a pele mordida pelas cinzas do voo
as horas como feridas de aguçados dentes
onde tremem alguns corpos que foram meus

Al Berto  


quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Pedro Tamen //// Antítese.....


Era o amor
que chegava e partia:
estarmos os dois
era um calor
que arrefecia
sem antes nem depois…
Era um segredo sem ninguém para ouvir:
eram enganos
e era um medo, a morte a rir
nos nossos verdes anos...
Teus olhos não eram paz,
não eram consolação.
O amor que o tempo traz
o tempo o leva na mão.
Foi o tempo que secou
a flor que ainda não era.
Como o Outono chegou
no lugar da Primavera!
No nosso sangue corria
um vento de sermos sós.
Nascia a noite e era dia,
e o dia acabava em nós…
O que em nós mal começava
não teve nome de vida:
era um beijo que se dava
numa boca já perdida.
 
Pedro Tamen 
 

 

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Eugénio de Andrade //// Procuro-te .......


Procuro a ternura súbita,
os olhos ou o sol por nascer
do tamanho do mundo,
o sangue que nenhuma espada viu,
o ar onde a respiração é doce,
um pássaro no bosque
com a forma de um grito de alegria.
Oh, a carícia da terra,
a juventude suspensa,
a fugidia voz da água entre o azul
do prado e de um corpo estendido.
Procuro-te: fruto ou nuvem ou música.
Chamo por ti, e o teu nome ilumina
as coisas mais simples:
o pão e a água,
a cama e a mesa,
os pequenos e dóceis animais,
onde também quero que chegue
o meu canto e a manhã de maio.
Um pássaro e um navio são a mesma coisa
quando te procuro de rosto cravado na luz.
Eu sei que há diferenças,
mas não quando se ama,
não quando apertamos contra o peito
uma flor ávida de orvalho.
Ter só dedos e dentes é muito triste:
dedos para amortalhar crianças,
dentes para roer a solidão,
enquanto o verão pinta de azul o céu
e o mar é devassado pelas estrelas.
Porém eu procuro-te.
Antes que a morte se aproxime, procuro-te.
Nas ruas, nos barcos, na cama,
com amor, com ódio, ao sol, à chuva,
de noite, de dia, triste, alegre — procuro-te.


Eugénio de Andrade, in "As Palavras Interditas"


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

de são reis

E em todas as coisas que vejo
nas coisas que toco e sinto
nas coisas perfeitas e nas imperfeitas
nas que doem e nas que fazem sorrir
nas que relembro e nas que tento esquecer
é a ti que eu vejo, meu amor,
como se me fosses luz e sombra
carne e sonho
alma e coração
dessa coisa a que chamamos de vida
e que levamos a vida a viver

são reis

Arte: Annick Bouvier 




Outro poema de Carlos Alberto Díaz López //// Erótico





Mis manos acariciaron todo tu cuerpo

y te hicieron vibrar con la magia del amor,

mis dedos coquetos y algo temblorosos

se deslizaron por cada poro de tu piel.

Tu aliento femenino y excitado

me llevó al borde de una demencia angelical

donde solo mil besos tuyos en mis labios

me condenaron a perderme en todo tu ser.
  

 Carlos Alberto Díaz López




Minhas mãos acariciaram todo o teu corpo

e te fizeram vibrar com a magia do amor,

meus dedos irriquietos e um pouco trêmulos
deslizaram por cada poro de tua pele.
Teu hálito feminino e excitado

me levou a bordo de uma loucura angelical

onde somente mil beijos teus nos meus lábios
me condenaram a me perder em todo o teu ser.   




Eugénio de Andrade /// Não canto porque sonho



Não canto porque sonho.
Canto porque és real.
Canto o teu olhar maduro,
O teu sorriso puro,
A tua graça animal.
Canto porque sou homem.
Se não cantasse seria
somente um bicho sadio
embriagado na alegria
da tua vinha sem vinha.
Canto porque o amor apetece.
Porque o feno amadurece
nos teus braços deslumbrados.
Porque o meu corpo estremece
Por vê-los nus e suados.


Eugénio de Andrade  

 


sábado, 24 de janeiro de 2015

Rui Amaral Mendes //// Sonho....


manhã bonançosa e primaveril
num tempo qualquer
espraio-me ociosamente sobre o leito
onde observo o corpo nu
que repousa placidamente junto ao meu
dormes
teus pés
âncoras de barco em porto de abrigo
anseiam um contacto epidérmico
assegurando um amor que se quer presente
nas minhas córneas reflecte-se
o dorso curvilíneo 
evocando a forma do glaciar consumido
no calor da miríade sensorial
em que nos perdemos e nos encontramos
rosto de menina carente em voluptuoso corpo
a beleza idiossincrática de todas as infâncias
convertida numa quas’infância
de todas as belezas do porvir
a luz que entra a esparsos pela janela
vem depor-se sobre suaves madeixas onduladas
repousando sobre tronco esguio
onde minha boca se perde em beijos que
me deixam o travo da tua pele
meus dedos percorrem levemente
os vales do teu corpo
eis que abres os olhos
que doces dizem: “vem!”
aninho-me em ti
deixando-me envolver pelo calor
que emana de teu corpo
nós dois entrelaçados
difícil descobrir limites de cada um
que importam limites físicos
na plenitude perene a que nos entregamos

Rui Amaral Mendes [pleroma] 



Luz de Luma //// SEM FREUD E SEM PROZAC


De calça lee e sandálias,
Ele nem sente o peso da barra.
Na mão direita leva dálias,
E na esquerda sua guitarra.
Vai ver a mulher que ele ama
Na cozinha,
Na sala,
Na cama.
Mas hoje ela não quer um "Romeu"
Quer falar de passeatas e riscos
De sonhos que a força venceu
Quer ouvir novos discos,
Curtir a vida e protesto.
Logo ele a deixa,
E ela não faz gestos
Nem sequer se queixa
Há um bar em frente
Ele toma aguardente
Paga deixa gorjeta
E vomita seu amor na sarjeta.

in Luz de Luma, yes party!  


sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Maria Teresa Horta //// Refúgio....


Abrigo-me de ti
de mim não sei
há dias em que fujo
e que me evado
há horas em que a raiva
não sequei
nem a inveja rasguei
ou a desfaço
Há dias em que nego
e outros onde nasço
há dias só de fogo
e outros tão rasgados
Aqueles onde habito
com tantos dias vagos

Maria Teresa Horta 
 


quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Herberto Helder //// Degraus....


Se houvesse degraus na terra e tivesse anéis o céu,
eu subiria os degraus e aos anéis me prenderia.
No céu podia tecer uma nuvem toda negra.
E que nevasse, e chovesse, e houvesse luz nas montanhas,
e à porta do meu amor o ouro se acumulasse.
Beijei uma boca vermelha e a minha boca tingiu-se,
levei um lenço à boca e o lenço fez-se vermelho.
Fui lavá-lo na ribeira e a água tornou-se rubra,
e a fímbria do mar, e o meio do mar,
e vermelhas se volveram as asas da águia
que desceu para beber,
e metade do sol e a lua inteira se tornaram vermelhas.
Maldito seja quem atirou uma maçã para o outro mundo.
Uma maçã, uma mantilha de ouro e uma espada de prata.
Correram os rapazes à procura da espada,
e as raparigas correram à procura da mantilha,
e correram, correram as crianças à procura da maçã.


Herberto Helder 


quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

António Ramos Rosa //// A Festa do Silêncio

 
 
Escuto na palavra a festa do silêncio.
Tudo está no seu sítio. As aparências apagaram-se.
As coisas vacilam tão próximas de si mesmas.
Concentram-se, dilatam-se as ondas silenciosas.
É o vazio ou o cimo? É um pomar de espuma.
Uma criança brinca nas dunas, o tempo acaricia,
o ar prolonga. A brancura é o caminho.
Surpresa e não surpresa: a simples respiração.
Relações, variações, nada mais. Nada se cria.
Vamos e vimos. Algo inunda, incendeia, recomeça.
Nada é inacessível no silêncio ou no poema.
É aqui a abóbada transparente, o vento principia.
No centro do dia há uma fonte de água clara.
Se digo árvore a árvore em mim respira.
Vivo na delícia nua da inocência aberta.


António Ramos  Rosa 


Foi um momento     O em que pousaste   Sobre o meu braço,   Num movimento   Mais de cansaço   Que pensamento,   A tua mão   E a retiraste.   Senti ou não ?     Não sei. Mas lembro   E sinto ainda   Qualquer memória   Fixa e corpórea   Onde pousaste   A mão que teve   Qualquer sentido   Incompreendido.   Mas tão de leve!...     Tudo isto é nada,   Mas numa estrada   Como é a vida   Há muita coisa Incompreendida...     Sei eu se quando   A tua mão   Senti pousando   ‘Sobre o meu braço,   E um pouco, um pouco,   No coração,   Não houve um ritmo   Novo no espaço?   Como se tu,   Sem o querer,   Em mim tocasses   Para dizer   Qualquer mistério,   Súbito e etéreo,   Que nem soubesses   Que tinha ser.     Assim a brisa   Nos ramos diz   Sem o saber   Uma imprecisa   Coisa feliz.     FERNANDO PESSOA    In Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).  - 197.

são reis

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E ainda assim eu procuro-te!
com a inocência e a avidez do primeiro dia
Procuro-te por todos os cantos
e em todos os lugares
Procuro-te até nos sorrisos
e nos esgares
alheios
Procuro-te pelas ruas
pelos campos
ao sol e a chuva
em dias cinzentos e tristes
em dias alegres e soalheiros
Procuro-te ainda e sempre
hoje e amanhã
e depois e depois
E muitos "depois" depois desses

são reis
20jan15 



Pablo Neruda ///// Pedido.....


Gosto dos teus silêncios porque estás como ausente
e me ouves de longe, e a minha voz não te toca.
Dir-se-ia que os olhos te fugiram
e que um beijo te fechou a boca.
Como todas as coisas estão cheias da minha alma
tu emerges das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces-te com a minha alma
e pareces-te com a palavra melancolia.
Gosto dos teus silêncios, quando estás como distante.
E é como se te queixasses, borboleta em arrulho.
E ouves-me de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o teu silêncio.
Deixa que te fale também com teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, silente e constelada.
O teu silêncio é de estrela, tão remoto e tão simples.
Gosto dos teus silêncios porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então basta, um sorriso.
E alegro-me, alegro-me por não ser verdade.

Pablo Neruda


Machado de Assis ///// Livros e flores


Teus olhos são meus livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?
Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?

Machado de Assis
Livros e flores


terça-feira, 20 de janeiro de 2015

de Luadiurna //// No fundo dos teus olhos

No fundo dos teus olhos
Anoiteço no fundo dos teus olhos
e na noite, sub-repticiamente
instala-se a cortina do silêncio
Emolduro o teu rosto
no cansaço dos dias baços
e procuro-te na luz maior
de todas as constelações e de todas as criações
no fundo dos teus olhos
é que as palavras se entrelaçam
em dedos de ternura e afagos consentidos
É no fundo dos teus olhos
que amanhecem os dias solares
clandestinos na alma da cidade
as gaivotas
invertem o sentido do vôo
o meu desejo
anoiteço no fundo dos teus olhos
e é no fundo dos teus olhos
que amanheço


de  Luadiurna

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segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Álvaro de Campos //// Cansaço


O que há em mim é sobretudo cansaço —
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimno, íssimo, íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa  



Nilson Barcelli ///// O que ainda não te disse



O que ainda não te disse
é um céu fechado de palavras
hibernadas pela distância,
atadas em cordéis de medo
e ensacadas como pulmões
asfixiados num corpo
que destila palavras que são tuas.
O que ainda não te disse
é um rio a transbordar
de palavras povoadas de ternura,
em estantes indecisas
ou espalhadas na cobardia
de lençóis que morrem
à míngua do teu perfume.
Mas digo-te,
agora que o posso fazer,
que não tenho palavras
que descrevam a ansiedade
em fugir das sombras
para me entregar à luz
das palavras que te precedem.

Poema: Nilson Barcelli © Novembro 2014  




sábado, 17 de janeiro de 2015

Wislawa Szymborska ///// Acasos...


Ambos estão convencidos
que os uniu uma paixão súbita.
É bela esta certeza,
mas a incerteza é mais bela ainda.
Julgam que por não se terem encontrado antes,
nada entre eles nunca ainda se passara.
E que diriam as ruas, as escadas, os corredores
onde se podem há muito ter cruzado?
Gostaria de lhes perguntar
se não se lembram -
talvez nas portas giratórias,
um dia, face a face?
algum “desculpe” num grande aperto de gente?
uma voz de que “é engano” ao telefone?
- mas sei o que respondem.
Não, não se lembram.
Muito os admiraria
saber que desde há muito
se divertia com eles o acaso.
Ainda não completamente preparado
para se transformar em destino para eles,
aproximou-os e afastou-os,
barrou-lhes o caminho
e, abafando as gargalhadas,
lá seguiu saltando ao lado deles.
Houve marcas, sinais,
que importa se ilegíveis.
Haverá talvez três anos
ou terça-feira passada,
certa folhinha esvoaçante
de um braço a outro braço.
Algo que se perdeu e encontrou?
Quem sabe se já uma bola
nos silvados da infância?
Punhos de poeta e campainhas
onde a seu tempo o toque
de uma mão tocou o outro toque.
As malas lado a lado no depósito.
Talvez acaso até um mesmo sonho
que logo o acordar desvaneceu.
Porque cada início
é só continuação,
e o livro das ocorrências
está sempre aberto ao meio.

Wislawa Szymborska 




sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Maria do Rosário Pedreira //// DEI-TE O MEU CORPO COMO QUEM ESTENDE UM MAPA ANTES DE VIAGEM


Dei-te o meu corpo como quem estende
um mapa antes de viagem, para que nele
descobrisses ilhas e paraísos e aí pousasses
os dedos devagar, como fazem as aves
quando encontram o Verão. Se me tivesses
tocado, ter-me-ia desmanchado nos teus braços
como uma escarpa pronta a desabar, ou
uma cidade do litoral a definhar nas ondas.
Mas afinal, foste tu que desenhaste mapas
nas minhas mãos - tristes geografias,
labirintos de razões improváveis, tão curtas
linhas que a minha vida não teve tempo
senão para pressentir-se. Por isso, guardo
dos teus gestos apenas conjecturas, sombras
muros e regressos - nem sequer feridas
ou ruínas. E , ainda assim, sem eu saber porquê,
as ondas ameaçam o lago dos meus olhos.


Maria do Rosário Pedreira  




quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Pablo Neruda //// Nocturno.....


Esta noite posso escrever os versos mais tristes.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros ao longe."
O vento nocturno rodopia no céu e canta.
Esta noite posso escrever os versos mais tristes.
Eu amei-a, e por vezes ela amou-me também.
Em noites como esta eu tive-a nos braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.
Ela amou-me, e por vezes eu a amei também.
Como podia não amar os seus grandes olhos fixos.
Esta noite posso escrever os versos mais tristes.
Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Que importa que o meu amor não a pudesse guardar.
Tantas estrelas no céu, e ela não está comigo.
É tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se conforma com tê-la perdido. 
Como para a aproximar o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, e ela não está comigo.
A mesma noite que embranquece as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é verdade, mas amei-a tanto.
A minha voz buscava o vento para tocar o seu ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A sua voz, o seu corpo claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é certo, mas talvez a ame
É tão breve o amor, e tão longo o olvido.
Porque em noites como esta a tive nos braços,
a minha alma não se conforma com tê-la perdido.
Ainda que seja esta a última dor que ela me causa,
e sejam estes os últimos versos que lhe escrevo.

Pablo Neruda   

 




quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

são reis

de São Reis(mas podia ser de mim)...bji

No início era assim!
Muitas eus dentro de mim
até que vieram as palavras
bravas
ungidas de mel e raiva
a escavarem buracos
a abrirem frestas
a delinearem arestas
onde tudo era vale

E depois mais tarde veio a percepção
de que tudo se move em redor do coração
e que nem sempre ele está preparado
para dar e receber
às vezes só ouve e sente
e bate ora alegre ora tristemente

Custou mas aprendi
a separar todos esses eus dentro de mim
Agora afogo-os em mar de utopias
e deixo as palavras à solta
bravias
como sempre as senti
porque só assim sei fazer poesia!


são reis





 

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Paula Mendonça ///// """ SAUDADE """

"Saudade"

Antes achava
que na saudade cabiam mil nomes
e mil coisas…
Hoje sei que a minha saudade
se escreve no masculino
e tem apenas o teu nome


PAULA MENDONÇA 



AGRADECIMENTO AOS PAISES QUE VISITAM ESTE BLOG :


PORTUGAL , BRASIL , UNTD STATES, EGYPT , ISRAEL , PARAGUAI,

AUSTRIA , CAPE VERDE , ANGOLA , MOÇAMBIQUE , UNTD KINGDOM .

YTALY , ARGENTINA , GERMANY , ICELAND , KOREA , URUGUAI,


FILIPINAS ,  entre outros.....






Florbela Espanca

Quando chegaste enfim , para te ver
Abriu-se a noite em mágico luar ;
E para o som de teus passos conhecer
Pôs-se o silêncio , em volta , a escutar ...
Chegaste enfim ! Milagre de endoidar !
Viu-se nessa hora o que não pode ser ;
Em plena noite , a noite iluminar
E as pedras do caminho florescer !
Beijando a areia de oiro dos desertos
Procurara-te em vão ! Braços abertos ,
Pés nus , olhos a rir , a boca em flor !
E há cem anos que eu era nova e linda !...
E a minha boca morta grita ainda ;
Porque chegaste tarde , ó meu Amor ?!...


Florbela Espanca 




segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Alberto Caeiro


O meu olhar é nítido como um girassol....

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo comigo
Que teria uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a grande novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo.

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...



Amar é a inocência,
E toda a inocência é não pensar...


Alberto Caeiro
(in Poesia dos Outros Eus; ed. Assírio & Alvim)


[O meu olhar é nítido como um girassol]    Alberto Caeiro    O meu olhar é nítido como um girassol.  Tenho o costume de andar pelas estradas  Olhando para a direita e para a esquerda,  E de vez em quando olhando para trás...  E o que vejo a cada momento  É aquilo que nunca antes eu tinha visto,  E eu sei dar por isso muito bem...  Sei ter o pasmo comigo  Que teria uma criança se, ao nascer,  Reparasse que nascera deveras...  Sinto-me nascido a cada momento  Para a grande novidade do Mundo...    Creio no mundo como num malmequer,  Porque o vejo. Mas não penso nele  Porque pensar é não compreender...  O mundo não se fez para pensarmos nele  (Pensar é estar doente dos olhos)  Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo.    Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...  Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,  Mas porque a amo, e amo-a por isso,  Porque quem ama nunca sabe o que ama  Nem sabe porque ama, nem o que é amar...    Amar é a inocência,  E toda a inocência é não pensar...    (in Poesia dos Outros Eus; ed. Assírio & Alvim)


 

domingo, 11 de janeiro de 2015

Pedro Sena - Lino //// Queria morrer contigo

queria morrer contigo
não queria morrer de ti

prendi o amor nos meus braços
mas uma chuva de areia negra
cospe o meu sangue onde o coração

queria morrer contigo
contra o corpo limite do dia
arder praias onde o tempo acabava
começar Deus onde era o fim
não queria morrer de ti

a noite toda tem a espessura da perda
a boca beija o batimento da terra
o medo abraça-me

e ainda é tão tarde para que morramos os dois

Pedro Sena-Lino  



são reis

Olho para o vazio
e sinto tudo!
Bem ao contrário
do que quando olho para tudo
e me sinto mais vazia
que uma árvore quando perde as suas folhas
Começo lentamente a perceber
a noção do espaço
do que gosto e do que faço
e das coisas simples que preciso
para ostentar esse sorriso
que me fica quando beijo a simplicidade
das coisas simples


são reis
11jan15 





sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Eugénio de Andrade //// Pedido....


De que lado viste chegar
o outono? Por que janela
o deixaste entrar? és tu quem
canta em surdina, ou a luz
espessa das suas folhas?
Em que rio te despes para sonhar?
É comigo que voltas
a ter quinze anos e corres
contra o vento até te perderes
na curva da estrada?
A quem dás a mão e confias
um segredo? Diz-me,
diz-me, para que possa habitar
um a um os meus dias.

Eugénio de Andrade  




quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

José Ángel Buesa ///// Canción del amor que pasa




 


Yo soy como un viajero que no duerme
 más de una vez en la misma casa.
 Dame un beso y olvídame. No intentes retenerme:
 Soy el amor que pasa...

Yo soy como una nube que da sombra un instante;
 soy una hoguera efímera que no deja una brasa.
 Yo soy el buen amor y el mal amante.
 Dime adiós y sonríeme: Soy el amor que pasa...

Soy el amor que olvida, pero que nunca miente,
 que muere sonriendo porque nace feliz.
 Yo paso como un ala,fugazmente;
 y, aunque se siembre un ala, nunca tendrá raíz.

No intentes retenerme: déjame que me vaya
 como el agua de un río, que no vuelve a pasar...
 Yo soy como una ola en una playa,
 pues las olas se acercan, pero vuelven al mar...

Soy el amor de amar, que nadie odia lo inerme,
 que se lleva el perfume, pero deja la flor...
 Dime adiós, y no intentes retenerme:
 Soy el amor que pasa... ¡pero soy el amor!



Canção do amor que passa
 


Me traz a fragrância e te deixo a rosa

H. de Regnier



Eu sou como um viajante que não dorme
mais de uma vez na mesma casa.
Dá-me um beijo e esqueça-me. Não tentes me reter:

sou o amor que passa.



Eu sou como uma nuvem que dá sombra um instante;

Sou uma fogueira efêmera que não deixa uma brasa.

Eu sou um bom amor e um mal amante.

Diz-me adeus e me sorri: sou o amor que passa.



Sou o amor que esquece, porém, nunca mente,

Que morre sorrindo porque nasceu feliz.

Eu passo como uma asa, fugazmente;

e ainda que se semeie uma asa, nunca terá raiz.
 


Não tentes me reter: deixa que me vá

Como a água de um rio que não volta a passar...

Eu sou como uma onda numa praia,

pois, as ondas beijam a terra, porém, voltam ao mar...
 


Sou o amor de amar, que ninguém odeia o inerme,

Que se leva o perfume, porém, deixa a flor...

Diz adeus, e não tentes me reter:

Sou o amor que passa...porém, sou o amor! 




quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Sônia Schmorantz ///// Hoje



Hoje sou este azul,
sou entardecer, silêncio e magia,
sou do mar a imensidão,
sou da brisa a serenidade,
sou perfume, sou pecado,
sou vida e paixão,
sou luz de luar beijando o mar...
Hoje sou esta natureza,
sou vento que desenha nuvens,
sou a noite e seus pássaros,
voando nas asas do vento...
Sou mulher cheirando a flor,
alguém a quem chamam de poeta,
mas sei que poetisa não sou,
sou mulher desta natureza,
meus versos são apenas sentimentos
que dançam nas ondas do mar...
sei que poetisa não sou,
sou mulher desta natureza,
meus versos são apenas sentimentos
que dançam nas ondas do mar...

Sônia Schmorantz 









terça-feira, 6 de janeiro de 2015

C.C. //// Invento-me....


porque o sorriso é a invenção da alma ......

Invento-me em cada sorriso,
Que desenho em palavras,
Invento-me no sonho,
Na indelével quimera,
Na néscia de mim mesma,
Invento cores quando me pinto,
Na tela azul e gasta da vida,
No sorriso amarelo do sol,
Mesmo tapado de cinza,
No algodão branco da nuvem,
Impregnando-se-me nas asas,
Invento a felicidade num momento,
A lágrima do caminho, do destino,
Torno meu mundo em Éden,
Inebriante e encantado jardim,
Inspiro o pólen das flores,
Sou pó na ampulheta do tempo,
Alada mariposa sempre colhendo,
Pétalas perfumadas e frutos sem fim,
Sou-me Inventora de histórias,
Maga onde encanto silêncios,
Unindo letras solitárias de medo,
Invento a minha verdade,
Invento-me em cada instante
E sou-me-te um sorriso de alma
[O sorriso é a invenção da alma…]

C.C.



De.  lisbon/ Lisbon

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces  Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.  No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida  E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.  Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.  Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados  Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada  Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.  Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.  Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.  Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.  Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.  Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.  E eu trouxe até mim a misteriosa essência de teu abandono desordenado.  Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.  Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.  E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas,  Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada. 

   Vinicius de Moraes  





Maria Teresa Horta ///// Desperta-me de noite

 

Desperta-me de noite
o teu desejo
na vaga dos teus dedos
com que vergas
o sono em que me deito
É rede a tua língua
em sua teia
é vício as palavras
com que falas
A trégua
a entrega
o disfarce
E lembras os meus ombros
docemente
na dobra do lençol que desfazes
Desperta-me de noite
com o teu corpo
tiras-me do sono
onde resvalo
E eu pouco a pouco
vou repelindo a noite
e tu dentro de mim
vai descobrindo vales.

Maria Teresa Horta  



segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Luadiurna ///// Poeminha....

acende-se a magia
na cintura dos meus olhos
na orla branca do mar
onde te procuro ao entardecer
nessa linha ténue
que o horizonte desenha
antes do anoitecer
acende-se a magia
na cintura da noite
num braçado de estrelas
perfumando os risos
acariciando os corpos
até ao amanhecer
acende-se a magia
na cintura das palavras
no doce engano que é
perseguir um sonho tecido
nas franjas da ilusão
tantas vezes adiado
e outras tantas consentido
acende-se a magia
na cintura dos teus olhos
emoldurando a noite e
 os sonhos e os risos e os corpos das estrelas


Luadiurna 




Sei que comprei
Alguns sapatos a mais
Que gastei, gastei demais,
Mas foi você quem me seduziu
Quem se iludiu, me iludiu
E acostumou mal assim.
E não posso dizer que não gostei
Se, o doce, agora, acabou
O dinheiro também
Não me importo, meu bem,
Se tiver pra viver
Num lugarzinho qualquer
Só de peixe e farinha
Você pode dizer
Perdi tudo que tinha,
Porém aquela mulher
Ainda é minha,
Só minha! 
 
 

ANTÓNIO CASTRO //// A ilha , eu e tu

e entonces......
 


Eu sou uma Ilha
 E tu também
 Porque ambos queremos ser felizes
 E as Ilhas aparecem sempre
 Milagrosamente
 Depois do nada!

Eu sou Ilha e tu és Ilha
 Porque ambos temos definitivamente
 Uma História
 Feita de incompreensões e vontade
 Segredos e silêncios
 Amores adormecidos
 Com a força do vulcão
 E a verdade dos sorrisos ganhos
 Na pureza das levadas!

És Ilha e eu sou Ilha
 Graças à força de uma fajã inventada
 Só para sentarmos as manhãs
 Feitas de sol e de papaias
 Enquanto esperamos pela bruma
 Que nos vai tornar alvos os cabelos
 E profundos os sulcos no rosto
 (Como os trilhos da vereda
 Que outrora foram estrada!).

Sim! Eu sou Ilha
 E tu também...
 Em nós cresceu a música do mar
 Que nos torna filhos de uma Europa
 Bordada com o linho das diferenças!

E há sempre esse oceano teimoso
 A separar-nos!

Mas também existem os navios
 Com os quais poderemos fazer a viagem...
 Ensinar e aprender!

Eu sou Ilha... e tu és Ilha!
 E por isso trazemos a erosão ao peito
 Embrulhada no cobertor verde das serras
 Com que nos deitamos à noite com orgulho.

Eu e tu...
 Não passamos de duas Ilhas minúsculas
 Mas tornamo-nos maiores do que nós mesmos
 Porque os Ilhéus estão pelo Mundo
 Com lágrimas de sal na luz dos olhos
 E muitas flores à varanda...

(E, hoje, tu e eu
 Só viemos aqui mostrá-las
 Pela Ilha!)


ANTÓNIO CASTRO  
 
(⁀‵⁀,) ✫✫✫... Bom dia <3  .`⋎´✫✫¸.•°*”˜˜”*°•.✫Desejo-lhe Paz, Saúde  ✫¸.•°*”˜˜”*°•.✫ E Amor e Amizade <3
 

Laura Santos ///// ONDA

 
Deixa  que as gotas frescas cresçam
E perfumem o Sol.
Deixa todo o rio que em ti vive
Mergulhe no meu ventre e se esqueça do mar.
Deixa que o oceano azul, vivo e molhado
Se transforme e grite em mim onda na rebentação.
Deixa, em cada despertar, a água que me arrasta
Fazer-te brilhar.

Laura Santos

Nota :
         É do que todos precisamos; uma injecção de energia para o próximo ano a bater à porta...E pelas ondas....







sábado, 3 de janeiro de 2015

ELIZABETH BARRETT BROWNING ///// COMO EU GOSTO DE TI


Como eu gosto de ti? Deixa-me contar os modos - e não repito
Gosto de ti até ao fundo, até ao fôlego, até à altura
Que a minha alma alcança, quando me sinto na lonjura
Até aos confins do ser, e do bem infinito.
Gosto de ti como o diário e normal requesito
À luz do sol e a meio da noite escura
Gosto de ti livremente, como pelo bem se luta com bravura
Gosto de ti puramente, com a pureza de um gesto contrito
Gosto de ti com a paixão que senti
Nas mágoas passadas, na fé da infância
Gosto de ti com o amor que perder temi
Quando perdi os meus santos - Gosto de ti de tal sorte
Sorrisos, lágrimas, de toda a vida! - e a Deus já pedi
Que eu goste de ti ainda mais depois da morte.


ELIZABETH BARRETT BROWNING