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domingo, 31 de outubro de 2021

SÓLO TENEMOS UN BESO Francisco Álvarez

 SÓ TEMOS UM BEIJO


Beijo indelével, beijo insuficiente,

compêndio de inseguras realidades

e perspectivas de fugacidade,

entre o ontem e o amanhã estreita ponte.

 

A tua vida amarrada, dependente

de tão incertas eventualidades,

e vítima de minhas perplexidades,

por não me fazer em tua vida permanente.

 

Até a ti vão minhas águas canalizadas,

com força torrencial, ou sossegadas,

porém sempre abocanhando o impossível.

 

Como dói na alma esta distância,

Como me dói ser tua circunstância,

amor distante, inacessível.




sábado, 30 de outubro de 2021

Fernando Assis Pacheco

 POEMA

De Fernando Assis Pacheco
Falei de ti com as palavras mais limpas

Falei de ti com as palavras mais limpas
Viajei, sem que soubesses, no teu interior.
Fiz-me degrau para pisares, mesa para comeres,
tropeçavas em mim e eu era uma sombra
ali posta para não reparares em mim.
Andei pelas praças anunciando o teu nome,
chamei-te barco, flor, incêndio, madrugada.
Em tudo o mais usei da parcimónia
a que me forçava aquele ardor exclusivo.
Hoje os versos são para entenderes.
Reparto contigo um óleo inesgotável
que trouxe escondido aceso na minha lâmpada
brilhando, sem que soubesses, por tudo o que fazias.
Fernando Assis Pacheco



sexta-feira, 29 de outubro de 2021

NOVAMENTE CANESE

 A Calar


Aprendi a calar,
a sorrir
quando era absolutamente necessário,
a correr, a não sentir,
a amar sem que se note,
a comer sem prazer,
a esquecer logo,
a viver só,
a pensar nos demais
para não pensar em si mesmo
e a rezar para não despertar,
porque, às vezes,
(ainda apesar de tudo)
surge um desejo de viver
e o monstro segue firme
ao nosso lado
mesmo se resta apenas o remédio de esquecer
e recorrer à oração,
ao maratonismo e ao silêncio
para continuar fugindo e temendo,
para não pensar
que outro dia
as coisas podem ser de outra maneira.

Jorge Canese








EM BUSCA DO PASSADO

 

EM BUSCA DO PASSADO

 


Não! Não desejo lembrar
O tempo que passou...
Aquilo que era
Diz o verbo terminou...
Não venho reclamar
Ou mexer em velhas feridas.
Amar, deixar de amar
São coisas comuns nas vidas.
Não venho lhe pedir,
Nem se preocupe,
Para voltar
Nem cobrar palavras
Que perderam o sentido.
Passado é passado.
Perdido é perdido.
Se vim bater na sua porta,
É claro,
Que se trata de uma razão sentimental.
Sabe aquele vaso oriental
Que mamãe me deu?
Tá por aí ou você vendeu?

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Dádivas de um beijo ( foto da net ) ... ... "" R y k @ r d o ""

 

Dádivas de um beijo

( foto da net )
...
 

Sentimentos que os olhos denunciam
Abraço dado na textura dos sentidos
São momentos desejados, permitidos
Que os vítreos lábios não repudiam
.
São nossas bocas, ondas que chegando
Se fundem como o barco em nevoeiro
Onde se fecham os olhos em primeiro
Deixando os doces lábios se beijando
.
Não existem palavras para que o beijo
Aconteça, dando ênfase ao sentimento
E o corpo trema pela força da emoção
.
São dádivas de puro e distinto desejo
Quando se vive a ternura e momento
Que se grava nas paredes do coração

...

"" R y k @ r d o ""

E, agora, mais uma poesia de Jaime Sabines

 


Te quiero porque tienes…                            
Jaime Sabines

Te quiero porque tienes
las partes de la mujer .....

TE QUERO PORQUE TENS...

Te quero porque tens
as partes de uma mulher no lugar preciso
e estás completa.
                     
Não te falta nem uma pétala,
nem um perfume, nem uma sombra.
Colocada em tua alma,

disposta a ser orvalho na erva do mundo,
leite de lua nas escuras folhas.
Quem sabe não me vejas,

talvez, acaso um día,
numa lâmpada apagada,
num canto do quarto onde dormes,

seja a mancha, um ponto na parede,
alguma listra que teus olhos, sem ti,
se quedem vendo.

Talvez me reconheças
como uma hora antiga
quando a sós perguntes, te interrogues
com o corpo fechado e sem resposta.

Sou uma cicatriz que já não existe,
um beijo já levado pelo tempo,
um amor e outro amor que já enterraste.

Porém, estás em minhas mãos e me tens
e nas tuas mãos estou, brasa, cinza,
para secar taus lágrimas que choro.

Em que lugar, onde, em que instante
me dirás que te amo? Isto é urgente
porque a eternidade nos acaba.

Recolhe minha cabeça. Guarda o braço
com que amei tua cintura. Não me deixes
em meio de teu sangue nessa toalha.

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Outro poeminha de Francisco Álvarez


 


200

Francisco Álvarez

Cuántas veces mi cuerpo ha percibido....


200

Quantas vezes meu corpo percebeu

a magia e o calor do teu contato,

e quantas na alma há recebido

tua entrega, sem haver firmado um pacto.

Teu impulso, generoso e decidido,

foi um estado de amor, não só um ato;

e há se prolongar em permanência

com cada beijo e cada confidência.

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Hamilton Ramos Afonso

 Húmus

*

*
Descalçar e arrumar os sapatos
despir-me de tudo o que é urbano
entregar os sentidos, a alma
e os sentires ao desafio da paz
sentir o perfume do silêncio
o cheiro do húmus que dá vida
às plantas , recuperar de novo
as minhas raízes e alma viva...
Andei nesses dias em roda viva
todas as manhãs, onde me foi dado
viver-te …
...amar-te …
… de pés descalços , despidos de tudo
o que é urbano

Hamilton Ramos Afonso





segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Miguel Torga

 Súplica


Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.

Miguel Torga



domingo, 24 de outubro de 2021

Aldo Pellegrini

 

Aldo Pellegrini






A certeza de existir

Se
Já vi tudo
tudo o que há de destruir o que existe
espera arrasa a terra como um novo dilúvio
o dia sangra
uns olhos azuis recolhe vento para olhar  
e as ondas enlouquecidas alcançam as praias de um país silencioso
onde os homens sem memória
se esforçam para perder tudo.

Em uma rua de negro silêncio percorre o assombro
tudo volta até um limite inatingível para o desejo

porém, tu e eu existimos

teu corpo e o meu avançam e se aproximam
e ainda que nunca se toquem ainda que um imenso vazio
nos separe
tu e eu existimos. 

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

FRANCISCO VALVERDE ARSÉNIO // A COR DOS TEUS OLHOS!

 FRANCISCO VALVERDE ARSÉNIO // A COR DOS TEUS OLHOS!

Se o infinito fosse azul
para que serviria a cor dos teus olhos?
Há palavras,
faço palavras,
e elas fundem-se nos sonhos do poeta.
Folhas secas ou em branco,
varridas pelo vento ou desprovidas da caneta,
e uma noite escura,
e uma madrugada de prata,
e um dia de abraços.
E novamente a cor dos teus olhos,
e o medo que as estrelas te roubem o brilho,
e que o mar te vista de mil ondas.
Fecho-me nas lágrimas vertidas contigo
ou na tua ausência;
fico-me na espera
ou de espera,
fico-me no tempo que fazemos nosso tempo.
E novamente a cor dos teus olhos,
e os pássaros roucos de tanto cantar,
e há perfumes que te levam e trazem,
e há a lua que se pintou da cor dos meus cabelos…
Ah! Essa cor dos teus olhos.



quinta-feira, 21 de outubro de 2021

O. Espanhol

 Sabendo que era loucura

A ti me quis entregar
Naquela noite tão escura
Em que disseste me amar
Era a paixão de um momento
Intensa e forte como as marés...
Tomaste-me o discernimento
E eu quedei-me a teus pés.
Foi repentina a paixão
Nessa noite em que a ternura
Sabendo que era loucura...
Aqueceu meu coração.
E quando o dia acordou...
Partiste sem um adeus
Só o teu perfume ficou,
Guardado nos lábios meus.
O. Espanhol




Fascínio

 Fascínio

É pura poesia o que
liga minha alma
à tua.
Já disse mil vezes
da emoção,
um milhão de vezes
do fascínio com que
teus olhos
devoram os meus...



Poemas mal comportados

 

Poemas mal comportados


O meu amor é uma lata de doce

Eu te direi, amor,
Sem nenhum pudor
Que és, para mim, uma lata de biscoitos.
Biscoitos? Não. É muito industrial.
És uma lata de doce artesanal
Das que se come já tendo saudade.
És, na verdade, mais que doce; és mel.
E, no entanto, tens tantos sabores
Que, em certos momentos, até penso
Que o nosso amor seja uma marmelada do destino.
Não importa, amor, não importa.
Nem mesmo que não tenho muito jeito para abrir latas
(nem fechos, nem portas, nem garrafas)
Ao contrário, porém, de outras tarefas em que sou tão displicente,
Anote, que serei determinado, mesmo que inconstante,
Mas, ainda assim seguirei adiante,e, acredite em mim,

Te comerei até o fim.

Poemas mal comportados

 

Poemas mal comportados


Como manda a medicina

Ah!Chiquinha abre as perninhas
Como abre o coração!
Dar é um ato sagrado,
Se do agrado,
Não se deve negar amor, não.

Ah! Chiquinha, minha neguinha,
nada de discriminação.
Dar, e com gosto, rainha,
é uma forma de oração.

Mais depressa, minha filhinha,
siga a intuição,
vamos nesta toadinha
só gozar à prestação.

Toda boa medicina
recomenda ao coração!
Faz assim...
Faz assim não!
Faz do jeito que quiser...
Negócio bom é mulher!

Longo caminho

 

Longo caminho



Os novos dias
como flores da vida
brotam
e vão, tristes ou alegres,
compondo o jardim da vida.
Eu sei, querida,
que não te amei como devia
nem com a intensidade que queria,
porém, o meu desejo infinito permanece
e, se aquece, mesmo, na distância, em saber
que longo é o caminho
do nosso louco querer.