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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

João-Maria Nabais

Raio de luz


 


Numa tarde morna de Maio,
O meu olhar baço e dormente
desenrolou-se sem sentido,
buscando uma imagem distante.
Um pássaro desprendeu-se do meu peito
gritou, voou sem nenhum destino,
e um novo olhar até aí,
plangente e perdido
dissolveu-se num raio de luz
e se afogou de encontr
o ao meu.




João-Maria Nabais

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Miguel Torga

Recomeça….





Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…
Miguel Torga

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Vinicius de Moraes

O mais-que-perfeito



Ah, quem me dera ir-me...
Contigo agora
Para um horizonte firme
(Comum, embora...)
Ah, quem me dera ir-me!
Ah, quem me dera amar-te
Sem mais ciúmes
De alguém em algum lugar
Que não presumes...
Ah, quem me dera amar-te!
Ah, quem me dera ver-te
Sempre a meu lado
Sem precisar dizer-te
Jamais: cuidado...
Ah, quem me dera ver-te!
Ah, quem me dera ter-te
Como um lugar
Plantado num chão verde
Para eu morar-te
Morar-te até morrer-te...
 
Vinicius de Moraes 


in Para viver um grande amor (crônicas e poemas)  
 
 
 
 

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Pedro Tamen

Entrega 
 
 
E nisso haver. E nisso persistir....
Pensar perder-me em nada diluído
pela bola de neve que me desses
instantânea mas branca. Conseguir
amores de bruma e de estampido
num espaço que não sei e onde teces
a tua tempestade.
Correr a mão
pelo corpo que tens em tempos quedos,
deixá-la ir pelos agostos fartos
pelas horas de ceifas e de verão.
Deixar que a tua pele me guie os dedos
para chegar aos olhos e fechar-tos.
 

Pedro Tamen    
 
 
 

Ah!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Ah! Este amor
que não se acaba,
e que não mais acontece,
tão derramado, perdido
que nunca se satisfaz.
Este amor que pouco importa,
que se contém em ser amor, e para o qual basta
olhar uma fotografia
perdida na minha pasta.
Não sei se em outra existência
(o antes e o depois é um mistério)
se tivermos (ou teremos?)
algo que seja assim tão sério.
Será que nos encontramos antes?
Ou só teremos um depois?
Será que isto foi tudo
possível entre nós dois?
Tanto te conheço e desconheço,
reconheço, e torno a desconhecer
que nunca te esqueço
mesmo quando quero te esquecer.
Para o grande amor não há borracha
Por isto este amor é sempre assim:
alegria e dor dentro de mim.
 
 
..............................................................
 
 
 

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Nuno Júdice

   
Sonhei contigo embora nenhum sonho
 
Sonhei contigo embora nenhum sonho
possa ter habitantes tu, a quem chamo
amor, cada ano pudesse trazer
um pouco mais de convicção a
esta palavra. É verdade o sonho
poderá ter feito com que, nesta
rarefação de ambos, a tua presença se
impusesse - como se cada gesto
do poema te restituísse um corpo
que sinto ao dizer o teu nome,
confundindo os teus
lábios com o rebordo desta chávena
de café já frio. Então, bebo-o
de um trago o mesmo se pode fazer
ao amor, quando entre mim e ti
se instalou todo este espaço -
terra, água, nuvens, rios e
o lago obscuro do tempo
que o inverno rouba à transparência
das fontes. É isto, porém, que
faz com que a solidão não seja mais
do que um lugar comum saber
que existes, aí, e estar contigo
mesmo que só o silêncio me
responda quando, uma vez mais
te chamo.
Nuno Júdice
 
 
         

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Miguel Torga

Súplica



Agora que o silêncio é um mar sem ondas, ...

E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
 
 
 
Miguel Torga  
 
 

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Hamilton Ramos Afonso



 Sabes que te espero
de braços abertos
e sei que o anseias também
...
Quando o encontro se verificar
haverá lugar
ao soltar da lava
que pulsa em nossos corações,
que se transformaram em vulcões
Aí , sim
sei que será para ficares,
sempre ao meu lado,
como sonhamos... 
 
 
Hamilton Ramos Afonso   
 
 

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Nuno Júdice

Estar contigo ao acordar



Estar contigo ao acordar, ver como...

se abrem as tuas pálpebras, cortinas
corridas sobre o sonho, sacudir dos
teus lábios o silêncio da noite para
que um primeiro riso me traga o dia:
assim, amor, reconheço a vida que
entra contigo pela casa, escancara
janelas e portas, deixa ouvir os pássaros
e o vento fresco da manhã, até que voltas
para junto de mim, e tudo recomeça.
 
 

Nuno Júdice  




sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

HELENA GUIMARÃES

Pediste-me um dia um poema.
 
 
 
 
Pediste-me um dia um poema,
poema que fosse teu.
Como ave delicada
que agoniza quando presa,
o poema nasce na alma,
movimenta-nos o sangue
com a força do desejo,
humedece-nos os lábios
com a ternura de um beijo,
dança na bainhas dos versos,
plana nas asas da calma,
amordaçado, ele morre
se soletrado fenece.
Poema não compreendido
torna-se vago, emudece.
Procurei o teu poema
no abraço da entrega,
nas pegadas paralelas
de mãos dadas junto ao mar,
na cumplicidade da noite,
na comunhão de um olhar.
Só descobri versos vagos
dançando ao som do medo,
abandonos calculados,
a reserva e o segredo.
Pediste-me um dia um poema,
poema que fosse teu.
Mas nesses versos dispersos,
o poema se perdeu.
Não consegui e foi pena.
Poema não construído
torna-se num não-poema!


HG Junho 2004
HELENA GUIMARÃES   



quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Isabel Sousa

Guardei para ti as madrugadas do sonho
quando disse que te amava
e os meus olhos plenos de ti escorreram
pelo sol que era a lua encostada no teu rosto
beijos de...
ternura nasceram nos meus lábios
e o sorriso onde a realidade ainda não doía
levitava nesse querer ver~te em toda a parte
e nada mais havia senão o teu rosto e o teu nome
hoje sei que o tempo me doi e me enlouquece
e as lágrimas que me adentram são inúteis
_as palavras são sufocos instalados na rotina-
a saudade há-de gelar e o sol será a sombra
e a sombra um resquício dos enganos onde a verdade
nunca foi mais do que um sonho em sobressalto
um dia rir-me-ei de ser menina
nesse dia serei mais adulta mais mulher
será tarde ,digo eu, mas será ainda cedo p'ra saber
que há um tempo em que se sofre por se amar
uma sombra perseguida na memória
ninguém muda assim tanto de si mesmo
e esse será o tempo de partir


Isabel Sousa (luadiurna)  





 

PAULA MENDONÇA

Saudades


Saudades do tempo...

em que acendíamos os beijos
na chama da paixão
Percorríamos cada curva dos nossos corpos
com a suavidade
com que o oleiro molda o barro
Em que nos entregávamos
indiferentes ao fluir das horas...
sem regras nem tréguas
Saudades do tempo
em que os meus olhos eram o teu espelho
O meu corpo, o teu abrigo
A minha pele, a tua roupa
Saudades do tempo
em que éramos dois corpos e uma só alma…
Agora não sei mais o que somos
Sei tão-só de mim
Trago uma ferida aberta no lugar do coração…
e uma alma errante, perdida algures
nas lembranças de um tempo passado.
 
 
PAULA MENDONÇA  
 
 
 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

J.G. de Araújo Jorge

Os versos que te dou
...
Ouve estes versos que te dou, eu
os fiz hoje que sinto o coração contente
enquanto teu amor for meu somente,
eu farei versos...e serei feliz...

 
E hei-de fazê-los pela vida afora,
versos de sonho e de amor, e hei depois
relembrar o passado de nós dois...
esse passado que começa agora...

 
Estes versos repletos de ternura são
versos meus, mas que são teus, também...
Sózinha, hás-de escutá-los sem ninguém que
possa perturbar vossa ventura...

 
Quando o tempo branquear os teus cabelos
hás-de um dia mais tarde, revivê-los nas
lembranças que a vida não desfez...

 
E ao lê-los...com saudade em tua dor...
hás de rever, chorando, o nosso amor,
hás de lembrar, também, de quem os fez...

 
Se nesse tempo eu já tiver partido e
outros versos quiseres, teu pedido deixa
ao lado da cruz para onde eu vou...

 
Quando lá novamente, então tu fores,
podes colher do chão todas as flores, pois
são os versos de amor que ainda te dou.
 
 
J.G. de Araújo Jorge   
 
 
 
 
                    

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Augusto Frederico Schmidt... ///// De amor....

De amor
 
  

 
  Chegaria tímido e olharia tua casa,
A tua casa iluminada.
Teria vindo por caminhos longos
Atravessando noites e mais noites.
Olharia de longe o teu jardim.
Um ar fresco de quietação e repouso
Acalmaria a minha febre
E amansaria o meu coração aflito.
Ninguém saberia do meu amor:
Seria manso como as lágrimas,
Como as lágrimas de despedida.
Meu amor seria leve como as sombras.
Tanto receio de te amar, tanto receio...
A sombra do meu amor
Poderia agitar teu sono, perturbar o teu sossego...
Eu nem quero te amar, porque te amo demais.  
 
Augusto Frederico Schmidt... 
 
 
 

Paula Raposo //// Por ti...............

Por ti...
Damos as mãos, em simultâneo,
nem sequer nos olhamos,
basta o tacto, e esse calor
húmido que me inebria.
Quero sentir-te,
fervilhar no afago da tua mão,
e derreter-me nas mãos do nosso amor.
Não me deixes,
segura-me ainda,
aperta-me, enlouquece-me;
desliza pelo meu corpo
que te espera, entra em mim.
Deixa que eu me entregue
pelo tempo que o tempo dura,
vive por mim, em mim,
o momento de ser tua.
Paula Raposo in ' canela e erva doce' , pág.11, 2006 - Magna Editora   
 
 
 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

JOSÉ GABRIEL DUARTE /// gosto



GOSTO


Gosto de passear na tua sombra,...
poder te ver, sem tu me veres,
de estar contigo, sem tu saberes,
Gosto de me esconder na tua ausência,
de ser teu sonho, sem me sonhares,
viveres comigo, sem o julgares,
Gosto de me enlear na tua teia,
de ser teu cúmplice, sem que me prendas,
ser teu escravo, sem que me vendas,
Gosto que gostes de ser viagem,
e ao me encontrares,
eu ser paragem…
 
 
JOSÉ GABRIEL DUARTE   
 
 

domingo, 14 de fevereiro de 2016

luadiurna /// Há ..................................


 
Há palavras costuradas dentro do coração
com finíssimos fios de seda
é lá que se guardam os sentimentos que na alma
afloram repartidos na verdade do sentir
Há palavras que se (res)guardam por serem direitas e limpas
como direitos e limpos são os caminhos percorridos
são palavras ao rubro que escorrem pelos dedos da noite
onde o toque das estrelas ilumina o universo de quem espera
p`la manhã radiosa
onde o sol é o abraço que aquece e reconforta
é o teu sorriso que aquece os dias vulgares
e é o teu nome escrito no horizonte
 
 
 

luadiurna  /   Isabel Sousa .
       .
Gosto

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Os amantes de novembro: Alexandre O´Neill

Os amantes de novembro: Alexandre O´Neill
Ruas e ruas dos amantes
Sem um quarto para o amor
Amantes são sempre extravagantes
E ao frio também faz calor

Pobres amantes escorraçados
Dum tempo sem amor nenhum
Coitados tão engalfinhados
Que sendo dois parecem um

De pé imóveis transportados
Como uma estátua erguida num
Jardim votado ao abandono
De amor juncado e de outono.



Alexandre O´Neill
(Portugal 1924-1986)
in Poesias Completas

Canção erótica de Joaquim Pessoa







Alegria é este pássaro que voa
da minha boca à tua. É esse beijo.
É ter-te nos meus braços toda nua.
Sentir-me vivo. E morto de desejo.

Alegria é este orgasmo. Esta loucura
de estar dentro de ti. E assim ficar.
Como se andasse perdido e à procura
de possuir-te.
                   
                        E possuir-te devagar...



Joaquim Pessoa
(Portugal 1948)
in Obra Poética vol. II

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Maria do Rosário Pedreira


Deita-te aqui - esta noite, dentro de mim,
está tanto frio. Se fores capaz, cobre-me de
beijos: talvez assim eu possa esquecer para...

sempre quem me matou de amor, ou morrer
de uma vez sem me lembrar. Isso, abraça-me
também: onde os teus dedos tocarem há uma
ferida que o tempo não consegue transportar.
Mas fecho os olhos, se tu não te importares, e
finjo que essa dor é uma mentira. Claro, o que
quiseres está bem - tudo, ou qualquer coisa,
ou mesmo nada serve, desde que o frio fique
no laço das tuas mãos e não regresse ao corpo
que te deixo agora sepultar. Não sentes frio, tu,
dentro de mim? Nunca nevou de madrugada no
teu quarto? Que país é o teu? Que idade tens?
Não, prefiro não saber como te chamas.
 
 
Maria do Rosário Pedreira   
 
 
 

Ana Luísa Amaral /// Sonhei-te....


Sonhei-te lentamente,...
em plena consciência do disfarce.
Sabia-te irreal,
mas o sonho restava devagar.
Com pormenores tão lentos

que o tempo me sobrava de pensar.
Sentei-me ao pé de ti,
junto ao meu sonho, e pude ler indícios,
os símbolos que queria
estavam lá. Sonhei-te porque sim:

a confusão existe no real.



Ana Luísa Amaral    




                                                                               

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

helena guimaraes //// Insónia

 
 
Nas noites de insónia
converso contigo.
Questionas a eito
com esse teu jeito.
e eu, como a um amigo,
confio-te ainda
os meus pensamentos,
partilho momentos.
Analisas  meus medos,
escutas  segredos,
mas não vês o rio
que corre pelas faces,
nem sentes o frio
da falta do abraço.
Este ténue laço
de que tenho uma ponta,
solitária e tonta,
flutua a outra no espaço
sem tua mão, sem teu calor.
Porque nos perdemos, amor?  
 
 
helena guimaraes   
 
 

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

são reis

Há uma indizível emoção
no teu corpo triste
Há uma canção em cada verso teu
que não existe
Há um arrepiar de pele...

de cada vez que te toco
Há sangue pulsando...mas não há vida
E eu continuo andarilho
às voltas no teu corpo
como um cego
como um louco!...


 são reis  
 
 
 

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

E era por ti.................................

E era por ti
Ewa Brzozowska


Acreditei que se amasse de novo
Esqueceria outros
Pelos menos três ou quatro rostos que amei
Num delírio de arquivística
Organizei a memória em alfabetos
Como quem conta carneiros e amansa
No entanto flanco aberto não esqueço
E amo em ti os outros rostos.


Ana Cristina César
Inéditos e Dispersos

E te esperava, e te chamava,
e entre os caminhos me perdi.
Foi nuvem negra? maré brava?
E era por ti!

Canção a Caminho do Céu

José Saramago //// Momento


 

(Imagem Google/desconheço a autoria)

O momento das carícias
insinuara-se entre eles, 
metera-se entre os lençóis, 
não sabia dizer explicitamente
o que queria, mas fizeram-lhe a vontade.

José Saramago

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Maria do Rosário Pedreira

Não adormeças - o vento ainda assobia no meu quarto


...
Não adormeças: o vento ainda assobia no meu quarto
e a luz é fraca e treme e eu tenho medo
das sombras que desfilam pelas paredes como fantasmas
da casa e de tudo aquilo com que sonhes.
Não adormeças já. Diz-me outra vez do rio que palpitava
no coração da aldeia onde nasceste, da roupa que vinha
a cheirar a sonho e a musgo e ao trevo que nunca foi
de quatro folhas; e das ervas úmidas e chás
com que em casa se cozinham perfumes que ainda hoje
te mordem os gestos e as palavras.
O meu corpo gela à míngua dos teus dedos, o sol vai
demorar-se a regressar. Há tempo para uma história
que eu não saiba e eu juro que, se não adormeceres,
serei tão leve que não hei de pesar-te nunca na memória,
como na minha pesará para sempre a pedra do teu sono
se agora apenas me olhares de longe e adormeceres.


Maria do Rosário Pedreira  


sábado, 6 de fevereiro de 2016

Roubado a UM BLOG.....

Abraço-te...


 
 
Abraça-me...
Toca a minha pele
sente o meu odor
percorre o meu corpo.
 
Tu que me levas
à loucura,à calma,à paixão...
 
Prova-me...
Saboreia-me...
Sente a minha alma.
 
Quero ver o teu sorriso
sentir o teu olhar
na minha pele.
 
Os meus lábios
procuram os teus.
As minhas mãos
se entrelaçam nas tuas.
 
O meu corpo estremece de prazer
o teu calor entontece-me e
saboreio o teu aroma
Abraço-te...
 
Brisa  
 
 
Poema de uma poetisa muito romântica
 
e com muita verdade nos ""  seus  "" sentimentos...

Ricardo- águialivre


Saberás tu o quanto te quero
 
 
 
Saberás tu o quanto te quero
O quanto te desejo
Que mal espero...

Pelo sabor do teu beijo
Saberás tu o calor do meu sentir
A força do meu sorrir
As sensações do meu prazer
Por te desejar e não te ter
Nesta minha alma sofredora
No silêncio, pensadora
Onde te sinto
Naufragar pelos meus desejos
Nas estrelas te acolho
Te amo, te olho
Te acaricio, te sinto
Na sedução dos teus beijos
Que me transportam na ilusão
Prosa de meus delírios e anseios
Musa dos meus devaneios
Que acalma meu coração
Novelo do meu embaraço
Minha pétala de flor
Que perfuma o meu desespero
Na doçura do teu carinho
Tiras todo o meu cansaço
Num aconchegado abraço
Onde te digo baixinho
Saberás tu o quanto te quero


Ricardo- águialivre    



 

Laura Santos ///// A pomba

 A pomba
Sonhei que o teu corpo era um riacho.
Nas tuas margens plantei todas as sementes;
De ti tudo nasceu, tudo transformaste:
O que sonhei, o que sonhaste.
Do sol veio a luz,
No teu corpo lavrado floresci.
Depois nem sei, vi que mudaste.
Já não eras riacho, eras fonte seca
Onde mirei o meu olhar.
Do teu corpo nu brotou a árvore,
Dos teus cabelos revoltos, como folhas, o silêncio
As minhas mãos poisaram como pássaros
Nas tuas mãos abertas como pontes.
Tua boca debiquei e tu sorriste.
Do nada surgiu o teu peito branco,
Nas tuas costas graníticas me sentei.
Debrucei-me sobre ti, uma nuvem surgiu;
Do céu dos teus olhos, como grãos
Gotas caíram.
Sequiosa pomba mensageira, uma bebi.
Passei teu território, a fronteira.
Voltei de novo a ti mas não te vi.
Diz-me meu amor porque voaste...
Laura Santos     
 
 
 

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Maria Olinda Maia

Vento...
A lua me ilumina
nas noites sem ti...
...
Abraço-me abraçando-te
na escuridão do vazio do quarto.
Vento...
Eu te sinto...
Mesmo no meu sono profundo
és tu que acordas
este meu corpo adormecido.
Ergo os meus olhos
Olho-te
e as palavras
fazem eco dentro de ti.
 
 
 Maria Olinda Maia  ( M.O.M.)  
 
 
 

António Ramos Rosa


Quando te vi senti um puro tremor de primavera ...
 
 
Quando te vi senti um puro tremor de primavera
e a voluptuosa brancura de um perfume
No meu sangue vogavam levemente
anénomas estrelas barcarolas
O siêncio que te envolvia era um grande disco branco
e o teu rosto solar tinha a bondade de um barco
e a pureza do trigo e de suaves açucenas
Quando descobri o teu seio de luminosa lua
e vi o teu ventre largamente branco
senti que nunca tinha beijado a claridade da terra
nem acariciara jamais uma guitarra redonda
Quando toquei a trémula andorinha do teu sexo
a adolescência do mundo foi um relâmpago no meu corpo
E quando me deitei a teu lado foi como se todo o universo
se tornasse numa voluptuosa arca de veludo
Tão lentamente pura e suavemente sumptuosa
foi a tua entrega que eu renasci inteiro como um anjo do sol
 
 
António Ramos Rosa  
 
 
 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Ricardo- águialivre

Queria falar-te meu amor, tão docemente
 
 
 
..................................................
Queria falar-te meu amor, tão docemente
No silêncio da melodia ouvir ...
teu coração
No mistério dos teus olhos, calor ardente
Encontrar meu caminho, minha direcção
Queria sentir tua calma em brasas de amor
Chama ardente. Veredas em curvas airosas
Vaguear pelas ventanias qual pétala de flor
Respirar de teu corpo, essências misteriosas
Queria em teu olhar caminhar na aventura
Ser água do mar que beija o areal, ternura
Tão límpida, tão suave, tão delicadamente
Ser mudo verso, melancolia do tormento
Merecer ser princípio do teu pensamento
Queria falar-te meu amor, tão docemente

..........
Publicada por Ricardo- águialivre