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terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Ricardo Valério





Aroma de amor


( imagem da net )

Novo ano começa. Colorido, intenso
Quero encontrar-te em amor aberto
Onde o silêncio de um amor imenso
Não seja um isolado e árido deserto
.
Que o ano traga odes sem mentir
Que caminhe pela planície e serra
Um doce amor que me faça sentir
O aroma que o teu amor encerra
.
Desejo um amor de fina feiticeira
Que lado a lado caminhe comigo
Que esse amor dure a vida inteira
Que perfume o amor que persigo
.
Unidos pelo mesmo pensamento
Num fio umbilical que à partida
Seja a junção do nosso sentimento
No duro caminho da nossa vida
.
Que vivamos nas ondas deste mundo
Numa branca tela que o artista, pinte
Que em nós exista um amor profundo
Que dure, muito para além, de 2020
 ............................................................
Para todos os visitantes, amigos e amigas, votos de um ANO NOVO muito feliz. Que em vosso coração, se fortaleça o amor por tudo e, na devida dimensão, por todos, aqueles (e aquilo) que vos rodeia, e que, de uma forma ou doutra, façam parte da vossa vida.
....................................................................................................


PARA TODOS UM ANO DE 2020
DE AMOR E PAZ

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

.................. Paixão adormecida





Paixão adormecida


O risco de dizer que te amo é enorme.                                                  

Dentro de mim um dragão de prazer dorme.

Lamento a santa inocência de teu olhar
Que, sem mim, não há de saber o que é gozar.

E rio dos que, inutilmente, te cortejam.
Sei que somente os mosquitos te beijam.

E sei também que a paixão adormecida
Mais cedo ou mais tarde há de criar vida.

Na espera só choro as horas perdidas.

Ilustração: Galeria de Desenhos. 

Ruy Belo








































































Nomeei-te no meio dos meus sonhos 

chamei por ti na minha solidão 
troquei o céu azul pelos teus olhos 
e o meu sólido chão pelo teu amor



Ruy Belo

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Ricardo- águialivre






Passear contigo pelos caminhos da ventura
De mão dada, queria ir passear contigo
Pelas ruelas e caminhos da felicidade
Esquecer mágoas, tristezas, a saudade
Nostalgias sofridas pela vil agrura
Poder dedicar-te poemas de candura
Abrir o coração, sussurrar o que sinto
Mostrar-te como lacrimeja o meu olhar
Como escorre verdade do meu pensar
Queria amar-te, ir passear contigo
Desbravar os caminhos da saudade
Mas hesito. Penso que não consigo
A nostalgia não nos deixa caminhar
Pelos carreiros dos sorrisos da ventura
Pelos horizontes do amor e ternura
Onde, contigo, tanto desejava estar.

Ricardo- águialivre

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

POESIA David Mourão-Ferreira






POESIA
David Mourão-Ferreira
Tentei fugir da mancha mais escura
que existe no teu corpo, e desisti.
Era pior que a morte o que antevi:...
era a dor de ficar sem sepultura.
Bebi entre os teus flancos a loucura
de não poder viver longe de ti:
és a sombra da casa onde nasci,
és a noite que à noite me procura.
Só por dentro de ti há corredores
e em quartos interiores o cheiro a fruta
que veste de frescura a escuridão...
Só por dentro de ti rebentam flores.
Só por dentro de ti a noite escuta
o que sem voz me sai do coração.

A casa, David Mourão-Ferreira

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

À mesa com o Pai Natal - um preview do que poderá ser o repasto











NOTA :   

                A dama de vermelho me fez perceber o quanto você é mais bonita quando está feliz.



sábado, 21 de dezembro de 2019

Eugénio de Andrade







sinais...
Este rosto rente à terra
esta poeira
fresca ainda do rebanho,

este tumulto de palavras
cálido
para escrever na pele,

esta língua de argila
porosa
e cativa,

são sinais de outro verão.
Ternamente incestuoso vai chegar
o inverno
vai chegar cego pela mão do vento
vai chegar
aos tropeções
o sangue dos espelhos.

O sol 
não tardará a ser água.

Entre o feno fremente e a fonte furtiva
no alto fim de setembro

procura
o lugar
onde um corpo entre noutro corpo

repousa no ardor
adormece no rumor
na coroa de fogo das colinas.

O verão é branco e liso
e sempre ficam sinais.

Eugénio de Andrade

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

POESIA






BIPOLAR


Eu te odeio com o amor mais imenso
que se pode ter. 
E te amo com o ódio mais feroz 
que alguém pode conceber.
E nem sei se te amo ou te odeio
quando, com raiva, beijo teus seios,
invado teu ventre, 
num amor demente, 
que tem tudo de paixão e desejo,
ao se completar numa chuva de beijos,
que se desfaz numa névoa de prazer
porque sou completamente louco:
amo e odeio você! 

Ilustração: Diário da Psique

................... Gabriel Garcia Marquez







POESIA
O doce sabor de uma mulher deslumbrante... Gabriel Garcia Marquez

Uma mulher deslumbrante
não é aquela que mais
homens tem a seus pés.

Mas sim aquela que tem
apenas um que a faça
realmente feliz.
Uma mulher formosa não
é a mais jovem.
Nem a mais frágil, nem aquela
que tem a pele mais sedosa ou
o cabelo mais chamativo.
É aquela que com apenas
um sorriso franco e aberto
e um bom conselho pode
alegrar-te a vida.
Uma mulher de valor não,
é aquela que tem mais
títulos ou cargos academicos,
E sim aquela que sacrifica
seus sonhos temporariamente
para fazer felizes os demais.
Uma mulher deslumbrante não
é aquela mais ardente e sim a
que vibra ao fazer amor somente
com o homem que ama.
Uma mulher deslumbrante não
é aquela que se sente adulada
e admirada por sua beleza e
elegancia,
E sim aquela mulher firme
de caráter.
Que pode dizer "Não".
E um Homem...
Um homem deslumbrante
é aquele que valoriza uma
mulher assim...
Que se sente orgulhoso de
tê-la como companheira...
Que sabe acaricia-la como
um músico virtuoso toca
seu amado instrumento...
Que luta a seu lado compartilhando
todas as suas tarefas, desde lavar
pratos e preparar a mesa, até
devolver as massagens e o carinho
que ela te proporcionou antes.
A verdade, companheiros homens
é que as mulheres com mania de
serem "mandonas" não levam
vantagens...
Que tolos temos sido e somos
quando valorizamos um presente
somente pela vistosidade do pacote...
Tolo e mil vezes tolo o homem que
come sobras na rua, tendo um
deslumbrante manjar em casa!
Este texto é para as mulheres
deslumbrantes para reforçar
sua auto estima e para os homens
para que meditem sobre isto.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

........... Mensagem de Natal






PODER DE UMA VELA

O padre disse:
- Bom dia. Por acaso você não é a Cacilda, esposa do Chum, que eu casei já há dois anos na minha paróquia?
Ela respondeu:
- Sim. - Padre sou eu mesma.
O sacerdote perguntou:
- Mas não me lembro de ter baptizado um filho seu. 
Não teve nenhum?
Ela respondeu:
- Não Padre, ainda não.
O padre disse:
- Bem, na próxima semana viajo para Roma. 
Por isso se você quiser, acendo lá uma vela por você e seu marido, para que recebam a bênção de poder ter filhos.
Ela respondeu:
- Oh Padre, muito obrigada. Ficamos ambos muito gratos.
Alguns anos mais tarde encontraram-se novamente. 
O sacerdote ancião perguntou:
- Bom dia Cacilda, já teve filhos?
Ela respondeu:
- Oh, sim Padre, três pares de gémeos e mais quatro. 
No total dez!
Disse o padre:
- Bendito seja o Senhor. 
Que maravilha. 
E onde está o Chum, o seu marido?
- Chum está a caminho de Roma, para ver se apaga a vela que o senhor acendeu.

VOTOS de um SANTO NATAL

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Fátima Guimarães







VESTE-ME
Veste-me de mãos
fortes espessas macias

veste-me
com a tua voz
doce meiga quente
transbordante d'amor e doçura

tapa-me as feridas 
os silêncios
e vazios

apaga os muros 
sombras 
e temores

veste-me 
de beijos.

Fátima Guimarães in A VOZ DO NÓ, edição de autor Dez. 2014

Nuno Júdice






Photo: Chris Maher



































Nas suas saliências, o rebordo
do corpo que a mão desenha num sábio
exercício de linhas, de ângulos, de lentos
círculos que o compasso ignora,
entregue ao acaso dos dedos que
o fazem rodar, apodera-se das palavras
que descrevem o momento em que
a língua captura, num movimento de lábios,
o busto que gira como esfera sobre
os seus pólos, apoiado no centro
de onde se avistam, como hemisférios
que procuram o seu eixo, os seios
que assentam na pura superfície do branco,
e aí pousam o seu volume, imóveis,
fictícias esferas que a mão contém
quando as desenha.



Nuno Júdice

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Fernando Assis Pacheco






POESIA
ausências ...
Foto: Jeanloup Sieff
Tentas, de longe, dizer que estás aqui.
Com o peso da rua na rua Outono.
O meu coração de-janela para as
pessoas e carros, e as folhas caindo. Mastigo esta solidão como quando era pequeno e jantava diante dos pais zangados: devagar, ausente.
Fernando Assis Pacheco

MARIA TERESA HORTA







POESIA
JOELHO
Ponho um beijo
demorado
no topo do teu joelho

Desço-te a perna
arrastando
a saliva pelo meio

Onde a língua
segue o trilho
até onde vai o beijo

Não há nada
que disfarce
de ti aquilo que vejo

Em torno um mar
tão revolto
no cume o cimo do tempo

E os lençóis desalinhados
como se fosse
de vento

Volto então ao teu
joelho
entreabrindo-te as pernas

Deixando a boca
faminta
seguir o desejo nelas

MARIA TERESA HORTA
in SÓ DE AMOR (Quetzal, 1999), in POESIA REUNIDA (D. Quixote, 2009)