Seguidores

sábado, 7 de dezembro de 2019

Do livro Orações subordinadas, Editora Patuá.






POEMA DE BRENO PARA FERNANDA





a paixão lesionou-me as pernas
tornou ralo os cabelos
fuzilou o amor próprio
escamoteou vocábulos como
não-quero
não-posso
queria-mas-minha-mãe-disse-que-não-será-o-melhor-para-mim
a paixão tem olhos de vidro e dança como mulher
envolve a cintura no meio da cidade de concreto e diz com seu hálito doce que adoraria um café antes de partir.
para onde?
buenos aires.
a paixão soprou gelado nos joelhos e quis gritar de ódio
(muito embora não diga nada, porque na bula de são paulo, escreveu-se;
tu serás indiferente.
tu serás indiferente.
tu não irás até corinthians itaquera. cometas haraquiri mental mas não deixes que saibam)
nessa cidade não se fala na segunda pessoa do singular.
saiu de moda.
nessa cidade não se fala nada além de passa no crédito.
acabou o débito.
nessa cidade não se fala eu gosto de você.
é letal e contempla os caretas.
e aqui
todo mundo
é
muito
maneiro.

1 comentário:

mariferrot disse...

A paixão é uma violência, ofusca a liberdade,não deixa escolher, compromete o que o deve ser em troca do que tem de ser !!!... <3

BJ Conde