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domingo, 30 de setembro de 2018

O meu gostar de ti...






O meu gostar de ti....


Há um caminho marítimo
Há um porto por achar no verbo amar
Há um demandar , um longe que é aqui
E o meu gosto de TI é este mar....

De: Manuel Alegre



Um Manuel Ruiz Amezcu








AMIGA MÍA                             
 Manuel Ruiz Amezcu

Mira otra vez el mundo,
pero no digas nada.

Entra como la noche:
abraza la distancia.

En un rincón de todo,
cuando nadie te vea,
acércate a mi vida.

Bésame en la sombra.
Búscame en tu cuerpo.

No hay nada que lo impida
y soy yo quien te espera.

AMIGA MINHA

Olha outra vez o mundo,
Porém, não digas nada.

Entra como a noite:
Abraça a distância.

Num local de todo,
quando ninguém te veja,
acerca-te de minha vida.

Beija-me na sombra.
Busca-me em teu corpo.
Não há nada que o impeça
e sou eu quem te espera.

sábado, 29 de setembro de 2018

O risco de dizer que ........







NÃO SE APRESSE....

Paixão adormecida

O risco de dizer que te amo é enorme.
Dentro de mim um dragão de prazer dorme.

Lamento a santa inocência de teu olhar
Que, sem mim, não há de saber o que é gozar.

E rio dos que, inutilmente, te cortejam.
Sei que somente os mosquitos te beijam.

E sei também que a paixão adormecida
Mais cedo ou mais tarde há de criar vida.

Na espera só choro as horas perdidas.





A FORÇA DO AMOR



CORRIDA INFINDA..... 

Todas as vezes que te procurava
Era para correr como um desesperado 
Atrás de uma sombra que sempre corria mais. 
Era uma corrida contínua e sem esperança
Ainda mais que uma voz me perseguia
Gritando com feroz autoridade 
Que seria melhor esquecer antes que fosse tarde,
Mas, teimosamente, ainda assim persistia
E nem a corrida nem o pesadelo acabava 
E lembro que era a vida que acabava 
Sem que jamais conseguisse te esquecer.

Cidália Ferreira





Emoções loucas, frenéticas...



Louco momento, era nosso devasso
Na escuridão existia uma libertação
Existiam os nossos corpos, colados
Olhares desafiantes, a terna emoção
Momento que ajustávamos o passo

Eram desejos, em ondas magnéticas
Que nos elevavam o ritmo do desejo
Onde os nossos corpos já fervorosos
Ritmados, emoções loucas frenéticas
Quando nossas bocas selam um beijo

Mas, apenas são devaneios tão meus
Longe está o teu corpo, ainda dorme
Na minha mente ficarás para sempre
No meu silêncio, eu agradeço a Deus
Por seres dono dum coração enorme.

Cidália Ferreira

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Alexandre O'Neill






Palavras...
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Alexandre O'Neill   


A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e flor



por Ricardo- águialivre






Vem sentar-te comigo em areais de brancura
.
Vem sentar-te comigo em areais de brancura
Juntos pelo destino, olhar o mar, enamorados
A vida se esvai quando ainda nela se procura
Os elos do sonho por amores desmoronados

Um beijo, sabor a sal, viagem de pensamento
Vivamos a felicidade nas arestas da demência
Unidos viajando pelas doçuras do sentimento
Palavras ocas, amor quente de complacência

Adorna o coração pelas pétalas do teu querer
Deixa-te marear pelo afecto do teu lindo ser
Liberta esse teu grito pelas águas de ternura

Nos apoios da alma guarda afectos e abraços
Deita ao mar palavras de sentidos embaraços
Vem sentar-te comigo em areais de brancura
.........
Publicada por Ricardo- águialivre


A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, oceano, casamento, ar livre, água e natureza

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Bonne Nuit







Bonne Nuit

Esta, é aquela estranha hora em que te sinto colada á flor da minha pele, com a boca húmida procurando no braille dos meus sentidos o caminho certo onde teu beijo se vai esmagar nos lábios meus.

Uma poesia de Mary Oliver







I Know Someone                        
Mary Oliver

I know someone who kisses the way
a flower opens, but more rapidly.
Flowers are sweet. They have
short, beatific lives. They offer
much pleasure. There is


EU CONHEÇO ALGUÉM

Eu conheço alguém que beija, no caminho,
uma flor aberta,porém, muito rapidamente.
As flores são doces. Elas têm
vidas curtas e beatificadas. Elas oferecem
Muito prazer. É sim

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Eduardo Baqueiro






Teu corpo

Algo emana de teu corpo
que me enfeitiça
Um misto de doçura e paixão
Aliado à malícia de teu olhar
A tua voz meiga e suave
chega até mim como braços
me aquecendo do frio da solidão
Teu cheiro natural me deixa inebriado
Este teu jeitinho de menina peralta
que faz meu coração bater
descompassado
Tua graça e teus dengos
fazem de mim um menino carente
de teu amor
Vem menina,
se encoste em meu ombro
e deixa o tempo passar
Deixa-me viajar no teu corpo,
desvendar alguns mistérios
que me enfeitiçam
Quero esgotar toda carência
que tenho de você
Para depois começar tudo novamente
Teu corpo é um universo
onde eu descanso minha alma
Nele eu sinto o azul do céu
o brilho da lua e a brisa do mar
Teu corpo é meu leito onde me deleito
onde me perco para depois
te reencontrar e novamente sonhar.


Eduardo Baqueiro   

Texto alt automático indisponível.




segunda-feira, 24 de setembro de 2018

David Mourão-Ferreira






Soneto do cativo



Se é sem dúvida Amor esta explosão
de tantas sensações contraditórias;
a sórdida mistura das memórias,
tão longe da verdade e da invenção;

o espelho deformante; a profusão
de frases insensatas, incensórias;
a cúmplice partilha nas histórias
do que os outros dirão ou não dirão;

se é sem dúvida Amor a cobardia
de buscar nos lençóis a mais sombria
razão de encantamento e de desprezo;

não há dúvida, Amor, que te não fujo
e que, por ti, tão cego, surdo e sujo,
tenho vivido eternamente preso!


David Mourão-Ferreira

José Maria Gomez Valero






JOSÉ MARIA GÓMEZ VALERO


EL TIEMPO QUE NOS QUEDA ES PARA LAS CARICIAS
[el lenguaje del perdón]

José Maria Gómez Valero 


Pero si fui
el fuego en el que ardía tu casa,
las ruinas en tus ojos,
el dolor en tu voz.
Pero si fui
padre de tu hambre,
cuchillo en tu mesa,
sal en tu sed.
Pero si conseguí
que vivieras en desdicha,
que el miedo vistiera tus ropas,
que masticaras la soledad
como un fruto amargo.
Pero si fui arpón sucio
clavado en tu belleza:
por qué vienes.
Pero si no soy
digno de tu llanto:
por qué lloras ahora,
por qué te abrazas a mí.

[de Lenguajes]



O tempo que nos resta para as carícias
( A linguagem do perdão) 

Mas se fui 
o incêndio que queimou tua casa, 
as ruínas de teus olhos, 
a dor na tua voz. 
Porém, se fui eu 
o pai de tua fome 
a faca na tua mesa, 
o sal na tua sede. 
Se consegui 
que vivésses na miséria, 
que o medo vestisse tuas roupas, 
que mastigasses a solidão 
como um amargo fruto. 
Porém, se fui o arpão sujo 
em tua beleza: 
por que vens. 
Porém, se não 
digno de tuas lágrimas: 
por que choras agora 
por que te abraças a mim.

Reinaldo Ferreira






Se eu nunca disse que os teus dentes



Se eu nunca disse que os teus dentes
São pérolas,
É porque são dentes.
Se eu nunca disse que os teus lábios
São corais,
É porque são lábios.
Se eu nunca disse que os teus olhos
São dónix, ou esmeralda, ou safira,
É porque são olhos.
Pérolas e ónix e corais são coisas,
E coisas não sublimam coisas.
Eu, se algum dia com lugares-comuns
Houvesse de louvar-te,
Decerto buscava na poesia,
Na paisagem, na música,
Imagens transcendentes
Dos olhos e dos lábios e dos dentes.
Mas crê, sinceramente crê,
Que todas as metáforas são pouco
Para dizer o que eu vejo.
E vejo olhos, lábios, dentes.


Reinaldo Ferreira

VINICIUS DE MORAES






VINICIUS DE MORAES

VINICIUS DE MORAES

AÍ, QUEM ME DERA

Ai quem me dera, terminasse a espera
E retornasse o canto simples e sem fim...
E ouvindo o canto se chorasse tanto
Que do mundo o pranto se estancasse enfim

Ai quem me dera percorrer estrelas
Ter nascido anjo e ver brotar a flor
Ai quem me dera uma manhã feliz
Ai quem me dera uma estação de amor

Ah! Se as pessoas se tornassem boas
E cantassem loas e tivessem paz
E pelas ruas se abraçassem nuas
E duas a duas fossem ser casais

Ai quem me dera ao som de madrigais
Ver todo mundo para sempre afins
E a liberdade nunca ser demais
E não haver mais solidão ruim

Ai quem me dera ouvir o nunca mais
Dizer que a vida vai ser sempre assim
E finda a espera ouvir na primavera
Alguém chamar por mim...


Vinicius de Moraes

Fernando Peixoto




Dádiva



Não me peçam palavras melífluas
quando apenas a sonora gargalhada
me irrompe do peito como pedra lascada
nem sorrisinhos de catálogo de moda
quando o mijar numa esquina da cidade
é um acto poético e cheira a vida
não me peçam gestos simétricos e convencionais
quando um cosmopolítico manguito
abarca toda a náusea 
de Bordalo a Pasolini
Não me peçam nunca aquilo que vós quereis
porque eu dou apenas aquilo que possuo
e que é esta raiva enorme de cuspir
esta feroz vontade de gritar
e o sexo amplo enorme e predisposto
a fertilizar o amor em todas as esquinas
peçam-me a mim
nada mais
e dar-vos-ei tudo o que possuo
o suor o sangue o sexo
EU
e comigo dar-vos-ei o homem primitivo
o que recusa a civilização do marketing
o que caga nas gravatas dos public-relations
mas que aposta no futuro único do
CRESCEI E MULTIPLICAI-VOS
Sim peçam-me a mim
Tomai e comei

ESTE É O MEU CORPO


Fernando Peixoto






Nuno Júdice





























Entre o teu corpo e a paisagem vejo abrir-se
a distância que me leva de mim a ti. E se
entre mim e ti outra distância não houvesse,
limito-me a contar os passos que dou para
que a conta não acabe. Tu, porém, olhas-me
neste fundo de tabuada, e deixas que o teu
braço seja a régua onde a distância se mede
pelo abraço que falta. Então, acerto a conta
pelo triângulo que o outro braço forma,
quando seguras a cabeça, e fecho nesse ângulo
a soma dos corpos que totalizam o amor.



Nuno Júdice

Patti Smith






Foto: Duane Michals









De um lugar distante, Morpheus, deus dos sonhos, acorda. Separado das dobras benevolentes da musa, ele pressiona contra o azul e queima em forma. Voando alto, sem amor nem remorso, ele considera seu encargo - um jovem adormecido dentro do tecido de uma viagem, que está girando, muito lentamente, mesmo como a saia larga de um êxtase. 


Patti Smith

domingo, 23 de setembro de 2018

Antonio Reis







Mudámos esta noite

E como tu
eu penso no fogão a lenha
e nos colchões

onde levar as plantas

e como disfarçar os móveis velhos

Mudamos esta noite
e não sabíamos que os mortos
ainda aqui viviam

e que os filhos dormem sempre
nos quartos onde nascem

Vai descendo tu

Eu só quero ouvir os meus passos
nas salas vazias


António Reis

sábado, 22 de setembro de 2018

(João Eduardo)







Triunfante amor
Buscar-te nos meus braços.
Contemplar a luz dos teus olhos,
O brilho do teu sorriso, o brilho dos teus cabelos.

Sentir o sopro da tua vida a acariciar a minha pele.
Ouvir o som da tua voz.
Tocar os teus lábios quentes entreabertas.

Compartilhar o mel de um beijo, graças de um momento
Penetrar na flor da tua boca, gozo único
Volúpia dos deuses, triunfante amor, para sempre.


(João Eduardo)


A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, pessoas a dormirem e pessoas sentadas


Rosa Alice Branco





dorme comigo











Castelos, príncipes, borboletas. Vamos perdendo.
Dorme comigo. Agasalha-me as noites.
Imperfeito como ao amor convém
bebemos e falamos como se a vida fosse eterna.
Agora vou soletreando becos sem saída.
Não te importes amor.
Não te importes se estivermos ocupados
a arrumar os papéis ou desabotoar-me o vestido
porque resistimos à burocracia e ao cansaço.
Não te importes amor se hoje te amo tanto.
São horas. Levo a minha pele à rua.
Uma fome real de pão e do teu corpo.
É assim que se ama.
Contigo sinto "nós".
Com que alimento a imaginação?
É por isso que devemos saber escutar
o aroma da língua, 
o coração
e os nossos beijos são a língua delirante do poema.
Não te importes amor.




Rosa Alice Branco

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

J. G. de Araújo Jorge



A imagem pode conter: céu e ar livre




Chovia... chovia...
Naquela tarde, como chovia!
Me lembro de que a chuva caía
lá fora
sem parar,
e seu surdo rumor até parecia
um sussurro de quem chora
ou uma cantiga de embalar...


Me lembro que tu chegaste
inquieta, ansiosa,
mas logo te aconchegaste
em meus braços, quietinha...
(...enrodilhada como uma gatinha...)

E eu quase não sabia o que fazer:
se de encontro ao meu peito te deixava adormecer...
se te mantinha acordada, para seres minha...

Me lembro que chovia... chovia sem parar...
E que a chuva caía a turvar as vidraças
anoitecendo o quarto em seus tons baços...

Me lembro de que te sentia
aconchegada em meus braços...

Me lembro que chovia...
E de que era bom porque chovia,
e porque estavas ali, e porque eu te queria...
Sim, me lembro que tudo era bom...
E que a chuva caía, caía,
monótona, sem parar,
naquele mesmo tom...

Naquela tarde, amor, como chovia!
Agora, quando longe de ti, nem sou mais eu
em minha melancolia,
não posso mais ouvir a chuva cair
que não fique a lembrar tudo o que aconteceu
naquele dia...

Naquele dia...
enquanto chovia...


J. G. de Araújo Jorge