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quarta-feira, 30 de junho de 2010

mas.......

Este inferno de amar !



Este inferno de amar — como eu amo!
Quem mo pôs aqui n’alma… quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida — e que a vida destrói —
Como é que se veio a atear,
Quando — ai quando se há-de ela apagar?
Eu não sei, não me lembra; o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez… — foi um sonho —
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar…
Quem me veio, ai de mim! despertar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei… dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Que fez ela? Eu que fiz? — Não não sei
Mas nessa hora a viver comecei…

Almeida Garrett

Foto:Grzegorz Szczerbaciuk

para sempre....



Vi-te,
Sorri
Tocavas viola
Olhaste-me
Olhos nos olhos
O ritmo
Aumentou todos os dias
Assim como o nosso desejo.
Finalmente a sós
Sentimo-nos
Como
Quem sente
Pela primeira vez
Um acorde musical
Tocámo-nos
Como
Quem toca
Algo que não se pode partir
Amámo-nos
Como
Só o amor ali existisse.
Até que um dia
A corda da viola
Partiu-se
A música ficou desafinada.
Como adoro música
Detesto desafinações
Parti a viola.
Foste embora
Sem saber
Que eu
Te amei
Para sempre.

para.......

Soneto de amor



Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma...Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.

Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.

E em duas bocas uma língua..., - unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.

Depois... - abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!

José Régio

Foto retirada do Google

terça-feira, 29 de junho de 2010

canção da hora inesperada...

Se não és um fantasma,
Se não tenho ilusão,
Por favor,
Não, não diga nada,
Nada de explicação.
Me dá só tua mão,
Me olha com o mesmo olhar
Que vou por a música pra tocar.
Só te dou permissão
Para um copo de vinho,
Um carinho, um beijo, talvez,
Antes de dançar.
Como pode ser a última vez
Só preciso que saiba
Que, hoje, me fez
Muito feliz.

Só minha!

segunda-feira, 28 de junho de 2010



Os silêncios



Não entendo os silêncios
que tu fazes
nem aquilo que espreitas
só comigo

Se escondes a imagem
e a palavra
e adivinhas aquilo
que não digo

Se te calas
eu oiço e eu invento
Se tu foges
eu sei não te persigo

Estendo-te as mãos
dou-te a minha alma
e continuo a querer
ficar contigo.

Maria Teresa Horta

De: rimbaud




Sensation

Rimbaud

Par
les soirs bleus d’été, j’irai dans les sentiers,

Picoté
par les blés, fouler l’herbe menue :

Rêveur,
j’en sentirai la fraîcheur à mes pieds.

Je
laisserai le vent baigner ma tête nue.

Je
ne parlerai pas, je ne penserai pas :

Mais
l’amour infini me montera dans l’âme,

Et
j’irai loin, bien loin, comme un bohémien,

Par
la Nature, - heureux comme avec une femme.

Sensação

Nas tardes azuis de Verão, seguirei pelos
caminhos,

Guarnecidos pelos trigais,
pisando na erva miúda:

Sonhador, sentirei o
frescor nos meus pés.

Deixarei que o vento banhe
minha cabeça nua.

E não falarei mais, não
pensarei mais:

Mas, um amor infinito há de me
invadir a alma.

E irei longe, bem longe,
como um boêmio,

Pela natureza, - feliz
como se tivesse uma mulher.

para descontrair....

domingo, 27 de junho de 2010

de : jim chandler ....surviving

Sobrevivente

o truque para
sobrevivente
não é
ter o corpo de aço
para bater
na rua dura
como se fosse
um chicote

mas
para temperar
o coração
e se rebelar
dos eixos
da dor
só por meio de
mãos macias
que nos toquem
levemente

com amor


De outras sei



De outras sei que se mostram menos frias,
Amando menos do que amar pareces.
Usam todas de lágrimas e preces:
Tu de acerbas risadas e ironias.

De modo tal minha atenção desvias,
Com tal perícia meu engano teces,
Que, se gelado o coração tivesses,
Certo, querida, mais ardor terias.

Olho-te: cega ao meu olhar te fazes ...
Falo-te — e com que fogo a voz levanto! —
Em vão... Finges-te surda às minhas frases...

Surda: e nem ouves meu amargo pranto!
Cega: e nem vês a nova dor que trazes
À dor antiga que doía tanto!

Olavo Bilac

sábado, 26 de junho de 2010

Mas há a Vida



Mas há a vida
que é para ser
intensamente vivida,
há o amor.
Que tem que ser vivido
até a última gota.
Sem nenhum medo.
Não mata.

Clarice Lispector

Foto:Dennis Mecham

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Pequeno poema de amor II



Pouco sei de ti,
ou dos que antes naufragaram
nesta praia negra.

Sei que muitos anos se passaram
sem estares aqui,
em que a noite e o silêncio foram regra.

Esquecerei que as estrelas se apagaram
se a tua luz iluminar o que não vi.
Isso me chega.

Manuel Filipe

Foto:Zacarias Pereira da Mata

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Não vou pôr-te flores de laranjeira no cabelo



Não vou pôr-te flores de laranjeira no cabelo
nem fazer explodir a madrugada nos teus olhos.

Eu quero apenas amar-te lentamente
como se todo o tempo fosse nosso
como se todo o tempo fosse pouco
como se nem sequer houvesse tempo.

Soltar os teus seios.
Despir as tuas ancas.
Apunhalar de amor o teu ventre.

Joaquim Pessoa

Foto:Volk56

não devia postar este poema...mas.

Não quero amar-te



Não!! Não quero amar-te.
Não posso amar-te!
Mas és sol
do meu pensamento,
em ti a cada momento.

Lua das frias noites,
abraço
na minha solidão
de todos acompanhada,
sem norte, sem sul,
sem nada,
básicos seres
nesta imensidão
sem fim.

Não quero amar-te!
Seria o meu holocausto
na ara do teu corpo,
tua alma.
Meu ser no teu absorto,
ali, em êxtase, subjugado,
à espera, num soluço,
do teu beijo desejado.

Não! Não quero amar-te!
Mas a minha fantasia
segue os teus passos
no cumprir do dia a dia,
despe-te a roupa
suga-te o sexo
lambe-te o beijo,
colhe-te o abraço
como um pedaço
de mim!!

Helena Guimarães

Foto:Joris Van Daele

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Quarta-feira, Junho 23, 2010

Chove...



Chove...

Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?

Chove...

Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.

José Gomes Ferreira

Imagem retirada do Google

terça-feira, 22 de junho de 2010

s.



A distância justa

No amor e no boxe
Tudo é questão de distância
Se te aproximas demais me excito
Me apavoro
Me perco e digo tolices
Me sinto desmaiar,
Porém, se estais distante
Sofro, entristeço
Me desespero
E escrevo poemas.

Hah!



Há a mulher que me ama e eu não amo.
Há as mulheres que me acamam e eu acamo.
Há a mulher que eu amo e não me ama nem acama.

Ah essa mulher!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Cisne



Amei-te? Sim. Doidamente!
Amei-te com esse amor
Que traz vida e foi doente...

À beira de ti, as horas
Não eram horas: paravam.
E, longe de ti, o tempo
Era tempo, infelizmente...

Ai! esse amor que traz vida,
Cor, saúde... e foi doente!

Porém, voltavas e, então,
Os cardos davam camélias,
Os alecrins, açucenas,
As aves, brancos lilases,
E as ruas, todas morenas,
Eram tapetes de flores
Onde havia musgo, apenas...

E, enquanto subia a Lua,
Nas asas do vento brando,
O meu sangue ia passando
Da minha mão para a tua!

Por que te amei?
— Ninguém sabe
A causa daquele amor
Que traz vida e foi doente.

Talvez viesse da terra,
Quando a terra lembra a carne.
Talvez viesse da carne
Quando a carne lembra a alma!
Talvez viesse da noite
Quando a noite lembra o dia.

— Talvez viesse de mim.
E da minha poesia...

Pedro Homem de Mello

Foto retirada do Google




Este " post " é de agradecimento aos ciber´s que gostam de passar por " aqui " entre muitos :

Leiria,Estoril ,Torres Novas, Fundão , Covilhã , Porto e

Belo Horizonte, Rio de Janeiro , Divinopolis , Balsa Nova, e ainda

Japan , Ukrania , Canadá , etc.

domingo, 20 de junho de 2010

de: Karl Wolfovitz

Si un Pájaro...



Si un pájaro levanta el vuelo
no puedo inventar el poema,
si las flores se abren al sol
no puedo cantar mi pena,
si el agua del arroyo baja fría
no podré mojarme me apenas,
si las nubes ocultan el sol
no te veré tan joven y llena,
si llueve a cántaros
nos esconderemos en una cueva
y allí haremos el amor
------------- alocados
hasta que escampe la niebla
por encima de la cresta.

Se um pássaro ...

Se um pássaro levanta vôo
não posso inventar o poema,
se as flores se abrem ao sol
não posso cantar minha pena,
se a água corrente desce fria
não posso molhar-me apenas,
se as nuvens escondem o sol
não te verei tão jovem e plena,
se chove a cântaros
nos esconderemos numa caverna
e ali faremos amor
------------- como loucos
até que ele páre de chover e a névoa
por cima do cume se esfume.

sábado, 19 de junho de 2010

....botões de fantasia


Os bicos dos teus seios
Que miram o céu azul
Inchados de emoção
Aguardam o calor das minhas mãos
Para gerar estrelas
E teus santos orifícios
Irrigados com leite, mel e chocolate
Superarão delícias
Num mar de gozo
E, num minuto,
O mundo será novo
Povoado
De sonho, fantasia e ilusão!
Não, é melhor que não venhas
Melhor permanecer, como agora,
Sem saber por quais caminhos,
Lugares e bancos
Os teus sonhos repousam.

No entanto há uma parte de mim
Que insiste
Em que, de fato, jamais partistes.
E ainda sonha
Com os dias gloriosos
De tua volta
E me sussura
Que não te esquecerei.

Talvez seja melhor que não venhas-
Repito, ansioso, por ouvir tua voz rouca
Me chamar, novamente, de “Meu lindo”!

Arrojos



Se a minha amada um longo olhar me desse
Dos seus olhos que ferem como espadas,
Eu domaria o mar que se enfurece
E escalaria as nuvens rendilhadas.

Se ela deixasse, extático e suspenso
Tomar-lhe as mãos "mignonnes" e aquecê-las,
Eu com um sopro enorme, um sopro imenso
Apagaria o lume das estrelas.

Se aquela que amo mais que a luz do dia,
Me aniquilasse os males taciturnos,
O brilho dos meus olhos venceria
O clarão dos relâmpagos nocturnos.

Se ela quisesse amar, no azul do espaço,
Casando as suas penas com as minhas,
Eu desfaria o Sol como desfaço
As bolas de sabão das criancinhas.

Se a Laura dos meus loucos desvarios
Fosse menos soberba e menos fria,
Eu pararia o curso aos grandes rios
E a terra sob os pés abalaria.

Se aquela por quem já não tenho risos
Me concedesse apenas dois abraços,
Eu subiria aos róseos paraísos
E a Lua afogaria nos meus braços.

Se ela ouvisse os meus cantos moribundos
E os lamentos das cítaras estranhas,
Eu ergueria os vales mais profundos
E abateria as sólidas montanhas.

E se aquela visão da fantasia
Me estreitasse ao peito alvo como arminho,
Eu nunca, nunca mais me sentaria
Às mesas espelhentas do Martinho.

Cesário Verde

Foto:Yuri B

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Nocturno de Chopin



Gosto de juntar palavras
no teu corpo
ouvir da tua voz
o sangue em fogo

Sentir a tua seiva a borbulhar
uma prece sedenta
em turbilhão
um jacto de magia

Beber dum trago voraz
as tuas carnes
depois cozer poemas
por parir

Misturar as tuas juras
nos meus dedos
deixar sílabas loucas
nas encostas

Depois acordar na alvorada
ver o teu torso nu adormecido
e saber que não foi sexo nem desejo
apenas um nocturno de Chopin.

Luís Graça

Foto:Stefan Beutler

de : jorge canese






Jorge Canese

Aprendí a callar,

A Calar

Aprendi a calar,
a sorrir
quando era absolutamente necessário,
a correr, a não sentir,
a amar sem que se note,
a comer sem prazer,
a esquecer logo,
a viver só,
a pensar nos demais
para não pensar em si mesmo
e a rezar para não despertar,
porque, às vezes,
(ainda apesar de tudo)
surge um desejo de viver
e o monstro segue firme
ao nosso lado
mesmo se resta apenas o remédio de esquecer
e recorrer à oração,
ao maratonismo e ao silêncio
para continuar fugindo e temendo,
para não pensar
que outro dia
as coisas podem ser de outra maneira.

Pablo Neruda (12/07/1904--23/09/1973)



Plena mulher, maçã carnal, lua quente,
espesso aroma de algas, lodo e luz pisados,
que obscura claridade se abre entre tuas colunas?
que antiga noite o homem toca com seus sentidos?
Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas,
com ar opresso e bruscas tempestades de farinha:
amar é um combate de relâmpagos e dois corpos
por um só mel derrotados.
Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito,
tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos,
e o fogo genital transformado em delícia
corre pelos tênues caminhos do sangue
até precipitar-se como um cravo noturno,
até ser e não ser senão na sombra de um raio.

Pablo Neruda

Foto:Yuri Bonder

quarta-feira, 16 de junho de 2010

tão distante.....




Eu te queria como um segredo que não soubesse desvendar;
Como uma sereia que não soubesse onde era o seu mar
Ou uma estrela que não conseguia avistar...
Eu te queria assim como só sabem querer os grandes amantes
E sonhava em te ver e te encontrar por todos os instantes,
Mas, por ironia, quando te encontrei sem esperar
Tive a sensação de que, por mais perto, estavas mais distante
E continuastes a ser, como sempre foi, a mulher dos meus sonhos
Que, de fato, irá continuar onde sempre esteve ...tão distante!

Jantar



Ao jantar, tive uma ninfa
para a sobremesa. Tirei-lhe o vestido
e fiquei com a polpa
nas mãos. Separei os gomos
dos seus seios, descasquei
a sua pele, soltei-lhe dos cabelos
os caroços, e vi o fruto abrir-se
num colar de róseas pérolas. Fiz
com que o seu sumo me escorresse
pelas mãos, e bebi-o na taça
dos seus lábios. Ao jantar,
com uma ninfa nua
no prato da sobremesa,
esperei pelo café; e enquanto
não chegava, esvaziei o prato,
e fiquei com fome.

Nuno Júdice

Imagem retirada do Google




La canción de la noche en el mar

Ruben Dário

¿Qué barco viene allá?
¿Es un farol o una estrella?
¿Qué barco viene allá?
Es una linterna tan bella
¡y no se sabe adónde va!
¡Es Venus, es Venus la bella!
¿Es un alma o es una estrella?
¿Qué barco viene allá?
Es una linterna tan bella…
¡y no se sabe adónde va!
¡Es Venus, es Venus, es Ella!
Es un fanal y es una estrella
que nos indica el más allá,
y que el Amor sublime sella,
y es tan misteriosa y tan bella,
que ni en la noche deja la huella
¡y no se sabe adónde va!

A canção da noite no mar

Que barco vem lá?
É um farol ou uma estrela?
Que barco vem lá?
É uma lanterna tão bela
E não se sabe onde vai!
É Venus, é Venus a bela!
É uma alma ou uma estrela?
Que barco vem lá?
É uma lanterna tão bela ...
E ninguém sabe vai!
É Venus, é Venus, é ela!
É um farol e é uma estrela
que indica mais além
e que o amor sublime sela,
e é tão misteriosa e tão bela
que nem na noite deixa rastro
E ninguém sabe onde vai!

terça-feira, 15 de junho de 2010

Agora que sinto amor



Agora que sinto amor
Tenho interesse no que cheira.
Nunca antes me interessou que uma flor tivesse cheiro.
Agora sinto o perfume das flores como se visse uma coisa nova.
Sei bem que elas cheiravam, como sei que existia.
São coisas que se sabem por fora.
Mas agora sei com a respiração da parte de trás da cabeça.
Hoje as flores sabem-me bem num paladar que se cheira.
Hoje às vezes acordo e cheiro antes de ver.

Alberto Caeiro

mulher africana....

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Uma poesia de Brel






Jacques Brel

Quand on n'a que l'amour
A s'offrir en partage
Au jour du grand voyage
Qu'est notre grand amour
Quand on n'a que l'amour
Mon amour toi et moi
Pour qu'éclatent de joie
Chaque heure et chaque jour
Quand on n'a que l'amour
Pour vivre nos promesses
Sans nulle autre richesse
Que d'y croire toujours
Quand on n'a que l'amour
Pour meubler de merveilles
Et couvrir de soleil
La laideur des faubourgs
Quand on n'a que l'amour
Pour unique raison
Pour unique chanson
Et unique secours
Quand on n'a que l'amour
Pour habiller matin
Pauvres et malandrins
De manteaux de velours
Quand on n'a que l'amour
A offrir en prière
Pour les maux de la terre
En simple troubadour
Quand on n'a que l'amour
A offrir à ceux-là
Dont l'unique combat
Est de chercher le jour
Quand on n'a que l'amour
Pour tracer un chemin
Et forcer le destin
A chaque carrefour
Quand on n'a que l'amour
Pour parler aux canons
Et rien qu'une chanson
Pour convaincre un tambour
Alors sans avoir rien
Que la force d'aimer
Nous aurons dans nos mains
Amis le monde entier.



Quando só temos o amor
Ao sofrer na partida
No dia da grande viagem
Que é o nosso grande amor
Quando só temos o amor
Meu amor, tu e eu
Na explosão de alegria
De cada hora de cada dia
Quando só temos o amor
Para viver nossas promessas
São nulas outras riquezas
Como muitos ainda acreditam
Quando só temos o amor
Para cobrir com as maravilhas
E cobrir com o sol
A feiúra dos subúrbios
Quando só temos o amor
È o único motivo
È a única canção
E o único recurso
Quando só temos o amor
Para vestir pela manhã
Pobres e vagabundos
casacos de veludo
Quando só temos o amor
Para oferecer em oração
Para os males da Terra
Tão simples
Quando só temos o amor
Para oferecer a estes
Cuja a única luta
É olhar para o dia
Quando só temos o amor
Para traçar um caminho
E forçar o destino
Em cada cruzamento
Quando só temos o amor
Para falar com canhões
E só uma canção
Para convencer um tambor
Assim, sem nada
Que o poder do amor
Temos em nossas mãos
Amigos em todo o mundo.

domingo, 13 de junho de 2010

Corpo adentro



Teu corpo é canoa
em que desço
vida abaixo
morte acima
procurando o naufrágio
me entregando à deriva.

Teu corpo é casulo
de infinitas sedas
onde fio
me afio e enfio
invasor recebido
com licores.

Teu corpo é pele exata para o meu
pena de garça
brilho de romã
aurora boreal
do longo inverno.

Marina Colasanti

Foto:Keiko Guest

eu sou dois.....


Há um anjo em mim
que toca banjo
Que voa, voa, baila
e não tem asas.
Há um anjo em mim
Que vê nas casas só prisão
E quer a liberdade, a liberdade,
a amplidão dos campos.

Há um anjo em mim que é um demônio
Que tocou fogo no meu coração
E faz da minha vida um inferno
Por não ter, da moda, um terno
E, eternamente, quer
possuir toda mulher.

Há um anjo e um demônio em mim
Que são assim irmãos
E se dão as mãos, os pés,
o sangue das veias
E se alimentam de amor
nas luas cheias.

um poeta peruano


EN EL MOMENTO QUE VENGAS A MÍ
Raúl Mendizábal


(y antes de las lluvias tu complacencia
y por los parques tu vientre hayas abandonado)
me hablarás de tu raigambre en las cosas elementales
te diré: en lima garúa
solamente

y en el momento que vengas a mí
(y antes de la ternura tus palabras necias
y tu sexo como una flor abierta sea previo a los sinsabores)
yo te rociaré con abundante espuma
tú un vals arrepentido dirás bailar


NO MOMENTO QUE VENS PARA MIM

(e antes das chuvas de tua indulgência
e pelos parques onde teu ventre foi abandonado)
me falaras de tuas raízes nas coisas elementares
E te direi: da nevoa de um arquivo
somente

e, no momento que tu vens para mim,
(e antes da ternura de tuas palavras tolas
E que teu sexo como uma flor aberta seja véspera dos desgostos)
Eu te roçarei com abundante espuma
Tu, uma valsa arrependida, dirás que vais dançar

Domingo, Junho 13, 2010

A solidão





Chico Buarque de Holanda

sábado, 12 de junho de 2010

alguem conhece este autor ??

Nova canção do exílio



Minha amada tem palmeiras
Onde cantam passarinhos
e as aves que ali gorjeiam
em seus seios fazem ninhos
Ao brincarmos sós à noite
nem me dou conta de mim:
seu corpo branco na noite
luze mais do que o jasmim
Minha amada tem palmeiras
tem regatos tem cascata
e as aves que ali gorjeiam
são como flautas de prata
Não permita Deus que eu viva
perdido noutros caminhos
sem gozar das alegrias
que se escondem em seus carinhos
sem me perder nas palmeiras
onde cantam os passarinhos.

Ferreira Gullar

Imagem retirada do Google

sexta-feira, 11 de junho de 2010




Lúbrica



Mandaste-me dizer,
No teu bilhete ardente,
Que hás-de por mim morrer,
Morrer muito contente.

Lançaste no papel
As mais lascivas frases;
A carta era um painel
De cenas de rapazes!

Ó cálida mulher,
Teus dedos delicados
Traçaram do prazer
Os quadros depravados!

Contudo, um teu olhar
É muito mais fogoso,
Que a febre epistolar
Do teu bilhete ansioso:

Do teu rostinho oval
Os olhos tão nefandos
Traduzem menos mal
Os vícios execrandos.

Teus olhos sensuais
Libidinosa Marta,
Teus olhos dizem mais
Que a tua própria carta.

As grandes comoções
Tu, neles, sempre espelhas;
São lúbricas paixões
As vívidas centelhas...

Teus olhos imorais,
Mulher, que me dissecas,
Teus olhos dizem mais,
Que muitas bibliotecas!

Cesário Verde

Foto:Stanmarek

Hah!



Há a mulher que me ama e eu não amo.
Há as mulheres que me acamam e eu acamo.
Há a mulher que eu amo e não me ama nem acama.

Ah essa mulher!

Tu eras mais feliz,Apollinaire.
montado num obus,voavas à mulher.
Tu foste mais feliz,meu artilheiro.
tiveste amor e guerra.

Eu andei pra marinheiro,
mas pus óculos e fiquei em terra.

Upa garupa na mulher que me acama,
que a outra é contigo,coração que bem queres
sofrer pelas mulheres...

Alexandre O'Neill

Foto:Eolo Perfido

quinta-feira, 10 de junho de 2010




Cuando me puse a pensar

José Martí

Cuando me puse a pensar
La razón me dio a elegir
Entre ser quien soy, o ir
El ser ajeno a emprestar,

Mas me dije: si el copiar
Fuera ley, no nacería
Hombre alguno, pues haría
Lo que antes de él se ha hecho:
Y dije, llamando al pecho,
¡Sé quien eres, alma mía!?

Quando me pus pensar

Quando me pus a pensar
A razão pela qual me elegeu
Sendo quem sou, ou ir
Um outro estranho buscar,

Então me disse: se a cópia
Fora lei, não nasceria
Homem algum, pois, teria
que existir antes de ser feito:
E disse, chamando-me ao peito,
Seja quem és, alma minha?

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Teu corpo claro e perfeito



Teu corpo claro e perfeito,

– Teu corpo de maravilha,
Quero possuí-lo no leito
Estreito da redondilha...

Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa... flor de laranjeira...

Teu corpo, branco e macio,
É como um véu de noivado...

Teu corpo é pomo doirado...

Rosal queimado do estio,
Desfalecido em perfume...

Teu corpo é a brasa do lume...

Teu corpo é chama e flameja
Como à tarde os horizontes...

É puro como nas fontes
A água clara que serpeja,
Quem em antigas se derrama...

Volúpia da água e da chama...

A todo o momento o vejo...
Teu corpo... a única ilha
No oceano do meu desejo...

Teu corpo é tudo o que brilha,
Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa, flor de laranjeira...

Manuel Bandeira

Foto:Miles Morgan

para os que me seguem habitualmente , mas , tambem para todo o mundo...

Pedaço de mim



Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar

Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais

Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi

Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Leva os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus

Chico Buarque

Foto:Joris Van Daele

...como uma onda.......




Inconcluso

Se o fim é no início
Ou o início é o fim
Não sei.

Muitas vezes é assim:
Faço o início no fim
Ou inicio no fim
Como se fim e início
Fossem sinônimos sim.

Dá-me prazer no início
Quando o início tem fim
Se bem que sou sempre assim:
Seja no início ou no fim.

Se tenho dúvidas no início.
Mais duvidas tenho no fim.
De forma que meu precipício
É o início e o fim.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Amor, pois que é palavra essencial



Amor – pois que é palavra essencial
comece esta canção e toda a envolva.
Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,
reúna alma e desejo, membro e vulva.

Quem ousará dizer que ele é só alma?
Quem não sente no corpo a alma expandir-se
até desabrochar em puro grito
de orgasmo, num instante de infinito?

O corpo noutro corpo entrelaçado,
fundido, dissolvido, volta à origem
dos seres, que Platão viu completados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.

Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?

Ao delicioso toque do clitóris,
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte, o fogo, o mel se concentraram.

Vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara,
mas, varado de luz, o coito segue.

E prossegue e se espraia de tal sorte
que, além de nós, além da prórpia vida,
como ativa abstração que se faz carne,
a idéia de gozar está gozando.

E num sofrer de gozo entre palavras,
menos que isto, sons, arquejos, ais,
um só espasmo em nós atinge o climax:
é quando o amor morre de amor, divino.

Quantas vezes morremos um no outro,
no úmido subterrâneo da vagina,
nessa morte mais suave do que o sono:
a pausa dos sentidos, satisfeita.

Então a paz se instaura. A paz dos deuses,
estendidos na cama, qual estátuas
vestidas de suor, agradecendo
o que a um deus acrescenta o amor terrestre.

Carlos Drummond de Andrade

Foto:Dean Agar






segunda-feira, 7 de junho de 2010

O Segredo



O segredo está no amor,
é evidente,
mas também em sabermos
afastar do nosso convívio
o que não presta.
Só quem se libertou
do medíocre e do vazio
poderá ser feliz.

Torquato da Luz

Foto:Christian Coigny