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terça-feira, 25 de novembro de 2008

Canção popular

Todo poeta verdadeiro é um monstro.
Que destrói pessoas com o seu discurso.
O seu canto eleva uma técnica que aniquila
A terra para que não nos devorem os vermes
O bêbado vende seu casaco.
O ladrão vende sua mulher.
Apenas o poeta vende sua alma para separá-la
Do corpo que ama

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

CHUVA E PREGUIÇA




A VIDA ME LEVA


Na cidade cinza
Num fim de tarde nebuloso
Onde o futuro
Tanto faz
Como tanto fez
Os velhos prédios assistem
As chaminés que tristes persistem
Soltando fumaça
Como sonhos que se vão.
Uma mulher de cabelos vermelhos,
Por contraste,
Me oferece a ilusão do amor
E, por falta do que fazer e frio,
Sigo o caminho da vida
Como uma folha no rio.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Mas gosto mesmo......

FIM DE SETEMBRO

Pretensão

Eu queria gostar de você
Com o sentimento dos jardineiros
Que cultivam rosas sem pensar
No tempo que vai embora.

Eu queria gostar de você
Sem que a passagem das horas
Me desse este temor de que o amanhã
Nunca vá acontecer
Senão como tempo inexistente

Eu queria gostar de você
Tão calmamente
Que o tempo resolvesse parar
Como única forma de respeitar
A significação de um amor
Que tem tudo de vulcão
E desliza como manso rio.

Eu queria gostar de você
Como gosto:
Por puro desafio

domingo, 9 de novembro de 2008

UMA POETISA ARGENTINA

Dame tu brazo, amor, y caminemos,

Julia Prilutzky

Dame tu brazo, amor, y caminemos,
dame tu mano y sírveme de guía.
Ya no quiero saber si es noche o día:
mis ojos estánciegos.Avancemos.
Dame tu estar, amor, en los extremos,
tu presencia y tu infiel sabiduría:
por los caminos de la sangre mía
ya no sé si es que vamos o volvemos.
Y no me digas nada. No es preciso.
Deja que vuelva al pórtico indeciso desde donde no escucho ni presencio:
Todo fue dicho ya, tan a menudo,
que ahora tengo miedo, amor, y dudo
de aquello que está al borde del silencio.

Dá-me teu braço, amor, e caminhemos

Dá-me teu braço, amor, e caminhemos,
Dá-me tua mão e serve-me de guia
Já não quero saber se é noite ou dia:
Meus olhos são cegos. Avancemos.

Da-me teu ser, amor, com teus extremos,
Tua presença e tua infiel sabedoria:
Pelas modos que meu sangue se esvaía
Já não sei se vamos ou se voltamos.

E não me digas nada. Não é preciso.
Deixa que eu volte ao portão indeciso
De onde não te escuto nem te presencio:

Tudo foi dito já, assim tão repetido,
Que agora tenho medo, amor, e duvido
Daquilo que está à beira do silêncio.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O risco de dizer que ........

NÃO SE APRESSE....


Paixão adormecida

O risco de dizer que te amo é enorme.
Dentro de mim um dragão de prazer dorme.

Lamento a santa inocência de teu olhar
Que, sem mim, não há de saber o que é gozar.

E rio dos que, inutilmente, te cortejam.
Sei que somente os mosquitos te beijam.

E sei também que a paixão adormecida
Mais cedo ou mais tarde há de criar vida.

Na espera só choro as horas perdidas.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O coração dentro de mim....

E não pode esperar o coração



Toda a lua e claridade
assim te quero, assim te vejo
e se te vejo o amor invade
meu corpo inteiro e o deixa aceso
e se te vejo o amor em mim
é um cheiro morno de jardim
A tua dor doendo em mim
é um rio latejando aceso
sou um cantareiro no jardim
do sonho em que te quero e vejo
primaveras de claridade
na primavera que me invade
Toda nua és um rio aceso
de primavera e claridade
mas quero mais do que o que vejo
sentindo a angústia que me invade
esse amor que doendo em mim
arde em silêncio no jardim
Extinta a angústia que me invade
te sinto perto e junto a mim
mais do que amar a claridade
amo teu cheiro de jardim
por isso à noite durmo aceso
no dia em que te sinto e vejo.
Teu coração é um jardim
tremulando na claridade
mesmo quando doendo em mim
também é a angústia que me invade
porque no dia em que te vejo
teu corpo dorme em mim aceso
No fundo dos teus olhos vejo
longe da angústia que me invade
como o amor doendo aceso
é uma trança de claridade
o coração dentro de mim
dorme abrasado em teu jardim.

Jaci Bezerra

Foto:Stanmarek