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sábado, 31 de janeiro de 2009

Gozo



Viro, reviro,
Revido.
Torço
Abraço
Atiro
Me afasto.
Grito
Afago
Aninho.
Me deito
Te agarro
Nos mordemos
Nos amamos.
Num impulso
te expulso.
Me seguras,
Penetras,
Me apertas
Te enlouqueço
Gozamos.
Eita, doidera boa!

Léa Waider

Foto:Stanmarek

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Meus olhos ainda percorrem teu rosto......

Imagens



Meus olhos percorreram teu rosto...
Envolvi-me em tua alma inocente.
Não entendi o que você me disse,
Fiquei encantado com a ópera da sua voz:
A música dos anjos.

Você não existe... ( existes , sim....)

Apenas imagens...
Sentimentos são puros

Apenas a lembrança...
Anjos resistem ao tempo

O mundo é feito de imagens,
A imagem do amor é você.
Até hoje não sei se sonhei
Ou continuo acordado.
Quero voltar ao passado,
Tentar encontrar você no futuro.

A fotografia do tempo na lembrança
De quem testemunhou
A queda de um anjo na terra.

- Talvez este sonho nunca acabe.

Thiago Maia

Foto:Howard Schatz

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

ESTE VAZIO QUE NÃO SE EXPLICA...




Metade

Sei que percebi a solidão
como percebi a vida
sem clareza
como uma imagem
difusa e distante-
míope que sou.

A vida,
só sinto,
como a busca sem fim
de algo que não há,
mas, sinto se você
não está
uma imensa falta de mim.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Se eu nunca disse que os teus dentes



Se eu nunca disse que os teus dentes
São pérolas,
É porque são dentes.
Se eu nunca disse que os teus lábios
São corais,
É porque são lábios.
Se eu nunca disse que os teus olhos
São d'ónix, ou esmeralda, ou safira,
É porque são olhos.
Pérolas e ónix e corais são coisas,
E coisas não sublimam coisas.
Eu, se algum dia com lugares-comuns
Houvesse de louvar-te,
Decerto que buscava na poesia,
Na paisagem, na música,
Imagens transcendentes
Dos olhos e dos lábios e dos dentes.
Mas crê, sinceramente crê,
Que todas as metáforas são pouco
Para dizer o que eu vejo.
E vejo lábios, olhos, dentes.

Reinaldo Ferreira

Foto:Emrah Icten

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Federico Garcia Lorca- 5 de junho de 1898 /19 de agosto de 1936



O poeta pede a seu amor que lhe escreva

Amor de minhas entranhas, morte viva,
em vão espero tua palavra escrita
e penso, com a flor que se murcha,
que se vivo sem mim quero perder-te.
O ar é imortal. A pedra inerte
nem conhece a sombra nem a evita.
Coração interior não necessita
o mel gelado que a lua verte.

Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias,
tigre e pomba, sobre tua cintura
em duelo de mordiscos e açucenas.
Enche, pois, de palavras minha loucura
ou deixa-me viver em minha serena
noite da alma para sempre escura.

Foto:Piotr Kowalik

domingo, 11 de janeiro de 2009

Entrevista



Telefonam-me do jornal:
-Fale de amor-
diz o repórter,
como se falasse
do assunto mais banal.

-Do amor? -Me rio
informal. Mas
ele insiste:
-Fale-me de amor-
sem saber, displicente,
que essa palavra
é vendaval.

-Falar de amor? -Pondero:
o que está querendo, afinal?
Quer me expor
no circo da paixão
como treinado animal?

-Fala...-insiste o outro
-Qualquer coisa.
Como se o amor fosse
- qualquer coisa -
prá se embrulhar no jornal.

-Fale bem, fale mal,
uma coisa rapidinha
-ele insiste, como se ignorasse
que as feridas de amor
não se lavam com água e sal.

Ele perguntando
eu resistindo,
porque em matéria de amor
e de entrevista
qualquer palavra mal dita
é fatal.

Affonso Romano de Sant'Anna

Foto:Mehmet Alci

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terça-feira, 6 de janeiro de 2009

MISTRAL


DAME LA MANO

Gabriela Mistral

Dame la mano y danzaremos;
dame la mano y me amarás.
Como una sola flor seremos
como una flor y nada más...

El mismo verso cantaremos,
al mismo paso bailarás.
Como una espiga ondularemos,
como una espiga y nada más.

Te llamas Rosa y yo Esperanza;
pero tu nombre olvidarás,
porque seremos una danza
en la colina y nada más...


Dá-me tua mão

Dá-me a tua mão e dançaremos;
Dá-me a tua mão e me amarás.
Como uma só flor nós seremos
Como uma flor e nada mais ...

O mesmo verso cantaremos,
Ao mesmo passo bailarás.
Como uma espiga ondularemos,
Como uma espiga, e nada mais.

Te chamas Rosa e eu, Esperança;
Porém teu nome esqueçerás,
Porque seremos uma dança
Sobre a colina, e nada mais ...