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terça-feira, 30 de novembro de 2010

..Diz-me.....

Beijo



Diz-me que o beijo
Exprime toda a essência viva e profunda
Da manhã
E diz-me que me queres assim
Planalto e mar
Dunas e luz
Diz-me do beijo que sentes de mim.

De: Paula Raposo

domingo, 28 de novembro de 2010

..SALGUEIRO......



Adoro esta mulher moça e formosa,
Que à janela, a sonhar, vejo esquecida,
Não por ter uma casa sumptuosa
Junto ao Rio Amarelo construída…
- Amo-a porque uma folha melindrosa
Deixou cair nas águas distraída.
Tambem adoro a brisa do Levante
Não por trazer a essência virginal
Do pessegueiro que floriu distante,
No pendor da Montanha Oriental…
- Amo-a porque impeliu a folha errante
Ao meu batel no lago de cristal.
E adoro a folha, não por ter lembrado
A nova primavera que rompeu,
Mas por causa de um nome idolatrado
Que essa jovem mulher n’ela escreveu
Com a doirada agulha do bordado…
E esse nome… era o meu !


António Feijó - in Poesias Completas

sábado, 27 de novembro de 2010

.A vida é breve...oh , se é....




A vida é uma breve passagem;
Sendo rápida demais para perder tempo
Ficando a cultivar sentimentos
De momentos que o tempo levou
Ainda que se tenha sido bonito
Enquanto foram vividos,
Mas, que ao voltar-se neles fazem sofrer.

A vida em sua breve passagem,
Não nos dá segundas chances
Dos minutos se faz um destino
Eles são o nosso tempo
E o tempo é o presente...
O passado é apenas um quadro,
Que o artista do tempo emoldurou!

Ataíde Lemos & Reggina Moon


...minha outra metade....





Você é uma primavera que de repente
Surgiu quando em pleno outono vivia.
Transformou minha estação plenamente
Deixando-a perfumada e repleta de alegria.

Você, veio como um belo luar reluzente
Quando me encontrava em total escuridão
Seu brilho tornou-se um sol incandescente
Que deu nova vida para um abatido coração.

Você apareceu num momento mais que certo
Quando achava-me perdido, com rumo incerto
E deu novo colorido vigorando meu viver.

Fico a olhar para o infinito deslumbrado
Não cabendo em mim tamanha felicidade
Por ter encontrado minha outra metade.

Ataíde Lemos

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

...todavia.....




Para hacer el amor

Antonio Cisneiros

Para hacer el amor
debe evitarse un sol muy fuerte sobre los ojos de la muchacha
tampoco es buena la sombra si el lomo del amante se achicharra
para hacer el amor.
Los pastos húmedos son mejores que los pastos amarillos
pero la arena gruesa es mejor todavía.
Ni junto a las colinas porque el suelo es rocoso ni cerca
de las aguas.
Poco reino es la cama para este buen amor.
Limpios los cuerpos han de ser como una gran pradera:
que ningún valle o monte quede oculto y los amantes
podrán holgarse en todos sus caminos.
La oscuridad no guarda el buen amor.
El cielo debe ser azul y amable, limpio y redondo como un techo
y entonces
la muchacha no vera el Dedo de Dios.
Los cuerpos discretos pero nunca en reposo,
los pulmones abiertos,
las frases cortas.
Es difícil hacer el amor pero se aprende.

Para fazer amor

Para fazer amor
Deve-se evitar um sol muito quente nos olhos da amada
Tampouco é boa a sombra se agitado está o amante
para fazer amor.
Os campos úmidos são melhores do que a grama amarela,
porém, o cascalho é melhor ainda.
Nem perto dos montes, porque o solo é rochoso, nem próximo
das águas.
Um pequeno reino é a cama para este bom amor.
Limpos os corpos tem que ser como uma imensa planície:
Que nenhum vale ou montanha esteja oculto e os amantes
possam alegrar-se em todos os seus caminhos.
A escuridão não serve para o bom amor.
O céu deve ser azul e amável, limpo e redondo como um telhado
e, então,
a amada não verá o dedo de Deus.
Os corpos discretos, mas nunca em repouso,
o pulmão aberto
as frases curtas.
É difícil fazer amor, porém, se aprende.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

..amar-te-ia.....







Confissão

Se uma palavra pudesse
Encurtar o oceano
E viesse o vento
Não levando os sonhos...

Acenderia a chama
Que aquece e invade a alma...

Ouviria teus versos,
Desafiando a eternidade.

Amar-te-ia...

Com a mais pura e louca vontade
Desenhar-te-ia em traços
Suaves toques de amor e arte...

Suaves toques de amor e arte

Ah!

Se apenas uma palavra
Fosse suficiente
Para tê-lo em minha frente
E meu amor confessar...

Confessaria...




Rose Felliciano

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

..soneto de amor....




Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma... Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.

Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.

E em duas bocas uma língua..., – unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.

Depois... – abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus, não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!

José Régio

Foto:Irina Velichko

terça-feira, 23 de novembro de 2010

...canção da hora inesperada....


Se não és um fantasma,
Se não tenho ilusão,
Por favor,
Não, não diga nada,
Nada de explicação.
Me dá só tua mão,
Me olha com o mesmo olhar
Que vou por a música pra tocar.
Só te dou permissão
Para um copo de vinho,
Um carinho, um beijo, talvez,
Antes de dançar.
Como pode ser a última vez
Só preciso que saiba
Que, hoje, me fez
Muito feliz.



A pior morte, a mais triste das perdas,
não é quando morre alguém que amamos...
mas sim, quando morremos dentro da pessoa amada.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

..á beira de ti.....



Amei-te? Sim. Doidamente!
Amei-te com esse amor
Que traz vida e foi doente...

À beira de ti, as horas
Não eram horas: paravam.
E, longe de ti, o tempo
Era tempo, infelizmente...

Ai! esse amor que traz vida,
Cor, saúde... e foi doente!

Porém, voltavas e, então,
Os cardos davam camélias,
Os alecrins, açucenas,
As aves, brancos lilases,
E as ruas, todas morenas,
Eram tapetes de flores
Onde havia musgo, apenas...

E, enquanto subia a Lua,
Nas asas do vento brando,
O meu sangue ia passando
Da minha mão para a tua!

Por que te amei?
— Ninguém sabe
A causa daquele amor
Que traz vida e foi doente.

Talvez viesse da terra,
Quando a terra lembra a carne.
Talvez viesse da carne
Quando a carne lembra a alma!
Talvez viesse da noite
Quando a noite lembra o dia.

— Talvez viesse de mim.
E da minha poesia...

Pedro Homem de Mello

..eterna princesa.....



Sou apaixonado pelo seu rosto
Delicado, suave de traços perfeitos.
Sou apaixonado pelos seus cabelos
Longos que o vento faz bailar.
Sou apaixonado pelos seus olhos
Qual brilho me faz encantar
Sou apaixonado pelo seu sorriso
Que lhe deixa ainda mais bonita.
Sou apaixonado pelo tom de sua voz
Sereno, alegre como som de uma canção.
Sou apaixonado pelo seu jeito de expressar
Brincalhona, fazendo-me sentir criança.
Sou apaixonado pela cor da sua pele
E pela escultura de seu corpo
Que faz o meu te desejar.
Sou apaixonada pela sua beleza
Minha eterna princesa.

Ataíde Lemos

domingo, 21 de novembro de 2010

...toma essas rosas de Dezembro agora...


Toma essas rosas de Dezembro agora,
Que ao frio, à chuva, esta manhã colhi,
Elas trazem humildes, lá de fora,
Saudades da montanha até aqui.

Hão de morrer d’aqui a pouco, embora!
Em cada curva, onde o perfume ri,
Trazem mais o terno duma hora,
que um frágil coração bateu em ti.

Aceita-as pois, mas, como a vida é breve,
E, um dia, peno, leve e branca a neve,
Há-de cair sobre o teu peito em flor,

(Não vá Dezembro algum murchar-te o encanto)
Deixa tu que eu te colha agora, enquanto
Tens sol, tens mocidade e tens amor.


Joaquim Nunes Claro

...é uma coisa que.....

O amor



É uma coisa que desliza
por cima das lagoas
que corre pelos campos sem sentido
que empurra o vento
e apruma o sol no solstício
que derruba a bruma e fecha o horizonte
que nos faz ver de noite e de dia cegos
tacteando o ar sem provimento
que dá o movimento aos astros
e às sombras infinitas
que abre o mar por onde os escravos passam
e ficam livres sem saber
é a cascata que nos dilui
e lança na corrente sem perfídia
até ao oceano dos sentidos
é o iceberg que se funde
e derrota os titanics
que passam solitários pelas albas
é o assombro da manhã
o cantar dos ralos nas searas
o despertar das aves e rebanhos
o charco onde crescem amarelo e roxo
as flores da primavera

é só eu e tu
como nas novelas

Henrique Ruivo

Imagem retirada do Google

sábado, 20 de novembro de 2010

De: Jaimes Sabines







Teu corpo está do meu lado

Teu corpo está do meu lado
fácil, doce, calado.
Tua cabeça em meu peito se arrepende
com os olhos fechados
e eu te olho e fumo
e acaricio teus cabelos enamorado.
Esta ternura mortal com que me calo
é te abraçar, ainda que tenha
imóveis os meus braços.
Eu olho para meu corpo, o músculo
em que repousa o teu cansaço,
teu macio e apertado seio escondido
e sob ele o lento e macio respirar do teu ventre!
sem meus lábios.
Te digo à meia voz
coisas que invento a todo instante
e fico deveras triste e só
e te beijo como se fosse o teu retrato.
Tu, sem falar, me olhas
e me aperta e te pões aos prantos
Sem lágrimas, sem olhos, sem espanto.
E eu volto a fumar, enquanto as coisas
começam a ouvir o que nós não conversamos.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

De: Jose Agustin Goytisolo





La noche le es propicia

José Agustin Goytisolo

Todo fue muy sencillo:
ocurrió que las manos
que ella amaba,
tomaron por sorpresa
su piel y sus cabellos;
que la lengua
descubrió su deleite.
¡Ah! detener el tiempo!
Aunque la historia
tan sólo ha comenzado
y sepa que la noche
le es propicia,
teme que con el alba
continúe su sed
igual que siempre.
Ahora el amor la invade
una vez más. ¡Oh tú
que estás bebiendo!
Apiádate de ella,
su garganta está seca,
ni hablar puede.
Pero escucha su herido,
respira la agonía
de un éxtasis
y el ruego: ¡no te vayas,
no, no te vayas. ¡Quiero
beber yo!

De: La noche le es propicia


A noite é muito propícia

Tudo era muito simples:
Ocorreu que as mãos
que ela adorava
tomaram de surpresa
sua pele, seus cabelos;
e a língua
descobriu o seu deleite.
Ah! parar o tempo!
ainda que a história
mal tenha começado
e sei que a noite
e muito propícia,
e teme que o amanhecer
continue sua sede
igual como sempre.
Agora o amor a invade
uma vez mais. Oh, tu
que estais bebendo!
Tenha pena dela,
sua garganta está seca,
nem falar pode.
Porém, escuta seu gemido
sua respiração de agonia
de extâse
e o apelo: não te vais,
não, não te vais.
Eu quero te beber!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

o não belo.....



Um dia destes falo-te de amor
(não sei se sabes o que é),
ou falo-te do mar que é lindo
e do sol que destrói
o não belo de nós.

Um dia qualquer,
eu vou ter mesmo que te falar
de luz e cor,
de promessas e de futuro.
Terei que te falar
- um dia destes -
de nós.

Quer queiras ou não.


quarta-feira, 17 de novembro de 2010

para as minhas amizades e que comentam do Brasil

Ternura



Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar
extático da aurora.

Vinícius de Moraes

Foto:Sergey Ryzhkov

terça-feira, 16 de novembro de 2010

..com o mar ali defronte.....

l AUSÊNCIA
 AUSÊNCIA
Descrição:

AUSÊNCIA

Morro de ausência,

do veneno do nada.

Ave de infinito

na rocha parada

a olhar sem vontade

o horizonte.

Garras de impotência,

a saudade num grito

de silêncio, construído

de lágrimas de memória,

com o mar ali de fronte.

Forma pelos dedos

desenhada

de um sonho tornado

efémero, sem glória.

A beleza de um hino

que preencheu a vida,

rompeu em segredo

as fronteiras do corpo,

bebeu o divino

e se fez vazio;

um vazio de ausência

em que sem sentido

morro do veneno do nada.


De: Helena Guimarães

camané um senhor do fado.....

domingo, 14 de novembro de 2010

..teu corpo é,,,,,,,,

Corpo adentro



Teu corpo é canoa
em que desço
vida abaixo
morte acima
procurando o naufrágio
me entregando à deriva.

Teu corpo é casulo
de infinitas sedas
onde fio
me afio e enfio
invasor recebido
com licores.

Teu corpo é pele exata para o meu
pena de garça
brilho de romã
aurora boreal
do longo inverno.

Marina Colasanti

sábado, 13 de novembro de 2010

comprido, mas , vale a pena ler....

Sábado, Novembro 13, 2010

Aconteceu-me......



Eu vinha de comprar fósforos
e uns olhos de mulher feita
olhos de menos idade que a sua
não deixavam acender-me o cigarro.
Eu era eureka para aqueles olhos.
Entre mim e ela passava gente como se não passasse
e ela não podia ficar parada
nem eu vê-la sumir-se.
Retive a sua silhueta
para não perder-me daqueles olhos que me levavam espetado
E eu tenho visto olhos !
Mas nenhuns que me vissem
nenhuns para quem eu fosse um achado existir
para quem eu lhes acertasse lá na sua ideia
olhos como agulhas de despertar
como íman de atrair-me vivo
olhos para mim!
Quando havia mais luz
a luz tornava-me quase real o seu corpo
e apagavam-se-me os seus olhos
o mistério suspenso por um cabelo
pelo hábito deste real injusto
tinha de pôr mais distância entre ela e mim
para acender outra vez aqueles olhos
que talvez não fossem como eu os vi
e ainda que o não fossem, que importa?
Vi o mistério!
Obrigado a ti mulher que não conheço.

Almada Negreiros

Imagem retirada do Google

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

..Y resbaló......




Memoria

Rodrigo Ridruejo

Y resbaló el amor estremecido
por las mudas orillas de tu ausencia.
La noche se hizo cuerpo de tu esencia
y el campo abierto se plegó vencido.

Un ayer de tus labios en mi oído,
una huella sonora, una cadencia,
hizo flor de latidos tu presencia
en el último borde del olvido.

Viniste sobre un aire de amapolas.
Como suspiros estallando rojos,
bajo el ardor de las estrellas plenas,

los labios avanzaron como olas.
Y sumido en el sueño de tus ojos
murió el dolor en las floridas venas.

Memória

E resvalou o amor estremecido
por trás do silêncio de tua ausência.
A noite tornou-se o corpo de tua essência
e o campo aberto se quedou rendido.

Um ontem de teus lábios no meu ouvido,
uma trilha sonora, uma cadência,
fez do som de teus passos tua presença
na última borda do antes de esquecido.

Viestes feito o aroma de papoulas.
Como suspiros vermelhos estalando,
sob o calor de múltiplas estrelas,

os lábios avançaram como ondas.
e, no sonho de teus olhos dormindo,
morreu a dor nas floridas veias.

para reflecção....srsrrsrsrsrsrs

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

roubadinho....INFINIDADE.

Sinto as palavras acariciarem levemente o meu pensamento,
Desvendo o enigma do meu sentir
Pouso os meus lábios em tua pele,
A cor do batom sublinha as letras invisíveis do meu nome
Abraço-te ainda mais forte, colo-me a ti!
Entrego-me plena, intensa e húmida.
Vem...sem pressa, temos a infinitude do Tempo ao nosso dispor!

'Devemos tombar de amores,
Como se nunca tivessemos sido magoados!
Drew Barrymore

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

...tarde demais..................

 
  
Quando chegaste enfim, para te ver
Abriu-se a noite em mágico luar;
E para o som de teus passos conhecer
Pôs-se o silêncio, em volta, a escutar...

Chegaste, enfim! Milagre de endoidar!
Viu-se nessa hora o que não pode ser:
Em plena noite, a noite iluminar
E as pedras do caminho florescer!

Beijando a areia de oiro dos desertos
Procurara-te em vão! Braços abertos,
Pés nus, olhos a rir, a boca em flor!

E há cem anos que eu era nova e linda!...
E a minha boca morta grita ainda:
Porque chegaste tarde, ó meu Amor?!...

Florbela Espanca

..timidez................

Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...

- mas só esse eu não farei.

Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...

- palavra que não direi.

Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,

- que amargamente inventei.

E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...

e um dia me acabarei.

Cecília Meireles

terça-feira, 9 de novembro de 2010




Ó Mulher! Como és fraca e como és forte!
Como sabes ser doce e desgraçada!
Como sabes fingir quando em teu peito
A tua alma se estorce amargurada!

Quantas morrem saudosa duma imagem.
Adorada que amaram doidamente!
Quantas e quantas almas endoidecem
Enquanto a boca rir alegremente!

Quanta paixão e amor às vezes têm
Sem nunca o confessarem a ninguém
Doce alma de dor e sofrimento!

Paixão que faria a felicidade.
Dum rei; amor de sonho e de saudade,
Que se esvai e que foge num lamento!

Florbela Espanca

..mas quem tem...?? Romantismo....


Quem tivesse um amor, nesta noite de lua,
para pensar um belo pensamento
e pousá-lo no vento!...
Quem tivesse um amor - longe, certo e impossível -
para se ver chorando, e gostar de chorar,
e adormecer de lágrimas e luar!
Quem tivesse um amor, e, entre o mar e as estrelas,
partisse por nuvens, dormente e acordado,
levitando apenas, pelo amor levado...
Quem tivesse um amor, sem dúvida nem mácula,
sem antes nem depois: verdade e alegoria...
Ah! Quem tivesse... (Mas quem tem? Quem teria?)


Cecília Meireles

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

..sei que sim....................mas..........




Sé que piensas en mí...

Homero Aridjis

Sé que piensas en mí
porque los ojos se te van para adentro
y tienes detenida en los labios
una sonrisa que sangra largamente
Pero estás lejos
y lo que piensas
no puede penetrarme
yo te grito Ven
abre mi soledad en dos
y mueve en ella el canto
haz girar este mundo detenido
Yo te digo Ven
déjame nacer sobre la tierra.


Sei que pensas em mim...

Sei que pensas em mim
Porque teus olhos se fecham
E tens nos lábios apertados
Um sorriso vago que sangra largamente.
Porém, estais distante
E o que pensas
Não pode penetrar-me
E eu te grito vem
Abre minha solidão em dois
E move nela o canto
Que faz girar este mundo parado.
Eu te digo vem
Deixa-me nascer de novo para a terra.

domingo, 7 de novembro de 2010

..esperança.....



Meus olhos procuram os teus
por todos os lugares,
mesmo sabendo que estás
tão distante e tão indiferente.
Meus passos insistem em seguir
os teus,
mesmo sem saber que rumo tomar...
Minhas mãos procuram pelas tuas
que há muito tempo lhe disseram adeus.
Meu coração ainda bate acelerado
ao lembrar de ti, do teu sorriso,
da tua voz,
Mesmo sabendo que não está
mais em tuas lembranças.
Minha alma busca pela tua
por todos os caminhos,
por todos os sonhos...
Até que um dia esteja novamente,
para sempre...
dentro de ti.


Lúcia Polonio




sábado, 6 de novembro de 2010

Magia



Quando pela manhã se abrem as janelas
E entra a brisa da felicidade, isto é magia.
Quando se cheira uma rosa encantada
E se sente o perfume de um beijo ardente, isto é magia.
Quando os raios escaldantes do sol
Se transformam em fonte eterna, isto é magia.
Quando se mergulha nas gotas da chuva
E navegamos pela imensidão, isto é magia.
Quando se toca na cores quentes do por do sol
E descobrimos cânticos dourados, isto é magia.
Quando se vê no reflexo do brilho do luar
Os contornos íntimos da sua beleza,
Se sente o perfume ardente do teu beijo,
O calor penetrante da tua ternura,
A imensidão absorvente do teu carinho,
Isto é AMOR.

Jorge Viegas

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

..com teus l´bios de espuma....

Coração Polar



Não sei de que cor são os navios
quando naufragam no meio dos teus braços
sei que há um corpo nunca encontrado algures no mar
e que esse corpo vivo é o teu corpo imaterial
a tua promessa nos mastros de todos os veleiros
a ilha perfumada das tuas pernas
o teu ventre de conchas e corais
a gruta onde me esperas
com teus lábios de espuma e de salsugem
os teus naufrágios
e a grande equação do vento e da viagem
onde o acaso floresce com seus espelhos
seus indícios de rosa e descoberta.
Não sei de que cor é essa linha
onde se cruza a lua e a mastreação
mas sei que em cada rua há uma esquina
uma abertura entre a rotina e a maravilha .
há uma hora de fogo para o azul
a hora em que te encontro e não te encontro
há um ângulo ao contrário
uma geometria mágica onde tudo pode ser possível
há um mar imaginário aberto em cada página
não me venham dizer que nunca mais
as rotas nascem do desejo
e eu quero o cruzeiro do sul das tuas mãos
quero o teu nome escrito nas marés
nesta cidade onde no sítio mais absurdo
num sentido proibido ou num semáforo
todos os poentes me dizem quem tu és.

Manuel Alegre

Nota: Este poeta com um passado historico de esquerda ( PS )

é um dos candidatos a presidente da republica portuguesa

em Janeiro de 2011.

 ESPERO
Descrição:

Perdido em meus pensamentos

olho, além, a auto-estrada.

Alguém bebe, rápido, um café

junto ao balcão.

Uma pausa no caminho,

intervalo de um destino,

ou o cansaço de uma madrugada!

Um casal de velhos

apoia-se no corrimão

esperando o tempo acontecer.

.O sol de Setembro,

cálido, atravessa o vidro,

as flores definham de sede

no jardim.

O dia desagua lento

no morno entardecer...

.

Mas eu não caminho,

eu espero!

Pela fantasia,

ou por mim?

H.G Setembro 2002

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Algún día

Darío Jaramillo

Algún día te escribiré un poema que no
mencione el aire ni la noche;
un poema que omita los nombres de las flores,
que no tenga jazmines o magnolias.
Algún día te escribiré un poema sin pájaros,
sin fuentes, un poema que eluda el mar
y que no mire a las estrellas.
Algún día te escribiré un poema que se limite
a pasar los dedos por tu piel
y que convierta en palabras tu mirada.
Sin comparaciones, sin metáforas;
algún día escribiré un poema que huela a ti,
un poema con el ritmo de tus pulsaciones,
con la intensidad estrujada de tu abrazo.
Algún día te escribiré un poema, el canto de mi dicha.

Algum dia

Um dia te escreverei um poema que não
mencione o ar ou a noite;
um poema que omita os nomes das flores
que não tenha jasmim ou magnólia.
Um dia escreverei um poema sem pássaros
sem uma fonte, um poema que se desvie do mar
e não olhe para as estrelas.
Um dia escreverei um poema que se limite
a passar os dedos por tua pele
e que as palavras se convertam no teu olhar.
Sem comparações, sem metáforas;
Um dia escreverei um poema com teu perfume,
um poema com o ritmo de tuas pulsações,
com a intensidade esmagadora do teu abraço.
Um dia escreverei um poema, um canto da minha felicidade.

pois é....a vida tem destas coisas....


Morri ontem



Toda a vida que eu vivesse / Jurei que te dedicava
E toda a a vida deixava / No dia em que te perdesse

Deixei de ver-te, ceguei / Quis falar-te e fiquei mudo
Os meus sentidos e tudo / Que era meu, abandonei

Morri ontem, podem crer
Á hora em que o sol, morria
Á hora triste, em que o dia
É dia, e deixa de o ser;
Comigo nunca mais contem
Pois de mim mais nada existe
Morri quando tu partiste
Partiste ontem, morri ontem

A vida que Deus me deu / Só foi minha até á altura
Em que por sagrada jura / Todo o meu viver foi teu

Sem saberes o que fazias / Presa a outro amor fugiste
Sem pensares quando partiste / Que a minha vida partia


Nota: poema cantado por um cantor romantico já falecido Tony de Matos

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Vem!
Vem comigo
Cansados de Amor
Mergulhemos juntos na noite no silêncio dos Amantes
Amor Amor Amor
Repete comigo as palavras que nos dão paz...

..ás vezes confundo.....



Sempre Ela!


Ela chegou!... o meu verso... meu mundo...
Ela – um amor só para mim!...
O cheiro dela: O aroma de jasmim!
Com ela viajo num sonho profundo!...


Com ela chego ao topo do mundo,
Vôo com ela, como um querubim;
O amor por ela... um imenso jardim!
Ela? Eu? Sei lá! Às vezes confundo!...


Ela – a mais bela!... seios palpitando...
Oh! Olhos!... Fito as pálpebras se abrindo!...
Caio nas formas dela sempre cantando...


— Não te rias deste pobre, anjo lindo! ...
com ela as noites são mais brilhantes!
Por ela rendo-me sorrindo!...


Machado de Carlos