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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Isabel de Sousa ( luadiurna )



 
 
Para que me visses
 incendiei o sol de abril
 abri os casulos das borboletas azuis
 espelhando no ceu as gaivotas
 e o rio
o teu rosto queimava
 na hora do meio dia
 e â noite
a lua trazia-me a loucura
 das palavras sussurradas
onde se instalava
 o frémito da paixão
a manhã era um sorriso aberto
 no meu corpo
 
os girassois caminham
 em direção â luz

isabel de sousa

luadiurna  




por Ricardo- águialivre

Em exultação navega meu pensamento

 Contigo passearia pelo deserto do desnorte
 Onde a meditação é a claridade do mundo
 Enfrentando trovoadas em desvio da sorte
 No atrevimento deste meu amor profundo
Saber verdades reflectidas na luz do segredo
 Onde habitam doutrinas do nosso entardecer
 Sentir em meu sonho teus beijos sem medo
 No isolado sorriso de amor onde quero viver
Por ti deixaria meu silêncio de preocupação
 Fecharia as chagas abertas em meu coração
 Nos mistérios do afecto em vida sem tempo
Faria do sentimento reflexão em níveo linho
 De teu abraço, meu paraíso, luz do caminho
 Onde em exultação navega meu pensamento

 por Ricardo- águialivre 


domingo, 30 de agosto de 2015

Acácio Costa. ///// Horas da saudade

Horas da saudade
 
 
Onde estás, meu amor ?
 Chegou a chuva à cidade.
 Onde estás meu amor?
 Procuro-te na brisa do mar
 no luar do mês de agosto
 no teu beijo de amar
 no despedir do sol-posto
 neste meu imenso tormento
 que retrata o sofrimento
 de ti meu amor que estás longe
 que voa comigo agora
 no sopro sôfrego do vento!
 Onde estás, meu amor?
 Chegou a chuva à cidade.
 Já são horas. Horas caladas.
 Horas rubras da saudade!


Acácio Costa.  


EUGÉNIO DE ANDRADE //// As frágeis Hastes



 
Não voltarei à fonte dos teus flancos
 ao fogo espesso do verão
 a escorrer infatigável
 dos espelhos, não voltarei.
Não voltarei ao leito breve
 onde quebrámos uma a uma
 todas as frágeis
 hastes do amor.
Eis o outono: cresce a prumo.
 Anoitecidas águas
 em febre em fúria em fogo
 arrastam-me para o fundo
 

EUGÉNIO DE ANDRADE  


sábado, 29 de agosto de 2015

Casimiro de Abreu Quando tu choras

Quando Tu Choras


Quando tu choras, meu amor, teu rosto
Brilha formoso com mais doce encanto,
E as leves sombras de infantil desgosto
Tornam mais belo o cristalino pranto.

Oh! nessa idade da paixão lasciva
Como o prazer, é o chorar preciso:
Mas breve passa - qual a chuva estiva -
E quase ao pranto se mistura o riso.

É doce o pranto de gentil donzela,
É sempre belo quando a virgem chora:
- Semelha a rosa pudibunda e bela
Toda banhada do orvalhar da aurora.

Da noite o pranto, que tão pouco dura,
Brilha nas folhas como um rir celeste,
E a mesma gota transparente e pura
Treme na relva que a campina veste.

Depois o sol, como sultão brilhante,
De luz inunda o seu gentil serralho,
E às flores todas - tão feliz amante -
Cioso sorve o matutino orvalho.

Assim, se choras, inda és mais formosa,
Brilha teu rosto com mais doce encanto:
- Serei o sol e tu serás a rosa...
Chora, meu anjo, - beberei teu pranto!



Autor: Casimiro de Abreu 
 
 
 
 

terça-feira, 18 de agosto de 2015

António Ramos Rosa, in 'O Teu Rosto' /// É por Ti que Escrevo



 É por ti que escrevo que não és musa nem deusa
mas a mulher do meu horizonte
na imperfeição e na incoincidência do dia-a-dia
Por ti desejo o sossego oval
em que possas identificar-te na limpidez de um centro
em que a felicidade se revele como um jardim branco
onde reconheças a dália da tua identidade azul
É porque amo a cálida formosura do teu torso
a latitude pura da tua fronte
o teu olhar de água iluminada
o teu sorriso solar
é porque sem ti não conheceria o girassol do horizonte
nem a túmida integridade do trigo
que eu procuro as palavras fragrantes de um oásis
para a oferenda do meu sangue inquieto
onde pressinto a vermelha trajectória de um sol
que quer resplandecer em largas planícies
sulcado por um tranquilo rio sumptuoso


António Ramos Rosa, in 'O Teu Rosto'


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Maria Rosário Pedreira //// Romance....


Romance

Num romance, uma chávena é apenas
 uma chávena - que pode derramar
 café sobre um poema, se o poeta,
 bem entendido, for a personagem.

Num poema, mesmo manchado
 de café, a chávena é certamente a
 concha de uma mão - por onde eu
 bebo o mundo, em maravilha, se tu,
 bem entendido, fores o poeta.

No nosso romance, não sou sempre eu
 quem leva as chávenas para a mesa
 a que nos sentamos à noite, de mãos
 dadas, a dizer que a lata do café chegou
 ao fim, mas a pensar que a vida é
 que já vai bastante adiantada para os
 livros todos que ainda pensamos ler.

No meu poema, não precisamos de café
 para nos mantermos acordados: a minha
 boca está sempre na concha da tua mão,
 todos os dias há páginas nos teus olhos,
 escreve-se a vida sem nunca envelhecermos.

 
Maria Rosário Pedreira  

 


domingo, 16 de agosto de 2015

Fernando Pinto do Amaral

Esta noite morri muitas vezes, à espera
 de um sonho que viesse de repente
 e às escuras dançasse com a minha alma
 enquanto fosses tu a conduzir
 o seu ritmo assombrado nas trevas do corpo,
 toda a espiral de horas que se erguessem
 no poço dos sentidos. Quem és tu,
 promessa imaginária que me ensina
 a decifrar as intenções do vento,
 a música da chuva nas janelas
 sob o frio de fevereiro? O amor
 ofereceu-me o teu rosto absoluto,
 projectou os teus olhos no meu céu
 e segreda-me agora uma palavra:
 o teu nome – essa última fala da última
 estrela quase a morrer
 pouco a pouco embebida no meu próprio sangue
 e o meu sangue à procura do teu coração.


 Fernando Pinto do Amaral
 
 
 

sábado, 15 de agosto de 2015

Pedro Chagas Freitas //// Silêncio que se vai amar (Excerto)

Silêncio que se vai amar (Excerto)


 Todos os amores começam assim. No silêncio de um olhar, no
 silêncio de uma mão dependente da outra, de outra mão vadia
 a vaguear pela cidade nocturna do teu corpo, no silêncio dos lábios
 trincados, trocados, massajados, abraçados e voltados a abraçar.
 Todos os amores são silêncio estendido.
 E todos os silêncios merecem o amor.


Pedro Chagas Freitas
 in prometo falhar  



quinta-feira, 13 de agosto de 2015

WILLIAM SHAKESPEARE.. Que texto..



Aprendi que Amores eternos podem acabar em uma noite.
 Que grandes amigos podem se tornar grandes inimigos.
 Que o amor sozinho não tem a força que imaginei.
 Que ouvir os outros é o melhor remédio e o pior veneno,
Que a gente nunca conhece uma pessoa de verdade, afinal, gastamos uma vida inteira para conhecer a nós mesmos.
Que os poucos amigos que te apoiam na queda, são muito mais fortes do que os muitos que te empurram.
 Que o "nunca mais" nunca se cumpre, que o "para sempre" sempre acaba. Que minha família com suas mil diferenças, está sempre aqui quando eu preciso.
 Que ainda não inventaram nada melhor do que colo de Mãe desde que o mundo é mundo.
 Que vou sempre me surpreender, seja com os outros ou comigo.
 Que vou cair e levantar milhões de vezes, e ainda não vou ter aprendido TUDO."
Estamos aqui de passagem..


William Shakespeare 

Foto de Marco Ramos.


Conceição Roseiro /// Momentos da Alma.......

 Momentos da Alma.......


 Longe de Deus meu riso é pranto,
 lágrima triste metade encanto
 infelicidade, desamor outro tanto!
 distante, casa vazia
beijo, fantasia
 sem par em dança
resquício de alegria
amor que se cansa
e acordar no abraço
 do cansaço...

 Perto de Deus, meu riso é encanto,
 felicidade, amor outro tanto
 é um cansaço,
 num abraço,
 sem pranto!....


 Cr
 Conceição Roseiro 

The Art of Ed Org..... 

Foto de Conceição Roseiro.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

António Ramos Rosa DESEJOS

Desejos 





É por ti que escrevo que não és musa nem deusa
 mas a mulher do meu horizonte
 na imperfeição e na incoincidência do dia-a-dia
 Por ti desejo o sossego oval
 em que possas identificar-te na limpidez de um centro
 em que a felicidade se revele como um jardim branco
 onde reconheças a dália da tua identidade azul
 É porque amo a cálida formosura do teu torso
 a latitude pura da tua fronte
 o teu olhar de água iluminada
 o teu sorriso solar
 é porque sem ti não conheceria o girassol do horizonte
 nem a túmida integridade do trigo
 que eu procuro as palavras fragrantes de um oásis
 para a oferenda do meu sangue inquieto
 onde pressinto a vermelha trajectória de um sol
 que quer resplandecer em largas planícies
 sulcado por um tranquilo rio sumptuoso

 
António Ramos Rosa   










segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Fernando Jorge Benevides //// Não desistas do meu coração

 
 
 
 
Posso não adivinhar o futuro
mas mesmo assim
quero ter-te por perto
eu preciso de ti...
para que me concedas o amanhã
para poder partilhar
outro dia contigo
Isso é tudo o que quero saber
meu amor és a luz dos meus olhos
e o teu brilho é como um espírito
que não me deixa partir
Não queria dizer-te estas coisas
que eu mesmo não queria saber
mas tu deste me um motivo
um motivo para encarar a verdade
Tal como a noite, torna-se amanhecer
servindo para nos provar
que o nosso amor continua
esta escrito nas estrelas
e no fundo da nossas almas
é contigo onde eu ainda permaneço
e através de cada pagina que viramos
e em cada lição que aprendemos
libertamos nos...
o amor sabe que estamos certos
E nós sabemos também
que a cada passo do caminho
entregamos o nosso destino
damos tudo por esse amor
Meu amor prometo
que encontraremos um caminho
um caminho... para caminhar
pela estrada que já conhecemos
essa mesma estrada
que nos guia de volta a casa.


Fernando Jorge Benevides


CLIQUE NO ENDEREÇO :
https://youtu.be/V_Konk33l44 



sábado, 8 de agosto de 2015

são reis ///// Um beijo que sabe a ti

são reis ///// Um beijo que sabe a ti


Beija-me a face com os teus lábios mel
impregna-me o rosto do azul dos teus olhos
e trespassa a minha pele
de extremo a extremo
como só tu sabes
E não te importes com o que possam dizer
quem assim nos vir
Há dias em que preciso de ser acordada(O)
com um beijo a saber a ti


são reis  
 
 
 

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Helena Guimarães //// Manhã de inverno


MANHÃ DE INVERNO




Escorrega a chuva nas gaivotas

que voam contra o vento,

o sol esquivo

desenha verde

no cinzento do mar.

A espuma desnuda nos rochedos

uma dança erótica de véus brancos e diáfanos.

Dança de manhã saciada!

Uma tristeza sem sentido

visita-me no sonho

de um futuro incompleto.

Mas o dia desagua aqui

na solidão de uma vida completa

das ausências

que vamos sepultando

na memória.

 

Helena Guimarães