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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Quanto Mais Amada Mais Desisto




De amor nada mais resta que um Outubro 
e quanto mais amada mais desisto: 
quanto mais tu me despes mais me cubro 
e quanto mais me escondo mais me avisto. 

E sei que mais te enleio e te deslumbro 

porque se mais me ofusco mais existo. 
Por dentro me ilumino, sol oculto, 
por fora te ajoelho, corpo místico. 

Não me acordes. Estou morta na quermesse 
dos teus beijos. Etérea, a minha espécie 
nem teus zelos amantes a demovem. 

Mas quanto mais em nuvem me desfaço 

mais de terra e de fogo é o abraço 
com que na carne queres reter-me jovem. 


Natália Correia, in "O Dilúvio e a Pomba"

Anjo de Luz



Quantas noites...

Ainda lembro de cada palavra dita...
Como sopros ao vento...


Dando esperança ao meu viver...
Dando vida ao meu sonhar...
Cobria-me com tuas asas...
Para aquecer minha alma...
Anjo de luz...
Que ilumina meu coração...
Que torna a vida mais alegre...
Que torna os dias mais brandos...
Uma paz que reina no subconsciente...
Nas noites frias de solidão...
Meu anjo de luz ilumina meu viver...
Ilumina meu pensar...
Apenas o teu amor...
pode meu coração iluminar...
Que Deus sempre esteja contigo...
Para que sempre estejas comigo.
..


Autor: Marcelo Rondoni

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Para um Amigo Tenho Sempre




... A Pocket Full Of Sunshine ...

Para um amigo tenho sempre um relógio 
esquecido em qualquer fundo de algibeira. 
Mas esse relógio não marca o tempo inútil. 
São restos de tabaco e de ternura rápida. 
É um arco-íris de sombra, quente e trémulo. 
É um copo de vinho com o meu sangue e o sol.
 

António Ramos Rosa, in "Viagem Através de uma Nebulosa"

TEUS SEIOS (POEMA) .....


Pela distância, e não só, sinto-me inspirado
a publicar aqui um poema para (espero) vosso gáudio!!
Teus seios... quando os sinto, quando os beijo
na ânsia febril de amante incontestado,
são pólos recebendo o meu desejo,
nos momentos sublimes de pecado...

E às manhãs... quando acaso, entre lençóis
das roupagens do leito, saltam nus,
lembram, não sei, dois lindos girassóis
fugindo à sombra e procurando a luz!...

Florações róseas de uma carne em flor
que se ostenta a tremer em dois botões
na primavera ardente de um amor
que vive para as nossas sensações...

Túmidos... cheios... palpitantes, como
dois bagos do teu corpo de sereia,
tem um rubro botão em cada pomo
como duas cerejas sobre a areia...

Quando os tenho nas mãos... Quantas delícias!...
Arrepiam-se, trémulos , sensuais,
e ao contacto nervoso das carícias
tocam-me o peito como dois punhais!...

Meu lúbrico prazer sempre consolo
na carne destas ondas revoltadas,
que são como taças emborcadas
no moreno inebriante do teu colo...
(Autor: J.G.de Araújo Jorge)

terça-feira, 27 de novembro de 2012

De: Dulce María Loynaz / Poema





Poema LVII

Dulce María Loynaz

No te nombro; pero estás en mí como la música en la garganta del ruiseñor
aunque no esté cantando.
Poema LVII

Não te nomeio, porém, estais em mim como a música na garganta do rouxinol
ainda que não esteja cantando.
 
Do Blog : spersivo

Alguns países que me visitaram hoje...

Brasil:

S.Paulo, Belo Horizonte , Curitiba, Joinville, Espera Feliz ,

Baurú , São José de Meriti , Campo Grande , Extrema ,

Portugal :

Terrugem , Cantanhede , Samora Correia , Amadora,

Queluz , Massamá , Torres Novas

Untd States:

Mountainviev 2

Torrance

Germany :

Mommenheim

Berlin

Belgium

Zaventem 2

TUNISIA

MOÇAMBIQUE

Nota :

a cada passo exponho os paises com suas cidades , só que gostaria que

comentassem ....rsrsrsrsr

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Os versos que te fiz




Deixe dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer !
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.



Tem dolencia de veludo caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer !

Mas, meu Amor, eu não te digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz !

Amo-te tanto ! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz.

Florbela Espanca

Imaginação...


Quando te sentas perto de mim, tudo o que quero é silêncio...que os teus braços me conheçam, que os teus gestos surpreendam as palavras não ditas, apenas pensadas...entre os dedos o perfume de um beijo...entre um beijo uma doce troca de olhares...um pensamento distante...porque não? Um copo de vinho, a Lua à janela...cabelos molhados, corpo rasgado de pudor, distraído pelo cheiro do mar, que encantado se envolve de areia...solidão, quando fechas a porta dizendo que um dia vais voltar...talvez sim...talvez não...não importa...apenas importa que te senti em mim...mesmo nunca tendo estado aqui..

domingo, 25 de novembro de 2012

QUER.......

...Vive comigo um amor sem moda
Ou se for de moda, que seja antigaMe manda uma “cartinha”Com letras “redondinhas”Cheias de “eu te amo”
Me escreve uma poesiaCheia de “riminha”Me proponha uma jura
Daquelas que não se fazem:
“Quer ser pra sempre,
Sempre minha?”

-Cáh Morandi-

ANGÉLICA CREPUSCULAR







Rafael Gutiérrez

Ves Angélica
esa quejumbrosa gaviota que allá arriba

vuela en laxos, sombríos círculos
en torno a tu cabeza: así suele rondarme la tristeza
cuando me dices adiós
y te alejas
y te olvidas de mí.     
      
Angélica crepuscular

Veja Angélica
a  queixosa gaivota que voa lá em cima
em voltas soltas, sombrios círculos
em torno de tua cabeça: assim sói rondar-me a tristeza
quando eu digo adeus
e te alheias
e te esqueces de mim.

sábado, 24 de novembro de 2012

Paraíso





Deixa ficar comigo a madrugada
 
,
para que a luz do Sol me não constranja.
Numa taça de sombra estilhaçada,
deita sumo de lua e de laranja.

Arranja uma pianola, um disco, um posto,

onde eu ouça o estertor de uma gaivota...
Crepite, em derredor, o mar de Agosto...
E o outro cheiro, o teu, à minha volta!

Depois, podes partir. Só te aconselho

que acendas, para tudo ser perfeito,
à cabeceira a luz do teu joelho,
entre os lençóis o lume do teu peito...

Podes partir. De nada mais preciso

para a minha ilusão do Paraíso.



David Mourão-Ferreira

Ode à Paz

Shhh


Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza, 
Pelas aves que voam no olhar de uma criança, 
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza, 
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança, 
Pela branda melodia do rumor dos regatos, 

Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia, 
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos, 
Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria, 
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes, 
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos, 
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes, 
Pelos aromas maduros de suaves outonos, 
Pela futura manhã dos grandes transparentes, 
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra, 
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas 
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra, 
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna, 
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz. 
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira, 
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz, 
Abre as portas da História, 
                               deixa passar a Vida! 


Natália Correia, in "Inéditos (1985/1990)"
Tema(s): Paz Ler outros poemas de Natália Correia

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Adormeci… e sonhei....



Viajava num balão de encantos num dia radioso e ao longe tu acenavas…caí em teus braços!

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Tarde com sol





As coisas simples dizem-se depressa ; tão depressa
que nem conseguimos que as
ouçam. As coisas




simples murmuram-se; um murmúrio
tão baixo que não chega aos ouvidos de ninguém.
As coisas simples escorrem pela prateleira
da loja; tão ao de leve que ninguém
as compra. As coisas simples flutuam com
o vento; tão alto, que não se vêm.

São assim as coisas simples: tão simples
como o sol que bate nos teus olhos, para
que os feches, e as coisas simples passem
como sombra sobre as tuas pálpebras.


 


De:  Nuno Júdice

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Retrato Ardente




No teu peito


À L´aise.
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra. 

Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre. 

Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio. 

Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha


Eugénio de Andrade

terça-feira, 20 de novembro de 2012

CANÇÃO DE AMOR....

Canção de Amor Eu cantaria mesmo que tu não existisses,
faria amor, assim, com as palavras.
Eu cantaria mesmo que tu não existisses
porque haveria de doer-me a tua ausência.

Por isso canto. Alegre ou triste, canto.

Como se, cantando, tocasse a tua boca,
ainda antes da tua presença.
Direi mesmo, depois da tua morte.

Eu cantaria mesmo que tu não existisses,

ó minha amiga, doce companheira.
Eu festejo o teu corpo como um rio,
onde, exausto, chegarei ao mar.

Sim, eu cantaria mesmo que tu não existisses,

porque nada e
u direi sem o teu nome.

sun(this)

Porque nada existe além da tua vida,
da tua pele macia, dos teus olhos magoados.

Assim quero cantar-te, meu amor,

para além da morte, para além de tudo.


Joaquim Pessoa, in 'Canções de Ex-Cravo e Malviver'



domingo, 18 de novembro de 2012

É por Ti que Vivo

    Amo o teu túmido candor de astro 
a tua pura integridade delicada 
a tua permanente adolescência de segredo 
a tua fragilidade acesa sempre altiva 
 

Beautiful Song

Por ti eu sou a leve segurança 
de um peito que pulsa e canta a sua chama 
que se levanta e inclina ao teu hálito de pássaro 
ou à chuva das tuas pétalas de prata 

Se guardo algum tesouro não o prendo 
porque quero oferecer-te a paz de um sonho aberto 
que dure e flua nas tuas veias lentas 
e seja um perfume ou um beijo um suspiro solar 

Ofereço-te esta frágil flor esta pedra de chuva 
para que sintas a verde frescura 
de um pomar de brancas cortesias 
porque é por ti que vivo é por ti que nasço 
porque amo o ouro vivo do teu rosto
 

António Ramos Rosa, in 'O Teu Rosto'
Tema(s): Amor Ler outros poemas de António Ramos Rosa

O amor....

O amor...
Um sentimento sublime.
Algo que vai além do natural...
Mágico, suave, lindo, gostoso...
O amor...
Quem viveu, vive e viverá... 



Ana Klivia


sábado, 17 de novembro de 2012

Stevie Nicks-Landslide


Outono......

NO MEU OLHAR ESTOU AUSENTE, NADA ME PRENDE

Sábado, Novembro 17, 2012


Uma lâmina de ar
Atravessando as portas. Um arco,
Uma flecha cravada no outono. E a canção
Que fala das pessoas. Do rosto e dos lábios das pessoas.
E um velho marinheiro, grave, rangendo o cachimbo como
Uma amarra. À espera do mar. Esperando o silêncio.
É outono. Uma mulher de botas atravessa-me a tristeza
Quando saio para a rua, molhado, como um pássaro.
Vêm de muito longe as minhas palavras, quem sabe se
Da minha revolta última. Ou do teu nome que repito.
Hoje há soldados, eléctricos. Uma parede
Cumprimenta o sol. Procura-se viver.
Vive-se, de resto, em todas as ruas, nos bares e nos cinemas.
Há homens e mulheres que compram o jornal e amam-se
Como se, de repente, não houvesse mais nada senão
A imperiosa ordem de (se) amarem.
Há em mim uma ternura desmedida pelas palavras.
Não há palavras que descrevam a loucura, o medo, os sentidos.
Não há um nome para a tua ausência. Há um muro
Que os meus olhos derrubam. Um estranho vinho
Que a minha boca recusa. É outono.
A pouco a pouco despem-se as palavras.

Nuno Júdice 

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

OS OLHARES DAS MULHERES



Há mulheres que trazem o mar nos olhos
outras trazem verde esperança
outras ainda saudades do tempo
em que foram criança
uns joelhos esfolados
e cicatrizes de lembrança

Há mulheres que trazem sorrisos nos olhos
de tempos em que foram felizes
em que dançavam ao sabor do vento
e se sentiam asas sem lugar no tempo

Há mulheres que carregam tristeza nos olhos
uma tristeza tão profunda
tão sentida e tão funda
que se lhes vê a alma
só de olhar pra elas
e pungentemente
sentimo-nos parte delas...

...e há mulheres que trazem a paixão nos olhos
esse desejo calado
que vibra só por ser tocado
como se mil anjos tocassem harpas no céu!

Há mulheres de todos os tipos
mulheres como tu e eu
mulheres que todos os dias erguem os olhos
para o céu ou para outro qualquer lugar
que as faça felizes
que as faça ser ainda mais mulheres
que as faça simplesmente ... amar...


De:    Sophia Melo Breyner Andersen

De vão em vão...




Blusa de renda
Subo... de vão em vão
De  um só folego
Esta escada da vida
Que me ofereces

E é com alegria
degrau a degrau
Que nela quero entrar

Subo... de vão em vão
de um só folego
Até ao ninho
Onde me aqueces

E é com alegria
Degrau em degrau
Que contigo
Quero estar

Jorge Assunção

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Nesta dor que sinto



retrato



Nesta dor que sinto...


Era o que mais queria
Pois escrever assim
Mal não fazia...

Com paixão, amor, alegria
Mas não assim
Carregado de azia...

E volto a escrever
Nesta dor que sinto...
Amargo, como que a beber
Um trago de absinto...

E a dor corrói...
A carne por dentro
E corroendo dói...
Tanto que rebento


De: 
Jorge D'Alfange Assunção

terça-feira, 13 de novembro de 2012

AMOR SEM LEI



Torso
Não me venham falar dele, desse amor
Nem me queiram condenar por ser assim
Que m’importa pois o mundo e o seu rancor

Se a ternura dos seus olhos não tem fim

Não me venham falar mais de preconceitos

Nem dizer que tenho culpas ou pecados
Não me digam que os amantes foram feitos
P’ra viverem no amor desencontrados

Não me venham criticar socialmente

Que da própria natureza assim nasci
Que m’importa que se fale assim da gente
Meu amor se por amor me dei a ti

Não me falem que o silêncio é minha vida

E as palavras são banais nesta ansiedade
Não me falem p’ra que fique adormecida
No encanto deste amor feito verdade
 
De:  Fernando Campos   de  Castro

O malandro arrependido




Ela tinha uma cintura bem torneada
cadeiras cheias
e caçava os machos nos arredores da Madeleine.
pelo seu jeito de me dizer: Meu anjo
te apeteço?
eu vi logo que se tratava de uma debutante.

Ela tinha talento, é verdade, eu o confesso.
Ela tinha gênio,
mas sem técnica um dom não é nada.
Certamente não é tão fácil ser puta como ser freira,
pelo menos é o que se reza em latim na Sorbonne.

Sentindo-me cheio de piedade pela donzela
ensinei-lhe os pequenos truques de sua profissão
e ensinei-lhe os meios para fazer logo fortuna
rebolando o lugar onde as costas se assemelham à lua,

Porque na arte de fazer o trottoir, confesso,
o difícil é saber mexer bem a bunda.
Não se mexe a bunda da mesma maneira
para um farmacêutico, um sacristão, um funcionário.

Rapidamente instruída por meus bons ofícios
ela cedeu-me uma parte de seus benefícios.
Ajudavamo-nos mutuamente, como diz o poeta:
ela era o corpo, naturalmente, e eu a cabeça.

Quando a coitada voltava para casa sem nada
dava-lhe umas porradas mais do que com razão.
Será que ela se lembra ainda do bidê com
que lhe rachei o crânio?

Uma noite, por causa de manobras duvidosas
ela caiu vítima de uma doença vergonhosa,
então, amigavelmente, como uma moça honesta
passou-me a metade de seus micróbios.

Depois de dolorosas injeções de antibióticos
desisti da profissão de cornudo sistemático.
Não adiantou que ela chorasse e gritasse feita louca
e, como eu era apenas um canalha, fiz-me honesto.

Privado logo de minha tutela, minha pobre amiga,
correu a suportar as infâmias do bordel.
Dizem que ela se vendeu até aos tiras!
Que decadência!
Já não existe mais moralidade pública
na nossa França!


Georges Brassens

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Canção da boca de flor


LIED DE LA BOCA FLORIDA



Leopoldo Lugones

Al ofrecerte una rosa
el jardinero prolijo,
orgulloso de ella, dijo:
no existe otra más hermosa.

A pesar de su color,
su belleza y su fragancia,
respondí con arrogancia:
yo conozco una mejor.

Sonreíste tú a mi fiero
remoque de paladín...
Y regresó a su jardín
cabizbajo el jardinero.


Canção da boca de flor

Ao oferecer-te uma rosa
o jardineiro prolixo
orgulhoso dela, disse:
nenhuma outra é mais formosa.

Apesar da sua cor,
sua beleza e fragrância,
respondi com arrogância:
eu conheço uma melhor.

Sorristes por me ver feroz
motejo de paladino, enfim...
Ele voltou a seu jardim
cabisbaixo e sem voz.

António Feijó – “Timidez de amor”



Perguntas donde vem a timidez estranha,
Este quase terror com que te falo e escuto,
Como se a sombra hostil duma grande montanha,
Que se erguesse entre nós, me cobrisse de luto.

Ignoras a razão deste absurdo respeito
Com que te beijo a mão, que estendes complacente,


Ama... Vive ...

Fria do ardor que tens concentrado no peito,
Que mão fria é sinal de coração ardente.

E admiras-te de ver que os olhos baixo e tremo,
– Se passas como um sol de plantas cercado –
Sem dar mostras sequer desse orgulho supremo
De quem se sente eleito entre todos, e amado!

Não podes conceber que uma paixão tão alta
Se vista de recato ou de pudor mesquinho…
Mas, se é sincero, o Amor só a ocultas se exalta,
Faz – se tanto maior quanto é discreto o ninho.

E tudo o que crês fingida gravidade
É uma íntima oblação, pois nas almas piedosas
O Verdadeiro Amor é feito de humildade:
Sobre o anel nupcial não há pedras preciosas.

sábado, 10 de novembro de 2012

No mar passa




No mar passa de onda em onda repetido
O meu nome fantástico e secreto
Que só os anjos do vento reconhecem
Quando os encontro e perco de repente.


Sophia de Mello Breyner Andresen

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

É provavel que ainda a ame....

 É provável, sim, é provável que ainda a ame, que ame nela o que antes soube amar, a cabeleira escura, o ventre inquietante, o peito guardando a alegria de um coração solar. Os meus olhos profundos sempre a contemplaram visivelmente perturbados, até mesmo perdidos, quando ela caminhava abrindo rasgões no ar que se fechavam depois à sua passagem para cingir-lhe os braços, os seios e as ancas. A sua boca tremeu na minha com a sede da música e o seu contacto era o do musgo e o da cinza, e dessas cerejas maduras pelo lume de maio. Não sei se estou a endeusá-la ou se ela é uma deusa. Não sei mesmo se conseguirei dizer dela quanto gostaria. Ela está tão perto do meu corpo que a minha pele se acende, e tão longe dos meus olhos que só poderei lembrá-la. Fizémos muito amor e sempre muitas vezes, sem que entre nós esvoaçasse uma minima sombra. Quando ficávamos tristes, é que o espanto crescia até ao minuto primeiro da tristeza. É uma mulher maravilhosa, o seu nome que importa?, tão frágil como um menino inocente, assim desamparada, correndo para a loucura como antes correu para os meus braços. Nenhuma paixão poderia doer-me mais. Nenhuma ternura poderia mimar-me tanto. O meu poema é uma casa erguida com a sua beleza, onde ela entra e de onde sai e algumas vezes se demora. Poderei dizer que o meu coração é uma sala vazia? A sua recordação ainda me perturba e disso tenho consciência. Amo-a ainda, ou não a amo já, é impossível dizer. Mas é provável, sim, é provável que ainda a ame.

Joaquim Pessoa,



La muchacha sobre la ventana

De : GONÇALO SALVADO/ FULGIDEZ




Como aves extraviadas
sob o torpor de tanta luz
nossas bocas
unem-se ansiosas,
ardem juntas
num delírio rubro,
ébrias de gemidos,
nuas, alucinadas,
seduzem-se,
perturbam-se,
embriagam-se,
entregam-se ferventes
e enfeitiçadas,
em êxtase bebem
o fragor do lume,
sorvem o ardor
e a cupidez do vinho,
mordem-se
como polpas tenras,
sumarentas,
inebriadas,
queimam-se,
ferem-se,
húmidas de tantos beijos,
de fogo tão sequiosas,
chamas convulsas
bruxuleando claras.
E quase morrem calcinadas,
exaustas, loucas, desvairadas,
num frémito de labaredas,
em fogueiras acesas, altas,
transfiguradas –
Serão centelhas vivas, alvoroçadas?
Fúlgidas quimeras abrasadas?



*

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Mas......

Amei demais......à procura de ti,,,,
De mim ,,,de ninguém .....mais

E os milhares de versos que rasguei/
Antes de ti.
eram perfeitos/
 mas.....BANAIS....
 
 
 
 
Count On Me

terça-feira, 6 de novembro de 2012

LEMBRANÇA , De. Miguel Torga





Ponho um ramo de flores

na lembrança perfeita dos teus braços;

cheiro depois as flores
 

e converso contigo
sobre a nuvem que pesa no teu rosto;
dizes sinceramente
que é um desgosto.

Depois,

não sei porquê nem porque não,
essa recordação
desfaz-se em fumo;
muito ao de leve foge a tua mão,
e a melodia já mudou de rumo.

Coisa esquisita é esta da lembrança!

Na maior noite,
na maior solidão,
sem a tua presença verdadeira,
e eu vejo no teu rosto o teu desgosto,
e um ramo de flores, que não existe, cheira!

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Estou Mais Perto de Ti porque Te Amo







  Estou mais perto de ti porque te amo. 
Os meus beijos nascem já na tua boca. 
Não poderei escrever teu nome com palavras. 
Tu estás em toda a parte e enlouqueces-me
  


Olhares



Canto os teus olhos mas não sei do teu rosto. 

Quero a tua boca aberta em minha boca. 
E amo-te como se nunca te tivesse amado 
porque tu estás em mim mas ausente de mim. 

Nesta noite sei apenas dos teus gestos 
e procuro o teu corpo para além dos meus dedos. 
Trago as mãos distantes do teu peito. 

Sim, tu estás em toda a parte. Em toda a parte. 

Tão por dentro de mim. Tão ausente de mim. 
E eu estou perto de ti porque te amo. 


Joaquim Pessoa, in 'Os Olhos de Isa'

November Rain Guns N' Roses


November Rain

When I look into your eyes
I can see a love restrained
But darlin' when I hold you
Don't you know I feel the same

'Cause nothin' lasts forever
And we both know hearts can change
And it's hard to hold a candle
In the cold November rain

We've been through this such a long long time
Just tryin' to kill the pain

But lovers always come and lovers always go
An no one's really sure who's lettin' go today
Walking away

If we could take the time
To lay it on the line
I could rest my head
Just knowin' that you were mine
All mine

So if you want to love me
Then darlin' don't refrain
Or I'll just end up walkin' In the cold
November rain

Do you need some time...on your own
Do you need some time...all alone
Everybody needs some time... on their own
Don't you know you need some time...
All alone

I know it's hard to keep an open heart
When even friends seem out to harm you
But if you could heal a broken heart
Wouldn't time be out to charm you

Sometimes I need some time...on my own
Sometimes I need some time...all alone
Everybody needs some time... on their own
Don't you know you need some time...
All alone

And when your fears subside
And shadows still remain
I know that you can love me
When there's no one left to blame
So never mind the darkness
We still can find a way
'Cause nothin' lasts forever
Even cold November rain

Don't ya think that you need somebody
Don't ya think that you need someone
Everybody needs somebody
You're not the only one
You're not the only one

Don't ya think that you need somebody
Don't ya think that you need someone
Everybody needs somebody
You're not the only one
You're not the only one

Don't ya think that you need somebody
Don't ya think that you need someone
Everybody needs somebody
You're not the only one
You're not the only one

Don't ya think that you need somebody
Don't ya think that you need someone
Everybody needs somebody

Chuva de Novembro

Quando olho nos seus olhos
Eu posso ver um amor contido
Mas querida, quando te abraço
Você não sabe que sinto o mesmo?

Porque nada dura para sempre
E nós dois sabemos que os corações podem mudar
E é difícil segurar uma vela
Na chuva fria de novembro

Nós estamos nessa busca há tanto, tanto tempo
Simplesmente tentando matar a dor, oh yeah

Mas amores sempre vêm e amores sempre vão
E ninguém está realmente certo de quem está deixando partir hoje
Indo embora

Se eu pudesse pegar um tempo
Para deixar tudo certo
Eu poderia descansar a minha cabeça
Simplesmente sabendo que você foi minha
Totalmente minha

Então, se você quiser me amar
Então querida, não se contenha
Ou simplesmente vou terminar andando
Na fria chuva de novembro

Você precisa de um tempo, só para você?
Você precisa de um tempo, sozinha?
Todo mundo precisa de um tempo, para si
Você não sabe que precisa de um tempo,
Sozinha ?

Eu sei que é difícil manter o coração aberto
Quando até mesmo os amigos parecem te machucar
Mas se pudesse curar um coração partido
Não haveria tempo para te encantar?

As vezes eu preciso de um tempo, para mim
As vezes eu preciso de um tempo, totalmente sozinho
Todo mundo precisa de um tempo, para si
Você não sabe que precisa de um tempo,
Totalmente sozinha?

E quando seus temores se acalmarem
E as sombras ainda permanecerem
Eu sei que você pode me amar
Quando não houver mais ninguém para culpar
Então não se preocupe com a escuridão
Nós ainda podemos encontrar um jeito
Porque nada dura para sempre
Nem mesmo a fria chuva de novembro

Você não acha que precisa de alguém?
Você não acha que precisa de alguém?
Todos precisam de alguém
Você não é a única
Você não é a única

Você não acha que precisa de alguém?
Você não acha que precisa de alguém?
Todos precisam de alguém
Você não é a única
Você não é a única

Você não acha que precisa de alguém?
Você não acha que precisa de alguém?
Todos precisam de alguém
Você não é a única
Você não é a única

Você não acha que precisa de alguém?
Você não acha que precisa de alguém?
Todos precisam de alguém