Seguidores

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

De : GONÇALO SALVADO/ FULGIDEZ




Como aves extraviadas
sob o torpor de tanta luz
nossas bocas
unem-se ansiosas,
ardem juntas
num delírio rubro,
ébrias de gemidos,
nuas, alucinadas,
seduzem-se,
perturbam-se,
embriagam-se,
entregam-se ferventes
e enfeitiçadas,
em êxtase bebem
o fragor do lume,
sorvem o ardor
e a cupidez do vinho,
mordem-se
como polpas tenras,
sumarentas,
inebriadas,
queimam-se,
ferem-se,
húmidas de tantos beijos,
de fogo tão sequiosas,
chamas convulsas
bruxuleando claras.
E quase morrem calcinadas,
exaustas, loucas, desvairadas,
num frémito de labaredas,
em fogueiras acesas, altas,
transfiguradas –
Serão centelhas vivas, alvoroçadas?
Fúlgidas quimeras abrasadas?



*

Sem comentários: