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quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Eugénio de Andrade






(da) comunhão...
Tu és a esperança, a madrugada. 
Nasceste nas tardes de setembro, 
quando a luz é perfeita e mais dourada, 
e há uma fonte crescendo no silêncio 
da boca mais sombria e mais fechada.
Para ti criei palavras sem sentido, 
inventei brumas, lagos densos, 
e deixei no ar braços suspensos
ao encontro da luz que anda contigo.
Tu és a esperança onde deponho 
meus versos que não podem ser mais nada. 
Esperança minha, onde meus olhos bebem, 
fundo, como quem bebe a madrugada.
Eugénio de Andrade

1 comentário:

mariferrot disse...

A esperança assenta na verdade de nós próprios, no serviço por amor, na crença da simplicidade, na espera do justo sem ansiedade !!!... <3

Bj Conde