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sábado, 9 de outubro de 2021

Eugénio de Andrade

 




Nada, nem sequer o verão 
está completo. Menos ainda o colar 
de sílabas que, desvelado, 
te ponho à roda da cintura. 
Nunca me pediste mais, nunca 
te dei outra coisa. 
Quando juntamos as mãos esquecemos 
que somos culpados da nossa inocência. 
E sorrimos, alheios 
ao sol que declina, à estrela 
do norte que sabemos no fim. 
O privilégio da vida é este 
silêncio musical que do teu olhar 
cai nos meus olhos 
e regressa a ti imposto 
pela luz da manhã varrendo o mar. 


Eugénio de Andrade




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