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terça-feira, 6 de janeiro de 2015

C.C. //// Invento-me....


porque o sorriso é a invenção da alma ......

Invento-me em cada sorriso,
Que desenho em palavras,
Invento-me no sonho,
Na indelével quimera,
Na néscia de mim mesma,
Invento cores quando me pinto,
Na tela azul e gasta da vida,
No sorriso amarelo do sol,
Mesmo tapado de cinza,
No algodão branco da nuvem,
Impregnando-se-me nas asas,
Invento a felicidade num momento,
A lágrima do caminho, do destino,
Torno meu mundo em Éden,
Inebriante e encantado jardim,
Inspiro o pólen das flores,
Sou pó na ampulheta do tempo,
Alada mariposa sempre colhendo,
Pétalas perfumadas e frutos sem fim,
Sou-me Inventora de histórias,
Maga onde encanto silêncios,
Unindo letras solitárias de medo,
Invento a minha verdade,
Invento-me em cada instante
E sou-me-te um sorriso de alma
[O sorriso é a invenção da alma…]

C.C.



De.  lisbon/ Lisbon

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces  Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.  No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida  E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.  Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.  Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados  Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada  Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.  Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.  Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.  Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.  Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.  Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.  E eu trouxe até mim a misteriosa essência de teu abandono desordenado.  Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.  Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.  E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas,  Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada. 

   Vinicius de Moraes  





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