porque o sorriso é a invenção da alma ......
Invento-me em cada sorriso,
Que desenho em palavras,
Invento-me no sonho,
Na indelével quimera,
Na néscia de mim mesma,
Que desenho em palavras,
Invento-me no sonho,
Na indelével quimera,
Na néscia de mim mesma,
Invento cores quando me pinto,
Na tela azul e gasta da vida,
No sorriso amarelo do sol,
Mesmo tapado de cinza,
No algodão branco da nuvem,
Impregnando-se-me nas asas,
Na tela azul e gasta da vida,
No sorriso amarelo do sol,
Mesmo tapado de cinza,
No algodão branco da nuvem,
Impregnando-se-me nas asas,
Invento a felicidade num momento,
A lágrima do caminho, do destino,
Torno meu mundo em Éden,
Inebriante e encantado jardim,
Inspiro o pólen das flores,
Sou pó na ampulheta do tempo,
Alada mariposa sempre colhendo,
Pétalas perfumadas e frutos sem fim,
A lágrima do caminho, do destino,
Torno meu mundo em Éden,
Inebriante e encantado jardim,
Inspiro o pólen das flores,
Sou pó na ampulheta do tempo,
Alada mariposa sempre colhendo,
Pétalas perfumadas e frutos sem fim,
Sou-me Inventora de histórias,
Maga onde encanto silêncios,
Unindo letras solitárias de medo,
Maga onde encanto silêncios,
Unindo letras solitárias de medo,
Invento a minha verdade,
Invento-me em cada instante
E sou-me-te um sorriso de alma
Invento-me em cada instante
E sou-me-te um sorriso de alma
[O sorriso é a invenção da alma…]
C.C.
De. lisbon/ Lisbon
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto. No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz. Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado. Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado. Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face. Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada. Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite. Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa. Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço. E eu trouxe até mim a misteriosa essência de teu abandono desordenado. Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos. Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir. E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas, Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
Vinicius de Moraes
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