vivo no delírio deste mundo
onde me encontro
o estridente silêncio da solidão
fito as ondas mar
o horizonte do crepúsculo
o olhar turvo por dois pequenos lagos cristalinos
feitos de salgadas pérolas que
brotam do meu âmago
escorrendo pela face onde em tempos
depositaste toda a doçura contida em teus lábios
o horizonte do crepúsculo
o olhar turvo por dois pequenos lagos cristalinos
feitos de salgadas pérolas que
brotam do meu âmago
escorrendo pela face onde em tempos
depositaste toda a doçura contida em teus lábios
a brisa que sopra suavemente
perscruta meu rosto
quais mãos que me tocam à distância
como que evocando suaves dilecções
de outros tempos com que
assomavas a tez ebúrnea que
clamava pelo calor do teu toque
perscruta meu rosto
quais mãos que me tocam à distância
como que evocando suaves dilecções
de outros tempos com que
assomavas a tez ebúrnea que
clamava pelo calor do teu toque
permanece em mim o suave aroma do perfume
que exalava do delicado arco
esboçado pelo movimento
da cabeça que procurava o abrigo
do meu peito
que exalava do delicado arco
esboçado pelo movimento
da cabeça que procurava o abrigo
do meu peito
por fim ouço a voz dos búzios
revelando-me a natureza imensa
do mar nos aparta
surdo a tudo o resto
entrego o meu grito
à noite e ao meu descontentamento
orfãos raivosos de ti
mas dispostos a receber até a côdea da tua sombra
revelando-me a natureza imensa
do mar nos aparta
surdo a tudo o resto
entrego o meu grito
à noite e ao meu descontentamento
orfãos raivosos de ti
mas dispostos a receber até a côdea da tua sombra
Rui Amaral Mendes [Na luz do crepúsculo - 2006]
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