O desejo do corpo é entrar em si mesmo
e de onda em onda ser uma onda só
que se liberta de todas as amarras
e abre as suas rígidas comportas
Longo subtil e macio é esse gozo
de um túmido movimento que desagua no delta
da nudez extrema em que o corpo encontra
o seu próprio corpo como se fosse um outro
A palavra não pode encontrar-se a si mesma
como se fosse de si mesma outra
porque ela não é um corpo e mesmo quando se despe
a sua nudez é só o anúncio de um corpo inatingível
ANTÓNIO RAMOS ROSA
in AS PALAVRAS (Campo das Letras, 2001)
1 comentário:
Belíssimo
e sensualíssimo...ESTE Ramos ROSA.
GOSTEI.
belo trabalho sobre o ato de AMAR!
Boa semana para ti
D.Juan
um beijo
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