Teu nome antes mesmo do caderno
teu nome na negra lousa eu o escrevi
eu o escrevi e apaguei e se perdeu e renasceu
teu nome efémero teu nome eterno
teu nome onde eras tu mesmo sem ti
teu nome eu o escrevi eu o perdi
teu nome que saiu das folhas para o nundo
apesar da tinta que lentamente esmaeceu
teu nome eu o escrevi e se inscreveu
de tal modo dentro de mim tão fundo
que já não sei se és tu ou eu.
Teu nome em toda a parte eu o escrevi
nas árvores nas águas nas areias
no caderno e na lousa o andei compondo
no sangue que circula em minhas veias
teu nome eu o perdi eu o perdi
e quando o chamo eu mesmo é que respondo.
Teu nome eu o gravei em tudo quanto
e refloriu na tinta esmaecida
nos poemas no vento nas espigas
mo primeiro caderno há tanto há tanto
teu nome eu o escrevi nas páginas antigas
e na folha caída minha vida
teu nome se tornou meu próprio canto.
in LIVRO DO PORTUGUÊS ERRANTE (Pub. D. Quixote, 2001)
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