Jorge Boccanera
a veces soy la voz del otro lado del teléfono
a veces un aliento
una ciudad enorme donde te encuentro a veces
por supuesto una fecha
un saludo que cruza el cielo velozmente
dos ojos que te miran
un café que te espera después de la llovizna
una fotografía una mano en tu mano
desesperadamente una canción etcétera
y siempre o casi siempre
nomás ese silencio
donde solés colgar tus prendas íntimas.
Evento VIII
às vezes sou a voz do outro lado do telefone
muitas vezes um sopro
uma enorme cidade onde, às vezes, te encontro
por suposição uma data
uma saudação rápida que cruza o céu velozmente
dois olhos que te olham
um café que te aguarda depois da chuva
uma fotografia de uma mão em tua mão
desesperadamente uma canção, eteceterá
e sempre ou quase sempre
não mais que o silêncio
onde só podes pendurar tuas roupas intímas.
Jorge Boccanera
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