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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Alberto Caeiro /// O amor é uma companhia


       
   


Já não sei andar só pelos caminhos,


Porque já não posso andar só.


Um pensamento visível faz-me andar mais depressa


E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.


Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.


E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.





Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.


Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.


Todo eu sou qualquer força que me abandona.


Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.





Alberto Caeiro, in "O Pastor Amoroso" 

Heterónimo de Fernando Pessoa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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