Helena Guimarães

POESIA

OUTONO COM CHUVA

Há um vento que arrefece a casa

desalinha as cortinas,

e nos dá um prenúncio de Outono.

As folhas dançam, na tarde, sem rumo

e caem, desamparadas, no asfalto., 

misturando as cores 

num caleidoscópio de tapete sem vida.

A Natureza, que se refugia em si

na preparação do Inverno,

agora que as maturações estão feitas

as colheitas preparadas

e após o crescimento da Primavera 

e o dourar ao sol dos frutos,

o ciclo está findo.

É tempo de interioridade.

de adormecimento.

É tempo de construção.

O mar estará lá para dourar os corpos

no próximo Verão.

A chuva dará seiva às raízes

e as tornará fortes,

os pássaros emigrarão para outras paragens,

regressando para nos entusiasmar na Primavera.

A casa será refúgio das tempestades,

será o porto de abrigo nas intempéries, 

será o lugar seco onde nos acoitamos do dia a dia.

Passamos a viver por dentro

como as árvores sem ramos

e os pássaros de penas molhadas.

Seremos seres adormecidos

para despontar na Primavera!

Helena Guimarães , com foto da autora.