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domingo, 8 de setembro de 2019

Gonçalo Salvador






POESIA




 FULGIDEZ



Como aves extraviadas
sob o torpor de tanta luz
nossas bocas 
unem-se ansiosas,
ardem juntas 
num delírio rubro,
ébrias de gemidos, 
nuas, alucinadas,
seduzem-se, 
perturbam-se,
embriagam-se,
entregam-se ferventes 
e enfeitiçadas,
em êxtase bebem 
o fragor do lume,
sorvem o ardor 
e a cupidez do vinho,
mordem-se 
como polpas tenras,
sumarentas, 
inebriadas, 
queimam-se, 
ferem-se, 
húmidas de tantos beijos, 
de fogo tão sequiosas,
chamas convulsas 
bruxuleando claras.
E quase morrem calcinadas,
exaustas, loucas, desvairadas,
num frémito de labaredas,
em fogueiras acesas, altas,
transfiguradas –
Serão centelhas vivas, alvoroçadas?
Fúlgidas quimeras abrasadas?


Gonçalo Salvador

1 comentário:

mariferrot disse...

O Poeta percorreu e com sabedoria poética um labirinto cuja saída só encontrou no delírio de um beijo !!!...

Bj Conde <3