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sexta-feira, 6 de setembro de 2019

António Ramos Rosa






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Photo: Alekcej Tugolukoff














































Talvez a linha se acenda e continue 
ondeando a página e sendo nós só a margem 
de um domínio onde fulge a inocência, 
talvez se revele a transparência inicial 
em que a luz de estar a ver seja a palavra mesma. 

Vêm figuras que se espraiam e crescem 
até serem apenas ondulada memória. 
Adensam-se outros corpos e enterram-se no fogo. 
As linhas enovelam-se num delírio exacto. 
A alegria ilumina penumbras de volumes. 

Em tensos membros lúcidos e redondos 
move-se o desenhado corpo ligeiro 
e lento. Aumenta a densidade até ao centro 
de um deus que diz o esplendor silencioso. 
Ou só o ar ondeia num planalto de vento. 


António Ramos Rosa

1 comentário:

mariferrot disse...

António Ramos Rosa, um Poeta contemporâneo e dos melhores deste tempo, um critico meticuloso e muito esclarecido, a sua actividade literária foi sempre em ordem crescente e intensa,faz reflexão da realidade e procura a palavra justa para dizer as coisas nuas!!!... Recebeu vários prémios !!!...

Bj Conde <3