Photo: Alekcej Tugolukoff |
Talvez a linha se acenda e continue
ondeando a página e sendo nós só a margem
de um domínio onde fulge a inocência,
talvez se revele a transparência inicial
em que a luz de estar a ver seja a palavra mesma.
Vêm figuras que se espraiam e crescem
até serem apenas ondulada memória.
Adensam-se outros corpos e enterram-se no fogo.
As linhas enovelam-se num delírio exacto.
A alegria ilumina penumbras de volumes.
Em tensos membros lúcidos e redondos
move-se o desenhado corpo ligeiro
e lento. Aumenta a densidade até ao centro
de um deus que diz o esplendor silencioso.
Ou só o ar ondeia num planalto de vento.
António Ramos Rosa
1 comentário:
António Ramos Rosa, um Poeta contemporâneo e dos melhores deste tempo, um critico meticuloso e muito esclarecido, a sua actividade literária foi sempre em ordem crescente e intensa,faz reflexão da realidade e procura a palavra justa para dizer as coisas nuas!!!... Recebeu vários prémios !!!...
Bj Conde <3
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