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terça-feira, 20 de março de 2018

PABLO NERUDA






PABLO NERUDA


Tenho fome da tua Boca
Tenho fome da tua boca, da tua voz, do teu cabelo,
e ando pelas ruas sem comer, calado, 
não me sustenta o pão, a aurora me desconcerta,
busco no dia o som líquido dos teus pés.
Estou faminto do teu riso saltitante,
das tuas mãos cor de furioso celeiro,
tenho fome da pálida pedra das tuas unhas,
quero comer a tua pele como uma intacta amêndoa.
Quero comer o raio queimado na tua formosura,
o nariz soberano do rosto altivo,
quero comer a sombra fugaz das tuas pestanas
em «Cem Sonetos de Amor»

Foto de Portal da Literatura.


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