Voy haciendo de todas un collar infinito
para tus blancas manos, suaves como las uvas.
Poema V
Para que tu me ouças
minhas palavras
se adelgaçam às vezes
como as voltas das gaivotas nas praias .
Colar, cascavel ébrio,
para as tuas mãos suaves como as uvas .
E vejo distante as minhas palavras.
Mais do que minhas são tuas.
Vão trepando na minha velha dor como nas pedras.
Elas trepam assim pelas paredes úmidas .
És tu a culpada deste jogo sangrento.
Elas estão fugindo da minha guarida escura.
Toda cheia de tu, toda cheia.
Antes que tu povoaram a solidão que ocupas,
e elas estão mais acostumados a minha tristeza do que tu.
Agora quero que digam o que quero dizer-te
para que tu ouças como quero que tu ouças.
O vento da angústia ainda as podem arrastar.
Furacões de sonhos ainda, às vezes, podem derrubá-las,
Ouça outras vozes na minha voz dolorida.
Pranto de velhas bocas, sangue de velhas súplicas.
Ama-me, companheira. Não me deixes. Segue-me.
Segue-me, companheira, nesta onda de angústia.
Porém, se vão tingindo com o amor minhas palavras.
Todas o ocupas tu, tudo ocupas.
Vou fazendo de tudo um colar infinito
para as tuas brancas mãos, suaves como uvas.
1 comentário:
Pablo Neruda, Nobel e Diplomata, um Mago da Poesia, que cantou amor e louvou a vida, com versos maravilhosos deu a volta ao mundo sempre rendido à língua castelhana !!!... Grande Poeta !!!... <3
Beijo Conde
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