Uma poesia de Louise Labé
Louise Labé
Ô beaus yeus bruns, ô regars destournez,
Ô chaus soupirs, ô larmes espandues,
Ô noires nuits vainement atendues,
Ô jours luisans vainement retournez:
Ô tristes pleins, ô désirs obstinez,
Ô tems perdu, ô peines despendues,
Ô mile morts en mile rets tendues,
Ô pires maus contre moi destinez.
Ô ris, ô front, cheveus, bras, mains et doits:
Ô lut pleintif, viole, archet et vois:
Tant de flambeaus pour ardre une femmelle!
De toy me plein, que tant de feus portant,
Et tant d'endrois d'iceus mon coeur tatant,
N'en est sur toy volé quelque estincelle.
Oh! Belos olhos negros...
Oh! Belos olhos negros, oh! Olhar distanciado,
Oh! Cálidos suspiros, oh! Lágrimas vertidas,
Oh! Noites escuras inutilmente esperadas
Oh! Dias inúteis não retornados:
Oh! Tristeza plena, oh! Desejos obstinados,
Oh! Tempo perdido, oh! Dores desesperadas,
Oh! Mil mortes em retas milhas estendidas,
Oh, Piores dos males contra mim destinado.
Oh! Riso, oh! Fronte, cabelos, mãos e dedos:
Oh! Voz, oh! Viola e arco e alaúde dolente:
Quantas chamas para arder a uma mulher!
De te me queixo que, com tanto fogo portando,
Em tantos lugares do meu coração incendiando
Sem que uma só faísca em ti tenha caído.
Ilustração: O mundo da poesia - WordPress.com.
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