ENTARDECERES
[…] Flutua ainda com cheiro a lua uma fragrância selvagem no teu ventre. Acaricio-te os seios, água de outros oceanos onde as nuvens se fixam inertes olhando as nossas bocas simétricas e ondulantes. Nem todos os entardeceres envolvem os amantes nem o crepúsculo tardio habita na geometria dos corpos. Desenho poesia na invisibilidade de ser poeta, trabalho os elementos dos versos em pequenos domínios que falam de manhãs e na transparência da flor primeira que te ofereci dou-me na simplicidade do verdadeiro amor. Fosse pássaro. Ah, se fosse pássaro cortando o vento e noite onde se soltam pétalas. Flutuam ainda nestas páginas em branco os caminhos entrelaçados das nossas mãos. Flutuamos a passos largos na direcção do leito ainda isento dos nossos odores. […].
© francisco valverde arsénio
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