Estranha noite velada,
Sem estrelas e sem lua,
Em cuja bruma recua
Fantasma de si mesma cada imagem.
Jaz em ruínas a paisagem,
A dissolução habita cada linha.
Enorme, lenta e vaga
A noite ferozmente apaga
Tudo quanto eu era e quanto eu tinha.
E mais silenciosa do que um lago,
Sobre a agonia desse mundo vago,
A morte dança
E em seu redor tudo recua
Sem força e sem esperança.
Tudo o que era certo se dissolve;
O mar e praia tudo se resolve
Na mesma solidão eterna e nua.
Sophia de Mello Breyner Andresen
1 comentário:
Jaz em ruínas a paisagem,
A dissolução habita cada linha.
Enorme, lenta e vaga
A noite ferozmente apaga
Tudo quanto eu era e quanto eu tinha.
E mais silenciosa do que um lago,
Sobre a agonia desse mundo vago,
A morte dança
E em seu redor tudo recua
Sem força e sem esperança.
Beijo.Conde,,,
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