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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

AMOR, MEU NEGRO AMOR




AMOR, MEU NEGRO AMOR

Ah! Meu negro amor, não vou mais lutar uma luta tão inglória.
Já busquei em todas as bruxas solução, mas, teu feitiço,
negro amor, é como uma canção pegajosa, como uma doença incurável,
lentamente corrói a minha vontade, e faz de mim um mamulengo teu,
um marionete.
Ah! Meu negro amor, todos os caminhos já deixei para trás
(e todos me pareciam sempre iguais)
tanto que os profetas e as videntes liam,
em estrelas reluzentes,
o que, impreterivelmente, viam,
o que as pedras já deviam saber:
que sempre vou voltar com mais saudade.
E nas tuas pernas negras hei de encontrar
o prazer de me perder
ao me agarrar ao que não há.
Hei de colher a flor,
negra, escura, melânica, pardacenta, enegrecida,
que me dá amor e vida
com tantos beijos
que parecerá possível matar o desejo
que, invariavelmente, negro amor,
há de voltar a me torturar,
insaciável, sedento, te querendo toda minha,
desejando o impossível feito
de, no leito,
te tornar tão minha,
negra rainha,
como me fizeste,
de um modo tão perfeito,
negro amor,
ser teu de corpo, alma e coração
só com este teu jeito
doce e afável
de me dominar com carinhos, poções e beijos.
Não há mais nada,
nada mais em mim,
negro amor,
que este amor, paíxão, desejo!

Ilustração: Veja SP.   

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