Lágrima de Preta
António Gedeão
Encontrei uma preta
Que estava a chorar
Pedi-lhe uma lágrima
Para analisar.
Recolhi a lágrima
Com todo o cuidado
Num tubo de ensaio
Bem esterilizado
Olhei-a de um lado
Do outro e de frente:
Tinha um ar de gota
Muito transparente.
Mandei vir os ácidos
As bases e os sais
As drogas usadas
Em casos que tais.
Ensaiei a frio,
Experimentei ao lume,
De todas as vezes
Deu o que é costume:
Nem sinais de negro,
Nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
E cloreto de sódio
Será que temos que concluir que o racismo é uma doença social de cura impossível e que nos atormentará para sempre?
Sem comentários:
Enviar um comentário