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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

EUGéNIO DE ANDRADE







ÀS VEZES ENTRA-SE EM CASA COM O OUTONO

Às vezes entra-se em casa com o outono
preso por um fio,
dorme-se então melhor,
mesmo o silêncio acabou por se calar.
Talvez pela noite fora ouça cantar o galo,
e um rapazito suba as escadas
com um cravo
e notícias de minha mãe.
Nunca fui tão amargo, digo-lhe então,
nunca à minha sombra a luz
morreu tão jovem
e tão turva.
Parece que vai nevar.


© EUGéNIO DE ANDRADE 
Branco no Branco, 1984


A imagem pode conter: céu, ar livre e natureza

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