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domingo, 3 de fevereiro de 2019

Helena Guimarães






a história começa assim:

SEARAS E PAPOILAS


Era uma vez….

Assim começam as histórias
que nos contam as glórias
dos heróis, ou os devaneios
da nossa imaginação.
Era uma vez,
(A história começa assim)
uma borboleta de asas brancas
tão finas como cambraia
que em voo saltitante,
passeava radiante
por um belo campo de trigo.
Pareceu-lhe um bom abrigo!
A seara ondeava calma
até além, ao horizonte,
cabelos de ouro fino
penteados pela brisa.
Mar doirado que desliza
em murmúrio ao sol de Verão.
Aqui e ali, pontos escarlate,
as papoilas abrem as corolas,
húmidas, macias de cetim.
-Hei, borboleta, diz a espiga,
pousa em mim tua candura
vem partilhar minha doçura
eu e as minhas companheiras
somos úteros de pão.
Vem degustar o meu grão
que dá a vida para ser sustento.
Em gargalhada sonora
responde atrevida a papoila
torcendo os estames amarelos,
a mostrar os seus carpelos.
- Tu és pálida, sem encantos,
teu perfume é a farinha
tens barbas que magoam asas.
Eu sou húmida e macia
e vermelha de paixão.
- Mas és papoila dormideira!
Na tua cor escarlate,
no néctar maligno e doce
dormita a mão da Ceifeira.
Virou-lhe a papoila a corola,
na sua haste elegante
mostrando-lhe o seu melindre.
- Borboleta, és tão bela,
pareces um anjo voando
dá-me o teu beijo de amor
dar-te-ei a minha cor
conhecerás a paixão
e ao calor deste sol
viveremos nos amando.

(Ninguém lhe falara assim!)

mirou a corola de cetim,
pousou cansada e incauta
sorveu o néctar num beijo,
saciou o seu desejo.
Num adejar lento e breve
uniu as asas, morreu.
Naquela loira seara,
aquele ponto escarlate
ficou manchado de neve.
Uma incauta mariposa
morreu de amor e desejo
apenas, e só, por um beijo!

Helena Guimarães  
Resultado de imagem para foto de borboleta de asas brancas

1 comentário:

Fatima maria disse...

Helena Guimaraes,uma poetisa de que muito gosto,como poetisa e como amiga..Tenho a honra de ter todos os seus livros de poemas,oferecida pela poetisa...Amo os seus poemas...

mirou a corola de cetim,
pousou cansada e incauta
sorveu o néctar num beijo,
saciou o seu desejo.
Num adejar lento e breve
uniu as asas, morreu.
Naquela loira seara,
aquele ponto escarlate
ficou manchado de neve.
Uma incauta mariposa
morreu de amor e desejo
apenas, e só, por um beijo

beijinho Tony....