A ROSA
A rosa que me deste murchou,
apesar da água que lhe pus.
Era cor de rosa como o dia
ao amanhecer da Primavera.
Da sua haste alta me sorria
nimbada de sonho e quimera.
Mergulhava o longo pé naquela jarra
de cristal fino e transparente,
lentamente, à luz debrochava
lançando no ar aroma quente.
Deste-ma junto ao rio, num serão ,
entre dois copos de fragante vinho.
Um poema de Florbela vestia o botão
e no teu gesto, suave carinho.
Eu sorri do romantismo...
- os músicos tocavam anos sessenta.
Na nossa idade é revivalismo
querer prender o tempo que se ausenta.
Mas gostei do gesto e da poesia
que li , ao pôr na água a flor,
e do suave cheiro a maresia
que trazia o vento ao sol - pôr.
De. Helena Guimaraes
Do livro Manhãs de Setembro / 1996
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