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domingo, 30 de junho de 2013

De , Carlos Enrique Ungo /// Y que venga la noche

Carlos Enrique Ungo


Y que venga la noche
Carlos Enrique Ungo
Regálame la risa de tus ojos
la tenue luz de tu sonrisa
el milagro de tu nombre
en mi boca.

Regálame la humedad de tus besos
el tibio manto de tu abrazo
el mar embravecido de tu cuerpo
junto al mío.

Regálame el amanecer de tus pasiones
el espejo frágil de tus lluvias
tu inocencia hecha mujer
con mis caricias.

Regálame tu amor
amor
y que venga la noche…


E que venha a noite

Me presenteia com o riso dos teus olhos,
com a tênue luz de teu sorriso,
com o milagre de teu nome
em minha boca.

Me presenteia com a umidade de teus beijos,
com o suave manto de teus braços,
com o mar enfurecido de teu corpo
junto ao meu.

Me presenteia com o amanhecer de tuas paixões,
com o frágil espelho de tuas chuvas,
com tua inocência feita mulher
por minhas carícias.

Me presenteia com teu amor,
amor,
e que venha a noite

sábado, 29 de junho de 2013

ANA RC Matos /// NÃO FIQUES LONGE DE MIM



NÃO FIQUES LONGE DE MIM

Conhecer-te
foi um acreditar
que o destino existe,
e que amor dá ouvidos 
...às estrelas cadentes.
Meu querer...
Não fiques longe de mim
um só momento.
Não te sei explicar
só sentir...
A janela do meu coração
se abriu ao sonho,
que me mostra a magia
de ser feliz
e que a minha vida
não é um veleiro à deriva.
Meu querer...
Não vás,
nem pelos luares de segredo.
As estações mudam,
as horas passam,
as tempestades rasgam o horizonte...
Mas o brilho do teu olhar
faz de mim uma criança inocente
que dança em torno de ti.
Meu querer...
Não ignores a minha paixão,
leal, destemida,
a palavra sentida
sem murmúrio de ausência...
Acredita no amar cravado em ferro e fogo
desta alma pequenina,
que não é nada neste mundo
se não estiveres aqui!

Ana RC Matos
(A.M)


ISBN: 978-989-720-234-6
Direitos Legais: 350746/12

sexta-feira, 28 de junho de 2013

De : C. C. / / / É devagar que te amo

É devagar que te amo
Nas pálpebras que cerram
À meia noite…
Embalada no grito da cotovia

É devagar que te amo
No silêncio cadenciado da treva
Quando o sonho aflui
Acetinado de fantasia

A lua rodopia
Me entrega em braços de Morfeu
Me ama como louco
Sedento de rebeldia

Mas é devagar que te amo
No despertar do sol
Na extremidade do sono
Da noite… para a vida!

C.C

SÃO REIS //// Eu queria trazer-te os versos mais lindos........aqueles que nunca ninguém escreveu...e que trago gravados ...na ALMA...por TI

É na simplicidade de ser
que a minha alma reconhece a tua como igual
Não é o que vestimos que nos define
nem os acessórios que usamos
mas aquilo que sentimos
aquilo que sabemos ser
aquilo que demonstramos a nós e aos outros
a cor da pupila
a forma como se dilata
como brilha
a concavidade das nossas mãos
e a planura do nosso peito
os nossos sonhos soltos ao vento
nos cabelos que soltamos
a forma do nosso coração
nas causas que abraçamos
a cor das nossas entranhas
na forma das nossas palavras

Por isso digo e reafirmo:
é na simplicidade que a minha alma
reconhece a tua


são reis
 
 
 

NÃO TENHAS MEDO DE AMAR A VIDA


 
Não tenhas medo de amar a vida
De lhe entregares
Toda a força dos teus sonhos,
Dos anseios escondidos
No sacrário dos teus pensamentos.
 
Ama-me
Como se hoje fosse o último dia
E nunca mais nos encontrássemos.
 
Somos os dois fogo, terra e mar
E incapazes de nos saciar
Viveremos na eternidade


Ligados um ao outro.




quinta-feira, 27 de junho de 2013

SÃO REIS //( APRENDENDO....


APRENDENDO


Aprendi que a força de um olhar
não está na forma como se olha
mas naquilo que se pensa

Aprendi que as palavras ganham nova força
quando sussurradas pela alma
e impulsionadas pelo coração

Aprendi a respeitar a força do mar
e a do destino
e a adequar os meus passos
às marés de um
e aos revezes do outro

Aprendi que as distâncias se encurtam
quando sobra a vontade
e que não há saudade nem fome
que se não mate na força de um beijo
ou de um abraço

Aprendi também a não dar um passo
maior que a minha perna
continuo ambiciosa
certamente que sim
mas com a certeza
da minha alma pequena
e a leveza
da minha humildade
dentro de mim

E com tudo isso
aprendi a contornar a adversidade
que não depende de como a gente a dobra
mas a forma como a enfrenta

E pasmem só...!

De menina pequena
que sempre fui
tornei-me numa grande mulher
e mais serei se a vida me deixar

Assim me sobrem olhos para olhar
palavras para soletrar
vontade para crescer
e pele para sentir
tudo o que os meus dedos impetuosos
de poesia desejosos
conseguirem escrever...!
 são reis


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terça-feira, 25 de junho de 2013

Falei de ti com as palavras mais limpas /// Fernando Assis Pacheco


Falei de ti com as palavras mais limpas
Viajei, sem que soubesses, no teu interior.
Fiz-me degrau para pisares, mesa para comeres,
tropeçavas em mim e eu era uma sombra
ali posta para não reparares em mim.


Andei pelas praças anunciando o teu nome,
chamei-te barco, flor, incêndio, madrugada.
Em tudo o mais usei da parcimónia
a que me forçava aquele ardor exclusivo.


Hoje os versos são para entenderes.
Reparto contigo um óleo inesgotável
que trouxe escondido aceso na
minha lâmpada




brilhando, sem que soubesses, por tudo o que fazias.







segunda-feira, 24 de junho de 2013

Teresa Balté /// Solto-me ao passar pelo mundo


Solto-me ao passar pelo mundo

Quando amanhece penso:
Encontro-te no vento
virás abraçar-me como os ramos da árvore
e chegaremos ao coração da cidade

Ao meio-dia sei:
A distância do meu corpo ao teu grito
corresponde à do teu sopro ao meu ouvido -
eis a anatomia do silêncio

De tarde fico exausta:
Circulo pelas ruas e roço-me nas praças

À noite adormecemos:
Será que te lembras? Será que me lembro?

Amanhã alegro-me de novo:
Imagino a floresta, parto o espelho
e recomeço a ir ao teu encontro

Teresa Balté
 
 


Sem rumo ......



Por este rio sem rumo
singrando as águas escuras,
atrás das visões mais puras,
vou...
Hoje já nem me importa o porto
só me importa o amor.
Pintei meu barco de céu.
Vou sem destino ao léu
levado pela corrente
em busca apenas de que
encontre qualquer lugar
que possa me compensar
da saudade de você!



LÍLIA TAVARES, in PARTO COM OS VENTOS (Kreamus, 2013)



É por ti que se enchem os rios
de carpas azuis,
de águas que querem saltar
pela minha janela.
Como é belo este silêncio ilimitado
quando nas copas redondas das árvores
o teu nome me chama.
Pedi-te que apagasses a lua
e que nos campos tacteando te encontrasse.
Sei-te na aurora, por isso não temo
e agora a lanterna dos dias pode
por fim ficar em ventos de abraços.
Voam aves dentro dos teus sonhos
como memórias de pétalas acordadas.
Ficas ancorado dentro do meu tempo.
Não há saudade nem solidão
que se não derrube.





I'm Outta Love








SI ME DAS A ELEGIR ( ME QUEDO CONTIGO) ....





no title 138

sábado, 22 de junho de 2013

Almeida Garrett /// Este inferno de amar !




Este inferno de amar — como eu amo!
Quem mo pôs aqui n’alma… quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida — e que a vida destrói —
Como é que se veio a atear,
Quando — ai quando se há-de ela apagar?
Eu não sei, não me lembra; o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez… — foi um sonho —
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar…
Quem me veio, ai de mim! despertar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei… dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Que fez ela? Eu que fiz? — Não não sei
Mas nessa hora a viver comecei…

Almeida Garrett

sexta-feira, 21 de junho de 2013

São Reis /// Nua , a noite…

Nua , a noite…



« ... se prometeres acender as estrelas e cobrires a minha solidão,

 eu entrego-te a noite nua...» 

Em noites em que a solidão me doi,
procuro no céu as estrelas que me façam
recordar de ti…e do brilho intenso do
teu gaiato sorriso…

Escura a noite , como escura é a minha solidão,
apenas tenuamente iluminadas,
a noite pelo aceso brilho das estrelas
e a minha solidão pelo recordar do teu rosto ,
onde aceso, resplandece o teu sorriso.


No outro lado do oceano, que nos separa sinto-te
a olhar o céu à procura da luz das estrelas
que acendi para ti, para que te cubram a solidão,
em noite cerrada…

Fica a promessa que quando o nosso encontro se der
verás o brilho das estrelas em meu olhar
e então os dois enlaçados nos amaremos
apenas cobertos pela noite nua…

Todas as noites acendo as estrelas para ti,
todas as noites a noite nua me recorda que
é possível cobrir a solidão, enchendo-a plena
do amor que nos une


 São Reis

 



David Mourão-Ferreira /// Noite apressada




Era uma noite apressada
depois de um dia tão lento.
Era uma rosa encarnada
aberta nesse momento.
Era uma boca fechada
sob a mordaça de um lenço.
Era afinal quase nada,
e tudo parecia imenso!

Imensa, a casa perdida
no meio do vendaval;
imensa, a linha da vida
no seu desenho mortal;
imensa, na despedida,
a certeza do final.

Era uma haste inclinada
sob o capricho do vento.
Era a minh'alma, dobrada,
dentro do teu pensamento.
Era uma igreja assaltada,
mas que cheirava a incenso.
Era afinal quase nada,
e tudo parecia imenso!

Imensa, a luz proibida
no centro da catedral;
imensa, a voz diluída
além do bem e do mal;
imensa, por toda a vida,
uma descrença total!

David Mourão-Ferreira

quarta-feira, 19 de junho de 2013

UHF - Menina Estas à Janela




Bia.

São reis /// CONTRASTES





Quem me vê por fora
não imagina o turbilhão
que vai por dentro de mim

Por baixo da aparente calmaria
há uma tempestade que se levanta
um barco que se faz ao mar
dois olhos que conquistam
e se indagam à mínima questão
sentidos alerta ao mínimo ruído

E meus braços....
...meus braços são remos
são ramos
são cais de partida
e porto de chegada

E o resto do meu corpo
é talvez aquela enseada
onde se descansa
quando o mar se altera
onde se procura a paz
enquanto se espera

Posso ser tantas coisas
que não digo
ser penitência e ser castigo
ser oração e refúgio
ser paz, ser contra senso
ser barco, ser vela
noite, dia e estrela

Serei também e talvez uma brisa
que teima em passar
quando ficas à janela
poderei ser flor que se desprende
e te acaricia

E poderei finalmente ser
aquela companhia
que nunca se quis
mas sempre se desejou
aquela por quem o coração não torce
mas que não se consegue

esquecer...
 
 
São reis
 
 
 

Miguel Torga /// ROGO



Não. Não tenho limites.
Quero de tudo.
Tudo.
O ramo que sacudo
Fica varejado.
Já nascido em pecado,
Todos os meus pecados são mortais.
Todos são naturais
À minha condição,
Que quando, por excepção,
Os não pratico
É que me mortifico.
Alma perdida
Antes de se perder,
Sou uma fome incontida
De viver.
E o que redime a vida
É ela não caber
Em nenhuma medida

Coimbra, 2 de Março de 1979

:þ
In Diário XIII


terça-feira, 18 de junho de 2013

POEMA SEXAGÉSIMO SÉTIMO (excerto)

POEMA SEXAGÉSIMO SÉTIMO (excerto)
*

Em ti, posso mudar a esperança, a serenidade
e o imenso cansaço crescendo
dos meus braços para o mar,
entrando depois pelo teu corpo
para acender lentamente
o fogo
e pronunciar
a oração do fogo.

O que escrevo,
há muito retirei da tua voz,
esse rio que transborda em mim,
cujas margens sou eu, este eu abnegado e lutador,
capaz de florir uma alegria jovem enquanto
o fogo arde.
Não é uma coisa admirável
co
mpartilhar o mesmo leito, como


Mãozinha Marota...

duas gaivotas felizes
embasbacadas de azul?




De : Charles Mirielle /// Nua e tua...

.
Nua e tua...


Te aquieto em meus abraços, na paixão embriagante
que seduz as madrugadas de verão.

Deixo em tua face, um toque aveludado
como a beleza inabalável de uma flor primaveril.

Abro minhas mãos e te assopro uma canção
que colhi nos ventos outonais.

Eu beijo teus lábios com a consistência silenciosa
do orvalho nas manhãs de inverno.

E te trago em versos de amor de uma poesia nua !
Porém intensa de alma e completamente tua.

Eu te amo...
Em tudo que é tempo, em tudo que é sentido,
em tudo que é vida !


Charles Mirielle

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Maria Teresa Horta /// Segredo de ti


Segredo de ti


Tenho segredo de
ti
meu amor de meu invento

convento onde te
fecho
com o meu corpo lá dentro

Tenho segredo de
ti
onde me prendo e me deito

e onde te roubo
as mãos
para as pôr sobre o meu peito.
 

domingo, 16 de junho de 2013

Augusto Branco // Vida

Vida
Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.

Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas
que eu nunca pensei que iriam me decepcionar,
mas também já decepcionei alguém.

Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
e amigos que eu nunca mais vi.

Amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.

Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
e quebrei a cara muitas vezes!

Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).

Mas vivi!
E ainda vivo!
Não passo pela vida.
E você também não deveria passar!

Viva!!

Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é muito para ser insignificante.

 Augusto Branco


Marcia.








Penélope

Penélope

mais do que um sonho: comoção! 

 sinto-me tonto, enternecido, 
 quando, de noite, as minhas mãos 
são o teu único vestido. 
e recompões com essa veste, 

 que eu, sem saber, tinha tecido,
 todo o pudor que desfizeste 
 como uma teia sem sentido; 
 todo o pudor que desfizeste 
 a meu pedido. 
mas nesse manto que desfias, 

 e que depois voltas a pôr,
 eu reconheço os melhores dias 
 do nosso amor.




 


“Todas as noites acendo as estrelas para ti.” Hamilton Afonso"

Para ti…

“Todas as noites acendo as estrelas para ti.” Hamilton Afonso"



Acende-se a noite com as estrelas dos teus olhos
e sinto que me pertencem
todas as constelações do universo
Sei que é para mim
que adornas o céu
com flores de luz
quando a noite está nua e mais fria.
É por mim
que clamam os teus olhos
e que brotam sorrisos no teu rosto
Sei que são meus
os teus braços, os teus abraços
e os beijos
que secretamente guardas
no esconderijo dos lábios.
Sei que em ti posso mitigar
o cansaço dos dias
ou as mágoas da vida…
no porto seguro do teu colo
ou na fortaleza do teu peito.
Sei e sinto que me amas e me queres
com a mesma intensidade
com que te quero e amo.

E em breve, meu amor ,
a saudade tornar-se-á encontro
a distância anular-se-á na força do abraço
e juntos provaremos um ao outro
que é tão ténue a barreira que nos separa
face à imensidão do amor que nos une.



© 2013 Micro

sábado, 15 de junho de 2013

De : Maria do Rosário Pedreira

Não tenho planos, nem promessas, nem
filhos que nos convidem para almoços
de domingo – a minha ideia de família
resume-se a um retrato velho preso numa
gaveta; e do amor possível sei tão-só

o que li nos romances que nos salvaram
da desordem quando o meu tempo
andava de ferida em cicatriz. Mas guardo
ainda muitos por estrear para essa estante

que ergueste no corredor como uma casa
nova. Trago portas abertas no coração:

se ainda não sabias, és muito bem vindo.

Maria do Rosário Pedreira, in "poesia reunida" quetzal, 2012
 
 
 

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Gibran Kahlil Gibran /// Amai-vos....




Amai-vos um ao outro,
mas não façais do amor um grilhão.

Que haja, antes, um mar ondulante
entre as praias de vossa alma.

Enchei a taça um do outro,
mas não bebais da mesma taça.

Dai do vosso pão um ao outro,
mas não comais do mesmo pedaço.

Cantai e dançai juntos,
e sede alegres,

mas deixai
cada um de vós estar sozinho.

Assim como as cordas da lira
são separadas e,
no entanto,
vibram na mesma harmonia.

Dai vosso coração,
mas não o confieis à guarda um do outro.

Pois somente a mão da Vida
pode conter vosso coração.

E vivei juntos,
mas não vos aconchegueis demasiadamente.

Pois as colunas do templo
erguem-se separadamente.

E o carvalho e o cipreste
não crescem à sombra um do outro.


Gibran Kahlil Gibran

Joaquim Pessoa /// O Amor é o Elixir da Juventude






O amor é uma casa.
 Erguida com os beijos, com os versos da noite
e o gemido das estrelas.
 Casa cujas paredes vestem o nosso júbilo,
 a nossa intuição, a nossa vontade, sobretudo o nosso instinto
 e a nossa sabedoria. Onde se acende e brilha
a luz suplicante da pele comprometida dos amantes.
 O amor é um gigantesco pequeno mistério,
 uma estranha generosidade que faz com que,
 quanto mais damos, com mais ficamos para dar. 
Só o amor é o elixir da juventude. 

Joaquim Pessoa, in 'Guardar o Fogo'






quinta-feira, 13 de junho de 2013

Helena Guimaraes // A ROSA

A ROSA

A rosa que me deste murchou,
apesar da água que lhe pus.

Era cor de rosa como o dia
ao amanhecer da Primavera.
Da sua haste alta me sorria
nimbada de sonho e quimera.

Mergulhava o longo pé naquela jarra
de cristal fino e transparente,
lentamente, à luz debrochava
lançando no ar aroma quente.

Deste-ma junto ao rio, num serão ,
entre dois copos de fragante vinho.
Um poema de Florbela vestia o botão
e no teu gesto, suave carinho.

Eu sorri do romantismo...
- os músicos tocavam anos sessenta.
Na nossa idade é revivalismo
querer prender o tempo que se ausenta.

Mas gostei do gesto e da poesia
que li , ao pôr na água a flor,
e do suave cheiro a maresia
que trazia o vento ao sol - pôr.

De. Helena Guimaraes
Do livro Manhãs de Setembro / 1996




quarta-feira, 12 de junho de 2013

Pablo Neruda,

Porém
se todos os dias,
a toda a hora,
te sentes destinada a mim
com doçura implacável,
se todos os dias uma flor
uma flor te sobe aos lábios à minha procura,
ai meu amor, ai minha amada,
em mim todo esse fogo se repete,
em mim nada se apaga nem se esquece,
o meu amor alimenta-se do teu amor,
e enquanto viveres estará nos teus braços
sem sair dos meus.

Pablo Neruda,

 




 

Casimiro de Abreu /// Borboleta



Borboleta dos amores,
Como a outra sobre as flores,
Porque és volúvel assim?
Porque deixas, caprichosa,
Porque deixas tu a rosa
E vais beijar o jasmim?

Pois essa alma é tão sedenta
Que um só amor não contenta
E louca quer variar?
Se já tens amores belos,
P'ra que vais dar teus desvelos
Aos goivos da beira-mar?

Não sabes que a flor traída
Na débil haste pendida
Em breve murcha será?
Que de ciúmes fenece
E nunca mais estremece
Aos beijos que a brisa dá?...

Borboleta dos amores,
Como a outra sobre as flores,
Porque és volúvel assim?
Porque deixas, caprichosa,
Porque deixas tu a rosa
E vais beijar o jasmim?!

Tu vês a flor da campina,
E bela e terna e divina,
Tu dás-lhe o que essa alma tem;
Depois, passado o delírio,
Esqueces o pobre lírio
Em troca duma cecém!

Mas tu não sabes, louquinha,
Que a flor que pobre definha
Merece mais compaixão?
Que a desgraçada precisa,
Como do sopro da brisa,
Os ais do teu coração?

Borboleta dos amores,
Como a outra sobre as flores,
Porque és volúvel assim?
Porque deixas, caprichosa,
Porque deixas tu a rosa
E vais beijar o jasmim?

Se a borboleta dourada
Esquece a rosa encarnada
Em troca duma outra flor;
Ela - a triste, molemente
Pendida sobre a corrente,
Falece à míngua d'amor.

Tu também minha inconstante
Tens tido mais dum amante
E nunca amaste a um só!
Eles morrem de saudade,
Mas tu na variedade
Vais vivendo e não tens dó!

Ai! és muito caprichosa!
Sem pena deixas a rosa
E vais beijar outras flores;
Esqueces os que te amam...
Por isso todos te chamam:
- Borboleta dos amores

!

Casimiro de Abreu





domingo, 9 de junho de 2013

Helena Guimarães /// Insónia...

Nas noites de insónia
converso contigo.
Questionas a eito
com esse teu jeito.
e eu, como a um amigo,
confio-te ainda
os meus pensamentos,
partilho momentos.
Analisas meus medos,
escutas segredos,
mas não vês o rio
que corre pelas faces,
nem sentes o frio
da falta do abraço.
Este ténue laço
de que tenho uma ponta,
solitária e tonta,
flutua a outra no espaço
sem tua mão, sem teu calor.
Porque nos perdemos, amor?

Helena Guimarães







sábado, 8 de junho de 2013

Eugénio de Andrade /// Na orla do mar




Na orla do mar,
no rumor do vento,
onde esteve a linha
pura do teu rosto
ou só pensamento
- e mora, secreto,
intenso, solar,
todo o meu desejo -
aí vou colher
a rosa e a palma.
Onde a pedra é flor,
onde o corpo é alma.

Eugénio de Andrade

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Ester Cid // Sou o que sou...


Sou o que sou
e quero ser assim
dou-me em palavras
saídas de mim
(e)
tu por vezes tiras-me do serio
perder as estribeiras e até a razão
escrevo o que sinto
sou olhar (a)braços sou coração

não quero pertencer aquela escola
quero o que é meu
a nenhum " grande"vou pedir esmola
sei o que quero
por onde caminhar
sei que sou gente
pelo que quero lutar

sei que só podemos voar livremente
se o fizermos colectivamente
quero que sintas
neste caminho para a liberdade
para trás não te vou deixar
vamos em frente
acompanha-me no meu voar
temos à espera a nossa gente.

Ester Cid.






 Pintura:VAN GOGH




terça-feira, 4 de junho de 2013

José Luis Peixoto / O teu rosto...



o teu rosto à minha espera, o teu rosto
a sorrir para os meus olhos, existe um
trovão de céu sobre a montanha.

as tuas mãos são finas e claras, vês-me
sorrir, brisas incendeiam o mundo,
respiro a luz sobre as folhas da olaia.

entro nos corredores de outubro para
encontrar um abraço nos teus olhos,
este dia será sempre hoje na memória.

hoje compreendo os rios. a
idade das


Beam Me Up
rochas diz-me palavras profundas,
hoje tenho o teu rosto dentro de mim.

, in A Casa, A Escuridão




segunda-feira, 3 de junho de 2013

David Mourão-Ferreira // Rangia entre nós dois a música da areia




Rangia entre nós dois a música da areia
como se fosse Agosto a dedilhar um sistro
Agora está fechada a casa onde te amei
onde à noite uma vez devagar te despiste

Floresça o clavicórdio em pleno mês de Outubro
Na harpa de Setembro entrelaçou-se a vinha
A que vem de repente entre os dois este muro
feito de solidão de sal de marés vivas

Podia conjurar-te a que não me esquecesses
mas é longe do Mar que os navios são tristes
De que serve o convés com a sombra das redes

Quis a tua nudez. Não quis que te despisses

David Mourão-Ferreira

domingo, 2 de junho de 2013

FRANCISCO VALVERDE ARSÉNIO // A COR DOS TEUS OLHOS!



Se o infinito fosse azul
para que serviria a cor dos teus olhos?

Há palavras,
faço palavras,
e elas fundem-se nos sonhos do poeta.

Folhas secas ou em branco,
varridas pelo vento ou desprovidas da caneta,
e uma noite escura,
e uma madrugada de prata,
e um dia de abraços.

E novamente a cor dos teus olhos,
e o medo que as estrelas te roubem o brilho,
e que o mar te vista de mil ondas.

Fecho-me nas lágrimas vertidas contigo
ou na tua ausência;
fico-me na espera
ou de espera,
fico-me no tempo que fazemos nosso tempo.

E novamente a cor dos teus olhos,
e os pássaros roucos de tanto cantar,
e há perfumes que te levam e trazem,
e há a lua que se pintou da cor dos meus cabelos…

Ah! Essa cor dos teus olhos.



Foto: FRANCISCO VALVERDE ARSÉNIO     A COR DOS TEUS OLHOS!    Se o infinito fosse azul  para que serviria a cor dos teus olhos?    Há palavras,  faço palavras,  e elas fundem-se nos sonhos do poeta.    Folhas secas ou em branco,  varridas pelo vento ou desprovidas da caneta,  e uma noite escura,  e uma madrugada de prata,  e um dia de abraços.    E novamente a cor dos teus olhos,  e o medo que as estrelas te roubem o brilho,  e que o mar te vista de mil ondas.    Fecho-me nas lágrimas vertidas contigo  ou na tua ausência;  fico-me na espera  ou de espera,  fico-me no tempo que fazemos nosso tempo.    E novamente a cor dos teus olhos,  e os pássaros roucos de tanto cantar,  e há perfumes que te levam e trazem,  e há a lua que se pintou da cor dos meus cabelos…    Ah! Essa cor dos teus olhos.





Esculpi...../ R R

Tu

Esculpi a tua imagem
Com as folhas do vento…
Saboreei o teu mar
Da maresia
Que veio até mim
Das madrugadas
Vindouras
Trazidas do teu oceano
Salgado…
Afaguei o teu abraço
Da areia trazida
Do sonho
Embalado na fúria
Do luar
Emergi das ondas
Do teu luar
E embalei
De encontro ao
Teu abraço
Trazido do ar que respiro

RR


Bryanna.