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sábado, 9 de março de 2013

POEMA QUADRAGÉSIMO SEXTO


 
 

 
    Peço-te. Não pises as violetas
    que trago no olhar.
 
    Falemos dos brilhos estilhaçados
    desta casa súbita que é o teu corpo
    devoluto. A noite devora as palavras possíveis,
    o sofrimento que pulsa em tua boca
    e torna a minha boca vulnerável.
    O amor é um nada que a liberta, uma luz
    que desce dos ombros para o ventre
    e fecunda as sementes da tua virgindade,
    essa que faz agora parte de uma dor quase
    amigável, na lividez do tempo,
    e que entregas em minhas mãos, beijando-as,
    tornando-te parte dos meus versos, da
    minha forma mais profunda de gostar
    de ti.
 
    Amar-te, é escrever-te.
    Amar-te é deixar que me toques até ser teu,
    até que te deites no meu corpo e adormeças
    inteira dentro de mim.
 
    Peço-te. Não pises as violetas
    que trago no olhar. Cheiram a ti. São para ti.
    Um "bouquet" de palavras que floriram
    neste tempo de amor.
 
 
 
 
 

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