Ainda que a voz do mar
salpique de lendas o corpo dos búzios
e a espuma se derrame no ventre das areias felizes
ainda que asas
desenhem o azul
num céu sem horizontes
ainda que as amendoeiras
continuem a sorrir em cada primavera
e o rubor das amoras
desenhem bocas sequiosas
ainda que as estrelas palpitem
no ventre desnudo da noite
ainda que as manhãs acordem
na vertigem da luz
e no rumor das rosas a florir
ainda que beijos silvestres
se grafitem nos muros da cidade
ainda que os desertos
se saciem de ansiadas sombras
ainda que…
apenas gritarei a tua ausência
em cada fim de tarde.
Sem comentários:
Enviar um comentário