Quando por fim voltares, traz no olhar
a nesga de areal onde algum dia
te encontrei entre a espuma e a maresia,
passeando a surpresa de haver mar.
Traz também nos cabelos o luar
e deixa que o veneno da poesia
nos envenene aos dois em sintonia,
como exige o mistério do lugar.
Talvez assim eu possa finalmente
segredar-te as palavras que não soube
dizer-te no momento em que te vi
pela primeira vez e, de repente,
o mundo foi tão grande que não coube
na minha voz e logo emudeci.
1 comentário:
é lindissimo, esse soneto do Torquato.
estive indecisa entre ele e o "piano".
optei pelo último porque foi o que ele primeiro me cedeu, quando lhe pedi licença.
faz muito tempo. foi no "decifrar".
eu gostava dessa Pessoa.
fiquei triste.
beijo.
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