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segunda-feira, 25 de março de 2013

ÊXTASE Cecília Meireles

 
Deixa-te estar embalado no mar noturno
onde se apaga e acende a salvação.
 
Deixa-te estar na exalação do sonho sem forma:
em redor do horizonte, vigiam meus braços abertos,
e por cima do céu estão pregados meus olhos, guardando-te.
 
Deixa-te balançar entre a vida e a morte, sem nenhuma saudade.
Deslizam os planetas, na abundância do tempo que cai.
Nós somos um tênue pólen dos mundos. . .
 
Deixa-te estar neste embalo de água gerando círculos.
 
Nem é preciso dormir, para a imaginação desmanchar-se em figuras ambíguas.
 
Nem é preciso fazer nada, para se estar na alma de tudo.
 
Nem é preciso querer mais, que vem de nós um beijo eterno
e afoga a boca da vontade e os seus pedidos. . .
 
 

 
 
 
 

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