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segunda-feira, 11 de março de 2019

Luis Miguel Nava





Ficávamos no quarto até anoitecer, ao conseguirmos

situar num mesmo poema o coração e a pele quase podíamos
erguer entre eles uma parede e abrir
depois caminho à água.

Quem pelo seu sorriso então se aventurasse achar-se-ia
de súbito em profundas minas, a memória
das suas mais longínquas galerias
extrai aquilo de que é feito o coração.

Ficávamos no quarto, onde por vezes
o mar vinha irromper. É sem dúvida em dias de maior
paixão que pelo coração se chega à pele.
Não há então entre eles nenhum desnível.


Luis Miguel Nava   


Pintura /    Henrique Pousao© - Cecília, 1882

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