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terça-feira, 12 de março de 2019

de Manuel Maria Barbosa du Bocage.






A Agua - Poema de Bocage
"A Água",
de Manuel Maria Barbosa du Bocage.

Um clássico da literatura portuguesa
"A Água"
Meus senhores eu sou a água
que lava a cara, que lava os olhos
que lava a rata e os entrefolhos
que lava a nabiça e os agriões
que lava a piça e os colhões
que lava as damas e o que está vago
pois lava as mamas e por onde cago.

Meus senhores aqui está a água
que rega a salsa e o rabanete
que lava a língua a quem faz minete
que lava o chibo mesmo da raspa
tira o cheiro a bacalhau rasca
que bebe o homem, que bebe o cão
que lava a cona e o berbigão.

Meus senhores aqui está a água
que lava os olhos e os grelinhos
que lava a cona e os paninhos
que lava o sangue das grandes lutas
que lava sérias e lava putas
apaga o lume e o borralho
e que lava as guelras ao caralho

Meus senhores aqui está a água
que rega rosas e manjericos
que lava o bidé, que lava penicos
tira mau cheiro das algibeiras
dá de beber ás fressureiras
lava a tromba a qualquer fantoche e
lava a boca depois de um broche.

de Manuel Maria Barbosa du Bocage.

Manuel Maria Barbosa du Bocage
Nascimento15 de setembro de 1765
Reino de Portugal SetúbalPortugal
Morte21 de dezembro de 1805 (40 anos)
Reino de Portugal LisboaPortugal
NacionalidadeReino de Portugal português
OcupaçãoPoeta
MovimentoliterárioNeoclassicismo


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