A Agua - Poema de Bocage
"A Água",
de Manuel Maria Barbosa du Bocage.
Um clássico da literatura portuguesa
"A Água"
Meus senhores eu sou a água
que lava a cara, que lava os olhos
que lava a rata e os entrefolhos
que lava a nabiça e os agriões
que lava a piça e os colhões
que lava as damas e o que está vago
pois lava as mamas e por onde cago.
Meus senhores aqui está a água
que rega a salsa e o rabanete
que lava a língua a quem faz minete
que lava o chibo mesmo da raspa
tira o cheiro a bacalhau rasca
que bebe o homem, que bebe o cão
que lava a cona e o berbigão.
Meus senhores aqui está a água
que lava os olhos e os grelinhos
que lava a cona e os paninhos
que lava o sangue das grandes lutas
que lava sérias e lava putas
apaga o lume e o borralho
e que lava as guelras ao caralho
Meus senhores aqui está a água
que rega rosas e manjericos
que lava o bidé, que lava penicos
tira mau cheiro das algibeiras
dá de beber ás fressureiras
lava a tromba a qualquer fantoche e
lava a boca depois de um broche.
de Manuel Maria Barbosa du Bocage.
Manuel Maria Barbosa du Bocage | |
Nascimento | 15 de setembro de 1765![]() |
Morte | 21 de dezembro de 1805 (40 anos)![]() |
Nacionalidade | ![]() |
Ocupação | Poeta |
Movimentoliterário | Neoclassicismo |

Sem comentários:
Enviar um comentário