cinzas...
Fico, depois, branco, a teu lado,
sereno, alheio e, para cúmulo,
empedernido de cansado:
estátua jacente sobre o túmulo
do meu próprio passado.
Estaco ante o sono a recear
que por meus lábios alguém diga
o que ficou num fundo mar,
o que pertence à história antiga.
Mas, como um anjo, tu te inclinas
sobre o meu sono de acordado:
e dispersas as cinzas
do passado.
David Mourão-Ferreira
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