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sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Castro Alves

Noite de amor





Passava a lua pelo azul do espaço...

De teu regaço A namorar o alvor!
Como era tema no seu brando lume...
Tive ciúme De ver tanto amor


Como de um cisne alvinitentes plumas

Iam as brumas
a vagar nos céus, Gemia a brisa ?
Perfumando a rosa ?
Terna, queixosa Nos cabelos teus


Que noite santa! Sempre o lábio mudo

A dizer tudo
A suspirar paixão
De espaço a espaço ?
um fervoroso beijo


E após o beijo

E tu dizias ? "Não!... "
Eu fui a brisa, tu me foste a rosa,
Fui mariposa ?
Tu me foste a luz! Brisa ?


Beijei-te; mariposa ?

ardi-me, E hoje me oprime
Do martírio a cruz
E agora quando na montanha o vento
Geme lamento


De infinito amor,

Buscando debalde te escutar as juras
Não mais venturas...
Só me resta a dor.


Seria um sonho aquela noite errante?...

Diz, minha amante!...
Foi real... bem sei...
Ai! não me negues...


Diz-me a lua, o vento

Diz-me o tormento...
Que por ti penei!




(Castro Alves)







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