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terça-feira, 4 de outubro de 2016

Fernando Campos de Castro




SE TODAS AS MANHÃS

...


Se todas as manhãs fossem assim...

Em pedaços o céu a entrar no quarto
e um bater de asas a roçar as palpebras


Estirar - me e abrir- me 

no prado verde claro dos teus olhos
a lavar- me de orvalho
no teu corpo quente e nacarado


Se todas as manhãs fossem assim...

pétala a pétala morder- te
curva a curva moldar- te
poro a poro sorver-te e excitar-te 
num deleite e delírio de carne
à espera da glande


Se todas as manhãs fossem assim...

Um risco a rasgar o linho do lençol
em mel e sangue



Fernando Campos de Castro
Do livro Violação da Noite/Poemas pag 71
Maio 2000  












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