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quarta-feira, 5 de outubro de 2016

JORGE BRANDÃO





QUEM ESTÁ AÍ?



Quem está aí? És tu? Adivinho-te ao longe, ao frio do Universo, despida dos meus braços... na espuma das ...ondas que batem no horizonte. Adivinho-te quando me cegas e eu olho o Sol, e dele sais para me aquecer a angústia... Adivinho a dor das tuas mãos vazias por entre o nevoeiro cerrado, que não deixa ver as tuas lágrimas... Adivinho o teu sorriso quando fecho os olhos e estás dentro deles. Sinto o vento dos teus cabelos numa dança líquida encher as velas do meu navio encalhado, na sombra do Infinito... /Ainda estás aí? Vem, estou aqui! Ouve o meu grito de náufrago do tempo , inunda o meu rio ressequido com o feitiço da tua chuva... Irei ter contigo, numa correria louca! Com medo que fujas para a cave dos meus sonhos por sonhar, de onde vieste!... Quero encontrar-te, e mostrar as minhas mãos , e oferecer-te as carícias que trago nos meus dedos. Quero mostrar-te como o meu coração bate, e como estava cansado de não bater... Quero que vejas os meus olhos pequenos a crescer... Vem ser a sereia do meu mar profundo, a Princesa dos meus versos. Faltam-me palavras nos livros, e livros nas palavras que te quero escrever com a voz, ao ouvido. Baixinho, como a água cristalina de um regato tímido...  

JORGE BRANDÃO 

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