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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Florbela Espanca /// Da minha janela



Da minha janela



Mar alto!

Ondas quebradas e vencidas
Num soluçar aflito e murmurado.

Ovo de gaivotas,
leve,
imaculado,
Como neves nos píncaros nascidas!

Sol!

Ave a tombar,
asas já feridas,
Batendo ainda num arfar pausado.

Ó meu doce poente torturado
Rezo-te em mim,
chorando,
mãos erguidas!

Meu verso de Samain cheio de graça,
Inda não és clarão já és luar
Como branco lilás que se desfaça!

Amor!

Teu coração trago-o no peito...

Pulsa dentro de mim como este mar
Num beijo eterno,
assim,
nunca desfeito!..
.



Florbela Espanca

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