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segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Nuno Júdice

 Nuno Júdice

*
Posso beber o amor pelo copo dos teus lábios?
O disco chega ao fim; um ruído de rua entra pela janela;
não sei se ainda é dia,
ou se a noite começa.
Mas o mundo não interfere no equilíbrio frágil
das nossas vidas. Este copo não se esvazia; e
os teus olhos levam-me à fronteira
do sonho, para que a passe, e entre
contigo num país de nuvem. O meu passaporte
são as tuas mãos; o mapa que nos guia,
a respiração incerta do desejo.
«Por isso me perco», dizes.
«Por isso te encontro», respondo.
E a noite que nos separa é o dia que nos reúne.




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