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sexta-feira, 18 de março de 2022

Vasco de Lima Couto

 

O que me atormenta 
é não saber ver 
o que está por dentro 
de todas as coisas 
de todos os seres 
(só crio caixilhos 
para os meus prazeres!); 
é não ter palavras 
para a natureza 
que é sempre essa alma 
lavada em silêncio; 
é estar sempre certo 
de falar demais 
cometendo crimes 
de imaginação; 
é não ter amigos 
- por desatenção, 
e não ter amor 
- por pedir de mais! 
É chegar à noite 
com dia na alma 
a fazer da lua 
o sol que apetece...

e, principalmente, 
o que me atormenta 
é o que me esquece.


Vasco de Lima Couto





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