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quinta-feira, 31 de março de 2022

de Isabel de Sousa (Luadiurna)

 No fundo dos teus olhos


Anoiteço no fundo dos teus olhos
e na noite, sub-repticiamente
instala-se a cortina do silêncio

Emolduro o teu rosto
no cansaço dos dias baços
e procuro-te na luz maior
de todas as constelações e de todas as criações

no fundo dos teus olhos
é que as palavras se entrelaçam
em dedos de ternura e afagos consentidos

É no fundo dos teus olhos
que amanhecem os dias solares
clandestinos na alma da cidade

as gaivotas
invertem o sentido do vôo

o meu desejo

anoiteço no fundo dos teus olhos

e é no fundo dos teus olhos

que amanheço

de Isabel de Sousa (Luadiurna)



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